[Filme] Crítica – Drive My Car (2021)

A O2 Play, do grupo O2 Filmes e MUBI, distribuidora e serviço global de streaming com curadoria, anunciaram o lançamento do aclamado DRIVE MY CAR, de Ryusuke Hamaguchi, no Brasil. A O2 Play estreou o filme nos cinemas hoje, dia 17 de março, e a produção estará disponível no MUBI, com exclusividade, a partir do dia 1º de abril.

Drive My Car

Coescrito e dirigido por Ryusuke Hamaguchi, DRIVE MY CAR teve sua première mundial no Festival de Cannes 2021, em que venceu o prêmio de Melhor Roteiro. Desde então, foi selecionado pelo Japão para concorrer ao 94º Academy Awards (Oscar) como Melhor Longa Internacional. O filme recebeu quatro indicações oficiais ao Oscar (Filme, Direção, Longa Internacional e Roteiro Adaptado) e três indicações ao BAFTA Film Awards (Direção, Filme em Língua não Inglesa e Roteiro Adaptado).

Sinopse

Adaptado de um conto de Harumki Murakami, DRIVE MY CAR acompanha Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima), ator e diretor de teatro, que tem um casamento feliz com a roteirista Oto (Reika Kirishima). No entanto, Oto morre inesperadamente, depois de deixar um segredo para trás.

Dois anos depois, Kafuku, ainda incapaz de lidar totalmente com a perda da esposa, recebe uma proposta para dirigir uma peça num festival de teatro; e vai até Hiroshima com seu carro. Lá, ele conhece Misaki (Toko Miura), uma mulher reticente contratada para ser sua motorista. Ao longo do tempo que passam juntos, Kafuku tem de confrontar o mistério deixado por sua esposa, que o assombra silenciosamente.

Vale a pena?

Sim! O enredo de DRIVE MY CAR é cativante do começo ao fim. Seus personagens são realistas, interessantes e fáceis de se apegar. Os protagonistas têm seus passados, seus traumas, suas dúvidas. E mesmo sendo um filme com quase três horas, ele consegue deixar o espectador sempre instigado para saber qual vai ser o próximo passo de cada personagem, e como ele irá resolver seus problemas.

Há quem diga que o primeiro ato seja muito longo. Porém, ele possui o tempo necessário para mostrar cada detalhe do casal Yusuke e Oto. Muito do que vemos nesse início é a base para a resolução das tramas futuras. É necessário atenção para pegar todos os detalhes, porém, o filme consegue ser imersivo o suficiente para que isso aconteça.

Os personagens de apoio funcionam bem para deixar o filme ainda mais completo. Koji é um dos atores que entra para o elenco da peça de Yusuke e aos poucos se mostra cada vez mais importante para a resolução de alguns mistérios.

Os diálogos são longos, criativos e cheios de nuances, sem deixar nada muito expositivo. Existem cenas íntimas de sexo que existem por um bom propósito, adicionando detalhes importantes para a trama, sem tornar nada apelativo ou forçado.

A motorista Misaki tem uma história interessante, carrega seus próprios traumas e tem papel fundamental para ajudar Yusuke a resolver seus dilemas. De certa forma, ambos acabam se ajudando quando desenvolvem uma amizade e começam a se abrir, contando seus problemas.

Através de várias conversas e desabados, Yusuke e Misaki conseguem entender o que está lhes fazendo mal, isso os ajuda a aprender como superar o passado e deixar coisas ruins para trás.

Existem vários finais, mas nem todos são tão claros. Fica para o espectador interpretar o que está vendo.

A qualidade de imagem me deixou bastante impressionado no cinema pela sua nitidez. O contraste das cores também chama bastante a atenção. O carro de Yusuke sempre tem destaque no filme todo por conta de sua cor vermelha. Mas é interessante notar que no início temos muitas cores escuras e um pouco sem vida. Conforme o filme avança, cores mais claras e alegres vão tomando conta.

Dito isto, a fotografia é excelente. Desde os ângulos mais amplos utilizados para mostrar as cidades por onde o veículo passa, até as cenas dos diálogos que são bem fechadas para mostrar detalhes das expressões dos personagens.

O filme consegue ser criativo e expandir a história do conto de Harumi Murakami. Com certeza, seu sucesso internacional é merecido. E torço para que consiga vários prêmios no Oscar de 2022.

DRIVE MY CAR está em cartaz nos melhores cinemas e entrará para o catálogo da MUBI a partir de 1º de Abril.