Os grandes eventos de mostra de cultura pop japonesa em centros de convenções surgiram na segunda metade dos anos 90. De lá pra cá, muitos outros apareceram. Mas um em especial chamou a atenção, que foi o Anime Friends ainda no longínquo ano de 2003.
Ele se consagrou como um dos maiores da América Latina sobre esse tipo de temática por trazer inovações no tipo de atrações. Esse ano completou-se 20 anos de existência de Anime Friends. E nós, do 88milhas, estivemos lá para conferir o que rolou de bom e ruim. Analisamos com um senso crítico imparcial sobre prós e revés do que rolou. Vamos lá?
Prós
Uma das grandes inovações desse ano que eu achei válida e prudente foi a Maru Division (detentora dos direitos da marca Anime Friends) ter colocado ônibus fretados a disposição do grande público para o movimentado terminal Tietê.
Isso garantiu uma segurança para o grande público que ficou a mercê de ônibus e uber no lado de fora do Anhembi. Esse tipo de fretamento também serviu para garantir o conforto do público, visto que os ônibus que saíram da estação Carandiru eram micro e desconfortáveis. Esse fretamento foi uma sacada genial e espero que se repita por mais vezes.
Outro ponto que vale a pena mencionar que foi de muita conveniência foi o fato de terem escolhido um local espaçoso para um grande público. O local escolhido esse ano foi o Centro de Convenções Distrito Anhembi, era climatizado e bem espaçoso.
Como o tempo em São Paulo estava oscilando se teria chuva ou não, muitos do público se sentiram acolhidos por estarem num local coberto. Mesmo que tenha sido num local meio afastado, o espaço deixou o povo meio confortável. E isso pode ser contado como ponto positivo.
Sobre as atrações, tivemos muitos convidados entre dubladores, bandas e artistas. Esse diferencial de trazer muitos artistas japoneses fez com que o empenho em juntar o grande público num local fosse bem visto. Uma dos grandes destaques da música foi a cantora Yumi Matsuzawa, que cantou o tema de Chikiuji no anime Saint Seiya.
A cantora se mostrou familiarizada com o grande público brasileiro e isso foi levado em conta. Essa não foi a primeira vez em que Yumi veio se apresentar no evento e provável que não será a última. O mesmo aconteceu com a banda Flow, que conseguiu levantar a galera em suas apresentações. A banda também já é veterana em terras brasilis e já estava acostumada com o calor brasileiro.
Entre outras atrações, os dubladores dos artistas japoneses que se apresentaram com os atores no palco, Uma qualidade excepcional foi o cuidado da Maru Division em trabalhar com a inclusão do público, durante a palestra dos atores e dubladores, tivemos um intérprete de libras para incluir as pessoas surdas. Esse diferencial fez toda a diferença.
A atriz Mai Oishii não escondeu a emoção ao se encontrar com a dubladora Márcia Gomes. O encontro entre as duas foi um dos momentos mais esperado entre a platéia, assim como o encontro entre Mauro Eduardo e Takumi Tsutsui. Aliás, Takumi é o que chamamos de “arroz de festa”, pois ele sempre retorna ao Brasil para o contato com os fãs.
Apesar de Hiroshi Watari, Takumi Hashimoto e Takumi Tsutsui já terem vindo em outras ocasiões, a presença deles sempre é marcada pela alegria e compreensão com todos os fãs. Tsutsui reconheceu fãs de outras ocasiões e isso mostra o carinho que ele sente pela gente brasileira. Os atores visitaram o Espaço Tokusatsu e tiraram fotos com fãs naquele local em um dos dias.
Essa simpatia só faz a gente nutrir carinho por eles. A interação entre os atores e o cantor e intérprete Ricardo Cruz deixou o povo mais envolto nas palestras. Ricardo Cruz é, além de cantor e amigo pessoal de muitos atores de tokusatsu, é fã dessas séries, o que fez com que ele representasse os fãs brasileiros no palco. Apesar do trio de atores ter brilhado, mas o momento mais esperado foram os das meninas.
Foi a primeira vez de Kiyomi Tsukada, Mai Oishiio e Makoto Sumikawa no Brasil e o carinho que elas receberam dos fãs. Mai Oishii chorou a ver a cosplayer de Change Phoenix e Kiyomi Tsukada pegou um cosplayer de Jaspion civil para fazer uma cena da série com o apoio da dubladora Cecília Lemes. Esperamos que esse carinho que elas receberam tenha sido uma porta aberta para elas virem mais vezes ao Brasil receber esse carinho e trazer outros atores para o Brasil.
A praça de alimentação foi maior nesse evento e teve uma variedade maior. O resultado foi uma ampla quantidade de opção de alimentos bem preparados para o grande público. Inclusive, comida japonesa, que foi uma das atrações dos restaurantes. Tivemos muitos restaurantes tradicionais, como Giraffas, Burger King e McDonalds (admito que eu senti falta do Subway, MAS…). Mesmo assim, a variedade foi bem aceita pelo grande público.
Outro acerto foi a junção da Prefeitura e a Maru Division para levarem crianças carentes de escolas públicas para o evento dando entradas grátis. E outra coisa foi ter colocado entradas gratuitas para pessoas de baixa renda que gostam desse tipo de evento que não puderam ir por questões financeiras, principalmente nesse tempo de crise em que vivemos. Essa oportunidade foi ótima para juntar vários povos amantes de cultura geek.
A quantidade de cosplays de personagens de vários tipos foi interessante. Pegamos vários tipos de cosplayers andando pelo evento, não restringindo só a elementos japoneses. Mas de vários tipos. O espaço cosplay estava bem localizado e era enorme. E isso fez com que os cosplayers ficassem a vontade.
Revés
Apesar de muitos pontos positivos, o evento não escapou de alguns deslizes. O primeiro foi a não preparação do sistema para receber o grande público, principalmente a imprensa. Muitas pessoas da imprensa tiveram que esperar mais de 120 minutos para o sistema entrar e receberem a credencial de imprensa (nós, do 88milhas, inclusos). Esse respaldo podia ser resolvido um dia antes, mas deixaram para última hora.
Uma coisa que me chamou a atenção foi a quantidade de portas de saída fechadas. Para o grande público sair, tinha que enfrentar filas e isso foi um pouco caótico. Numa emergência, essas portas fechadas (tipo, um incêndio ou numa ambulância para pegar uma pessoa que passou mal) fariam a diferença.
Outro detalhe foi o baixo sinal de internet. Sim! Sabemos que isso não foi culpa da Maru Division. Mas isso afetou e muito o comércio. Afinal, muitos estandes precisavam de internet para a venda de materiais ao usarem máquinas de cartão (que, na atualidade, precisam de internet). Talvez tenha sido isso que fez com que o sinal do sistema atrapalhasse o cadastro para a retirada de credencial de imprensa na entrada.
Conclusão
O Anime Friends 2023 deixou com um gostinho de quero mais. Os acertos desse ano podem ser repetidos ano que vem. E torcer para que os reveses possam ser um aprendizado para melhorarem e deixarem o evento com 100% de qualidade.
Torcendo para que o ano que vem tenhamos saúde para encarar mais quatro dias como esse. O evento teve uma nota geral de 88% de aprovação. O Anime Friends está indo bem com essa nova gestão. E que venha mais.
Rodrigo Pato escreveu e já aguarda para o ano que vem, se tiver saúde até lá.