O Brasil não é conhecido por filmes de terror. Em geral filmes produzidos aqui tem temáticas bem diferentes. Mas às vezes vemos algumas investidas nesse gênero com é o caso de “O Rastro”, filme de J. C. Feyer que estreou em maio deste ano nos cinemas.
Enredo de “O Rastro“
No filme conhecemos João, um médico escolhido para fazer a remoção de pacientes de um hospital público que está para ser desativado. Caindo aos pedaços, o hospital chega a espantar João. E não somente o lugar está em ruínas como também sua administração.
Durante a transferência dos pacientes, um deles desaparece e João, se sentindo responsável pelo ocorrido, passa a investigar o que aconteceu. E com o passar do filme, ele descobre coisas que jamais deveria ter procurado.
Mesclando terror com crítica social, o filme mostra o descaso com a saúde pública existente no Brasil de uma forma bem coerente. Há um clima de terror real, mesmo com o enredo se passando no Rio de Janeiro.
A fotografia é bem autêntica e imersiva. No entanto, algumas cenas são escuras demais. Há excesso de escuro em lugares que não precisavam ser assim. No apartamento de João, por exemplo, quando ele está jantando está tudo muito escuro para “manter o clima do filme”. Mas numa situação dessas, só faria sentido a escuridão caso não houvesse energia elétrica no local.
Jump Scare
Um bom filme de terror sempre tem cenas de susto, mas “O Rastro” se apoia demais nisso. E são cenas acompanhadas de sons extremamente altos ou gritos agudos. Tem momentos que esses “jump scares” chegam a acontecer em cenas à luz do dia, sem o menor motivo deles estarem ali. No fim, acaba cansando um pouco e sendo mais irritante do que assustador.
De qualquer forma, essa é a primeira produção do gênero de terror de J.C. Feyer. Se por um lado o resultado possa ter sido meio cru, por outro há grande potencial que pode ser aproveitado e evoluído em produções futuras.
Eu aconselho a todos os fãs do gênero de terror conferirem o filme. Não só como incentivo a produção nacional, mas porque ele entrega um resultado final positivo.
O elenco foi bem escolhido. João parece um personagem meio apático no início, mas a partir do momento em que ele começa a descobrir certas coisas no hospital que afetam seu psicológico, ele se torna um personagem interessante e muito bem interpretado por Rafael Cardoso.
Sua esposa, Leila (Leandra Leal), também tem cenas interessante. Aos poucos ela cresce no filme e tem um bom desenvolvimento. Muito do que vimos em João acaba por mudar a forma de Leila agir da metade do filme em diante.
O final consegue ser bem diferente do padrão e se mostra bem criativo, mesmo que alguma cenas do clímax estejam um pouco deslocadas e resolva tudo de forma muito rápida.
Fino no aguardo de mais produções no gênero.
Sobre o hospital
Uma curiosidade interessante é que “O Rastro” inicialmente seria rodado em Minas Gerais, mas uma maternidade desativada há 15 anos no Rio Janeiro serviu muito bem como cenário e acabou virando um personagem dentro do filme.
As condições do local eram tão péssimas que precisou de uma reforma antes das filmagens para aparentar apenas como local mal tratado e não abandonado.
Trailer de “O Rastro”