Conhecida pela franquia “Saints Row“, a Deep Silver Volition lançou hoje “Agents of Mayhem“, que é mais do que um sucessor espiritual. Trata-se de uma continuação carregada de novas ideias e conceitos.
Um novo enredo
Em “Saints Row 4” o planeta Terra foi destruído por alienígenas da raça Zin, parte da humanidade foi escravizada e suas mentes presas numa realidade virtual. Mas os Saints conseguem escapar da simulação e criam um posto de resistência numa nave espacial. No final do jogo, eles derrotam Ziniak, o líder do império alienígena, e tomam seu posto, criando o Império Saints (embora eles tenham matado quase todos os inimigos e não tinham mais tantos alienígenas para mandar).
Na expansão “Gat Out Of Hell“, o líder dos Saints, Johnny Gat, consegue escapar do inferno após ter morrido em Saints Row 3 e o planeta Terra é recriado.
Os Agentes da Mayhem existem nesse novo mundo, por isso o logo estilizado da flor de lis roxa continua presente.
A M.A.Y.H.E.M. é uma “agência multinacional que caça grandes gênios do mal”. E eles travam uma batalha constante em Seul contra a L.E.G.I.O.N., uma “liga de malvados cavalheiros que pretendem obliterar as nações”.
Sim, os nomes são meio caricatos e voltados para o humor, mas esse é o espírito do jogo. Talvez num tom um pouco menos escrachado do que o jogos anteriores, Agents of Mayhem tenta equilibrar as piadas com ação, diversão, variedade de armas e personagens com poderes especiais.
Como é jogar Agents of Mayhem?
Antes de cada missão podemos escolher 3 agentes para cumpri-la. São 12 no total, mas nem todos estão disponíveis no início, eles vão sendo liberados conforme as missões são completadas. E cada agente tem características específicas. Assim, cabe ao jogador inventar a melhor forma de cumprir os objetivos. E existem vários níveis de dificuldade que o jogador pode escolher antes da missão. Quanto maior o nível, maior a recompensa. E no término das missões, os agentes ganham pontos que podem ser utilizados para compra de novos poderes.
Apenas um agente é controlado por vez, mas o jogador pode alternar entre eles a qualquer momento. É necessário administrar bem quando utilizar cada um pois somente os inativos do grupo recuperam pontos de vida. Se um dos agentes morre, o jogador tem que achar um item de reviver que pode aparecer após a derrota de algum inimigo.
São várias habilidades únicas por personagem e o jogo é bem amigável nesse aspecto oferecendo controles fáceis e intuitivos.
Para os momentos de tiroteio ou exploração, os comandos seguem o padrão de outros sandbox do mercado. Isso facilita para o jogador e ser apresentado a algo familiar pode facilitar no quesito imersão.
São basicamente 3 tipos de missões: as principais que seguem o enredo do jogo, as secundárias que focam em apenas um personagem (aprofundando mais em suas histórias) e as de ocupação de bases inimigas. Fora isso, existem alguns desafios espalhados pela tela, como as corridas.
Para habilitar os novos agentes temos que cumprir uma missão com eles e no início há uma animação que conta suas histórias e como cada um entrou para a M.A.Y.H.E.M..
Personalize os agentes!
Como foi dito antes, os agentes são bem distintos, tanto em seus poderes como em suas habilidades. E cada um vem de um canto do planeta. Lembra um pouco o que vemos em jogos estilo MOBA ou FPS multiplayer.
Tem o personagem bom com tiros à distancia, o personagem lento com armas pesadas e maior resistência física, a personagem furtiva e hacker que tem menos pontos de vida, etc…As habilidades são bem inspiradas também. Dá para melhora a mira, lançar granadas no cenário, atordoar todos os inimigos da tela, etc… Basta acertar vários inimigos normalmente para encher a barra de poder Mayhem e então utilizar.
Além de poder evoluir e escolher novas habilidades, também é possível mudar o visual dos agentes, criar novas armas e mudar seus equipamentos.
Mas o modo de customização é não tão vasto como em Saints Row. Todas as skins tem cores pré-definidas. E algumas são habilitadas somente através de DLC pago.
Nos jogos anteriores, você criava um Saint com a aparência que quisesse para jogar. Como acontece em todos os jogos que tem essa opção, seu personagem nunca aparenta ter personalidade e nunca é chamado pelo nome pelos NPCs.
Mas “Agents of Mayhem” nao traz essa possiblidade, focando em mostrar o carisma de seus próprios personagens.
