Após cinco anos no escuro, a franquia Deus Ex brilha novamente com Mankind Divided. A história se passa 2 anos após Human Revolution, e nos coloca novamente na pele de Adam Jensen, dessa vez melhor, e com maiores problemas para resolver neste novo RPG.
De pára-quedas na história?
Se você não jogou os games anteriores de Deus Ex, não vai ter muito problema em começar com esse. Logo no começo do game, temos uma cutscene de aproximadamente 12 minutos resumindo toda a historia da franquia.
Apesar de ser uma tentativa confusa de resumo, ela te situa muito bem no universo do jogo, e o que você fará dali pra frente. No fim, o básico que você precisa saber é que houve um ataque terrorista orquestrado, onde humanos aprimorados inconscientemente mataram milhares de humanos normais.
Assim a humanidade se dividiu, e as leis se tornaram rígidas, além de desconfiança e discriminação contra os aprimorados. Você é um deles, já tentou salvar a humanidade antes, mas não deu muito certo. Partimos daí, 2 anos depois.
Trailer de lançamento:
Um mundo sombrio e maravilhoso
Visualmente, Mankind Divided agrada muito, apesar de não ser a coisa mais bonita do mercado hoje em dia. A direção de arte permanece a mesma de seu antecessor, mas agora com uma atmosfera mais sombria.
Contamos com um mundo semiaberto, com uma pequena área principal onde andamos livremente, visitamos pontos de interesse, e realizamos missões. Além de viajar para outras pequenas áreas para cumprir missões principais.
Mas apesar de parecer pequeno e apertado, a ambientação é muito rica, os NPC’s são vivos e fazem você se importar com o que está acontecendo ao seu redor. Há muitos becos, passagens secretas, pontos para hackear, e lugares escondidos para acessar, que te farão gastar horas apenas se divertindo com a exploração.
Envelhecido, mas renovado
Para quem já estava acostumado com a mecânica de Human Revolution, Mankind Divided será fácil de dominar. Mas essa moeda tem dois lados.
A mecânica de gameplay é reaproveitada do seu antecessor, apesar de um pouco reformulada. A variedade de aproximação, o Stealth em terceira pessoa, as animações de execuções estão todas ali novamente. Mas encaixando o que foi visto há 5 anos em um game atual, faz as mecânicas parecerem defasadas, e comprometem nosso flow.
Por exemplo, para executar um inimigo furtivamente, o game vai carregar uma cena pré-renderizada de animação, e depois retomar dali depois da sua execução. Esses pequenos tempos de loading comprometem sua experiência.
As animações do Jensen, inimigos e movimentação são todos plásticos, e bem “duros”. Leva um tempo para se acostumar com tudo e incomoda se você é novo na franquia. Nada que umas horas de jogo não te façam esquecer.
A performance do game na versão testada para consoles ainda é um pouco pobre. Temos muitas quedas de framerate, inconsistência de ambiente, e bugs com movimentação e colisão de objetos que fazem evidente a necessidade de mais polimento no jogo todo.
Ele ainda está rodando pesado, e pela a sua qualidade visual, muitos problemas não deveriam estar acontecendo. A Square já anunciou um patch de correção para dar um jeito na maioria desses problemas.
Por outro lado, Jensen é bem equipado, e tem uma variedade de habilidades para o jogador escolher, e prosseguir da forma que achar melhor. Temos total liberdade para atravessar o game furtivamente, tocando o terror, unindo o melhor dos dois mundos, e escolhendo nossos caminhos.
Há uma variedade enorme de abordagens nas missões, e escolhas de diálogos que vão afetar a maneira como a história prossegue de forma diferente para cada jogador. Suas escolhas, suas experiências, seu Deus Ex.
Sem encheção de linguiça
As missões secundárias são tão envolventes quanto a trama principal. Cada uma delas tem uma trama bem contada, um objetivo bem definido, e algo diferente para fazer, além de suas escolhas afetarem o desfecho de todas elas.
Elas são bem diferentes do que estamos acostumados a ver nos games de hoje em dia, em que os objetivos secundários são sempre os mesmos e o que muda é o texto de diálogo ou objeto a coletar.
Essas missões complementam a trama. Você se diverte, e até se preocupa em fazê-las, para aproveitar o game e seu universo por completo. A curiosidade é despertada o tempo todo, e você fica ansioso por saber que fim cada missão terá.
Trilha Sonora
A trilha sonora de Mankind Divided é bem construída para cada situação. Mas ela se torna realmente memorável em cutscenes mais elaboradas e em momentos canônicos.
Você pediu por isso?
Por fim, Deus EX Mankind Divided cumpre bem o seu papel de reviver a franquia, trazer fãs de longa data de volta à ativa de maneira nostálgica, e consegue abraçar um novo público sem obrigá-los a conhecer todo o seu universo anterior para mergulhar nele.
É muito mais bem aproveitado se você conhece tudo o que aconteceu nos outros games, já que vários acontecimentos e pessoas são citadas o tempo todo. Mas nada que comprometa a experiência do pessoal de primeira viagem.
Com falta de polimento, alternância constante entre cenas pré-renderizadas de diálogo, e animações plásticas, o game não é a coisa mais perfeita do mundo.
Mas com algumas horas de jogo (e quem sabe um patch de correção), tudo fica bem familiar e incomoda menos. Se o gameplay não entrega tudo aquilo que poderia, a história com certeza vai te prender.
É um excelente RPG com muita liberdade, e um retorno sólido de Adam Jensen no mundo dos games.
Jogo cedido pela Square Enix para a análise. Versão testada: PlayStation 4