Esqueça tudo o que você conhece sobre filmes de super herói. “Logan” é uma experiência completamente diferente de tudo que já foi lançado nos cinemas.
Forte, adulto, chocante e emocionante são qualidades que resumem bem o filme que encerra a atuação de Hugh Jackman como Wolverine.
Ele se passa em 2029, um futuro não tão distante, onde Logan está bastante velho e seu poder de regeneração já não funciona como antes. Ele tenta viver uma vida mais pacata deixando seu passado como X-Men para trás, enquanto cuida da saúde do nonagenário Prof. Xavier.
É hora de fatiar umas pessoas…
Sabemos que a FOX não é conhecida por se ater aos detalhes da cronologia dos X-Men no cinema. De um filme para o outro, vários furos de roteiro surgem e os fãs ficam teorizando sobre como encaixar essas mudanças numa linha temporal que faça sentido. Por exemplo, tentando explicar coisas bizarras como “um personagem negro se tornando branco e anão” nos filmes seguintes…
Sendo assim, o filme “Logan” não tenta corrigir nenhum desses pontos. Ele assume que tudo o que vimos até ali foi bagunçado e nos dá poucas informações sobre o que se passou entre esse filme e os anteriores, mas o que temos é o suficiente para nos situarmos na história.
Ficamos sabendo que os mutantes clássicos já quase não existem mais. No entanto, um grupo de crianças foram modificadas em laboratório para desenvolver poderes. E existem também ciborgues que são humanos modificados com partes robóticas para deter mutantes ou essas crianças.
Logan tenta se esconder de tudo e de todos, mas ele e suas garras sempre acabam deixando rastros. E isso faz com que ele seja localizado e receba, mesmo que a contra gosto, a missão de levar uma menina até um local chamado Éden (ou a fronteira canadense).
E esta é Laura, ou X-23, uma das crianças criadas no laboratório e que possui o DNA e os poderes de Logan. Perseguido pelos ciborgues, Logan é forçado a abandonar seu esconderijo e parte para sua missão.
O filme tem muito drama e cenas tocantes. A interação entre Logan e Xavier, por exemplo, surpreende muito. O alzheimer que Xavier sofre é muito bem retratado quando ele começa a dizer coisas sem sentido e esquecer sua memória recente. E Logan se mostra preocupado cuidando de seu mentor, dando os remédios periódicos enquanto tenta sobrevier aos ataques dos ciborgues.
Os ciborgues, entretanto, não representam muito perigo embora devessem pois foram criados para derrotar mutantes. Sua melhor arma é um clone do Logan, muito mais jovem e com os poderes intactos, que realmente dá trabalho aos protagonistas.
Os ciborgues não são uma grande ameaça…
Logan e Laura também acabam desenvolvendo uma relação de pai e filha. Mesmo que um pouco conturbada no início, logo você percebe o quanto eles se parecem.
Sem falar muito, Laura é bem geniosa e faz as coisas de seu jeito, de maneira bem selvagem e sem se importar com as outras pessoas. Tal como o pai, na hora de combate ela faz movimentos ferozes incríveis que até dá pena dos adversários.
E é realmente divertido ver como eles interagem nas cenas descontraídas. Por exemplo, a Laura convencendo Logan a ir para o Éden é um momento bem único.
Há um sentimento de família entre os personagens principais, coisa que não é muito vista nos filmes anteriores, onde o heroísmo vem sempre em primeiro lugar e não há muita química entre as equipes de X-Men.
O ritmo do filme é muito bem trabalhado, nunca fica maçante e o roteiro flui de forma bem natural. A trilha sonora, mesmo não sendo super marcante, faz bem seu papel. Ela não está apenas jogada e tocando ao fundo, pelo contrário, ela surge nos momentos certos, como recurso narrativo.
O final é um dos momentos mais fortes do filme, mesmo quando você já suspeita que será trágico mas ainda tem esperança que algo de bom realmente aconteça. A morte de Logan é bem triste, não cheguei a chorar quando assisti a cena, mas na sessão em que eu estava pude ouvir muita gente ao redor se comovendo, até os marmanjos!
Então, se você ainda não viu o filme (nem deveria estar lendo isso), leve lenço para o cinema.
O filme foi realmente pensado para um público mais velho. As cenas de luta são bem violentas, como nunca foram antes. Logan realmente atravessa os inimigos com sua garra, arranca pedaços do corpo e cabeças ensanguentadas rolam no chão. Talvez, essa seja a maior influência do sucesso de “Deadpool“, que tinha faixa etária mais alta também.
Não existem grandes problemas no filme, mesmo assim, um fato eu achei bem estranho. Uma das enfermeiras que cuidava de Laura deixa um vídeo em seu celular explicando o que aconteceu no laboratório para Logan assistir. No início, é um vídeo comum, com a enfermeira falando e mostrando seu rosto.
Mas de repente, no mesmo vídeo, começam a aparecer cenas do laboratório narradas pela enfermeira, com ângulos de câmera dramáticos, mostrando crianças sendo maltratadas, e as pessoas que estão fazendo isso não estão se importando de estarem sendo filmadas… É como se a enfermeira tivesse feito um documentário para o canal Discovery, ou tivesse conhecimento de algum programa profissional de edição de vídeo.
Enfim, isso não atrapalha o filme, só destoa um pouco.
Erros comuns da franquia X-Men no cinema não acontecem aqui. Sabe quando você estava vendo o filme, vinha aquela cena que te fazia dizer “Puts… pra quê isso?” e se tornava a primeira coisa que as pessoas lembravam quando comentavam sobre o filme? Exemplo: quando mostram o visual final do Deadpool em “X-Men Origins: Wolverine“.
Então, você não verá esse tipo de coisa em “Logan“. E isso é um grande ponto positivo para a FOX!
Se você é fã de X-Men e do Wolverine não deve perder a chance de assistir “Logan” no cinema. Procure um cinema onde exista o melhor equipamento sonoro pois o trabalho de som neste filme é de alta qualidade, principalmente durante as lutas.
O final do filme deixa brechas para possíveis continuações com a X-23. Mas o que será que a FOX estará planejando? “Logan” já é um grande sucesso de público e crítica, assim, seria bem difícil a FOX abandonar todos os novos personagens apresentados neste filme.
É uma pena que só realmente acertaram a mão num filme do Wolverine no último trabalho de Hugh Jackman com o personagem, mas, valeu a espera? Eu acredito que sim!
- Assistimos o filme por nossa própria conta