Estilo animação
Em “Saints Row 3” já vimos uma mudança gráfica que puxava mais para o cartunesco. Digamos que “AOM“(Agents of Mayhem) vai um pouco além disso, puxando para o “estilo Pixar” visto em “Overwatch“. A semelhança é visível, isso não dá para negar.Por se passar numa Seul futurista, vemos uma clara referência aos cenários futuristas do jogo da Blizzard, assim como a HUD que é bem parecida. Se eu visse um poster da D.Va pela cidade eu não estranharia.
Não sei se foi intencional da Volition, mas ao adotar esse estilo gráfico, aliado aos vários personagens apresentados com características tão marcantes, eu tive a impressão inicial de que “AOM” se tratava de mais um jogo totalmente voltado ao multiplayer em terceira pessoa.Talvez a ideia fosse usar essa semelhança para propagandear inicialmente o jogo, mas confesso que vi muita gente comentando negativamente, dizendo que era “mais uma cópia de Overwatch”.
“AOM” na verdade é completamente diferente em sua proposta. É um jogo single player com características que já vimos muito em “Saints Row” e outros “jogos parecidos com GTA“.
Então, não sei dizer bem se essa semelhança gráfica com “Overwatch” realmente foi benéfica para “AOM“.
Graficamente falando
“AOM” é um jogo muito bonito e com uma boa direção artística. Se aproveitando dos recursos atuais, ele apresenta gráficos muito mais complexos do que vimos em “Saints Row 4“. Luzes, reflexos, explosões, partículas, está tudo lá.Testei a versão para PC e nas configurações máximas “AOM” apresenta detalhes de encher os olhos. O curioso, é que mesmo nas configurações medianas, reduzindo a resolução, o jogo mantém seu charme e sua identidade.
Ele aparenta ser bem otimizado para rodar em máquinas mais antigas, mesmo sendo um jogo de 2017.
Cutscenes e músicas coreanas
No início do jogo e entre as missões temos várias cutscenes. mas diferente de Saints Row, elas não são em tempo real, são em animação 2D.
Parece um desenho animado de “sábado de manhã”. Não posso dizer que são cenas extremamente bem animadas, mas cumprem seu papel e tem um traço interessante.
Sendo uma parte vital dos jogos de mundo aberto, os veículos continuam presentes nesse jogo. E para entrar neles é o mesmo método de sempre, basta chegar perto e usar o botão de ação.
Só que agora os agentes simplesmente teleportam para dentro e o motorista é jogador para fora. Afinal, os protagonistas não são mais bandidos popstars, são agentes que estão pegando os veículos dos civis emprestados para combater o crime.E agora não existem mais rádios com músicas separadas por tema. Todas as faixas são composições originais e pode-se trocar entre elas, mas é algo mais aleatório.
O legal é que, por estarmos em Seul, tocam algumas músicas pop coreanas, vulgo K-pop.
Localizando
O jogo foi localizado e existem legendas em português e tradução de menus. Isso é bacana e quebra um galho. No entanto, assim como em GTA V, no meio das missões não é muito fácil ler as legendas ao mesmo tempo que precisa dirigir ou trocar tiros.
A falta de uma dublagem nacional não é fundamental para o jogo, mas se tivesse, seria muito bem vinda.
Vai virar um jogo multiplayer?
Embora seja focado em single player, não duvido nada que “AOM” ganhe futuramente um modo multiplayer.
Seus personagens parecem que foram criados para isso. Talvez, lançar o jogo com tudo disponível de início não fosse comercialmente interessante.
Acho que eles vão testar o público primeiramente e lançar algo multiplayer caso AOM seja um sucesso. Acredito que essa seja uma carta que a Volition está guardando em sua manga para um futuro próximo
Veredito: Agents of Mayhem
“Agents of Mayhem” renova o mundo de Saints Row unindo o conceito de “campeões” dos MOBAs com o estilo sandbox offline e tem tudo para ser bem apreciado na comunidade dos gamers.
Talvez essa semelhança gráfica com “Overwatch” não vá fazer bem para o jogo. Principalmente porque pode afastar aqueles jogadores de jogos competitivos que abraçam apenas um título e automaticamente odeiam todos os outros que aparentam ser concorrentes. Mesmo que “AOM” tenha proposta e jogabilidade completamente diferente, esse preconceito pode acontecer.
Indico que todos experimentem. Particularmente achei o jogo muito divertido e variado. Não cheguei a terminar, mas sei que estou próximo do final.
Em breve falarei mais sobre ele no nosso podcast 88bits. Fique ligado!
- A Deep Silver Volition nos enviou o jogo para teste, versão PC Steam.