O rei do loot shoter está de volta! Borderlands 3, da Gearbox, foi lançado para PC na Epic Store, PlayStation 4 e Xbox One no dia 13 de setembro de 2019. Ele está trazendo tudo aquilo que fez da franquia um sucesso e adicionando algumas melhorias.
Todos os eventos vistos nos jogos anteriores valem para o novo, incluindo Tales From The Borderlands, o point n’ click da Telltale. E dando continuidade à história, dois novos vilões surgiram: os Gêmeos Calypso.
Basicamente, eles são líderes de uma nova seita religiosa, onde são adorados por todos aqueles fanáticos dos jogos anteriores. Eles são também influenciadores digitais, fazendo lives a cada passo que dão na conquista das Vaults e pedindo para seus seguidores deixarem likes, compartilharem, etc…
O humor escrachado característico da série continua bastante presente, cheio de piadinhas irônicas, quebrando a quarta parede e fazendo referências a acontecimentos passados. Vários personagens antigos estão de volta, principalmente os que foram jogáveis nos jogos anteriores. Mas agora há novos protagonistas para escolher.
Antes, os conhecíamos como Vault Hunters, mas como Borderlands 3 vem com legendas pt-br, agora foram traduzidos para “Caça-Arcas”.
Logo no início eles são recrutados para os Saqueadores Rubros em Pandora e aprendem os primeiros passos para se tornarem verdadeiros caçadores. Como já é de praxe, o pequeno tutorial não poderia deixar de ser passado pelo famoso e tagarela Claptrap.
Os novos Caça-Arcas são:
AMARA, a Ninfa: Dotada de poderosas habilidades de Ninfa, Amara é uma renomada campeã do povo e “bambambã” de primeira.
Usando suas façanhas, ela pode dar uma Esmagada Fásica no chão para causar dano nos inimigos próximos e lançá-los no ar. Fazer Contenção Fásica nos inimigos com um gigante punho etéreo. Ou mesmo fazer uma Conjuração Fásica de si mesma, causando dano a tudo em seu caminho.
ZANE, o Agente: Nascido na infame família Flynt, de Pandora, Zane é um agente corporativo quase aposentado que sempre tem um dispositivo na manga.
Suas façanhas incluem um drone SNTNL que voa e ataca inimigos com uma metralhadora, um escudo de Barreira Acionável e um Digiclone que simultaneamente distrai inimigos e distribui dano e que pode trocar de lugar com Zane através de teletransporte.
MOZE, a Atiradora: Moze é uma antiga soldada do exército da Vladof, calejada pela batalha e especializada em combate mecanizado.
Ela usa uma façanha para Digiconstruir e subir em seu tanque bípede, Urso de Ferro, que possui pontos duros adequados para misturar e instalar Canhões Eletromagnéticos de alta velocidade, Miniguns de disparo rápido, Lança-granadas semiautomáticos, lança-chamas, punhos pneumáticos e lança-foguetes perseguidores.
FL4K, o DomaFeras: FL4K é um robô errante que sempre traz um de seus três fiéis mascotes para a batalha para fortalecer as estatísticas e atacar os inimigos.
Suas façanhas permitem o uso de rakks bombardeadores, teletransportar mascotes irradiados com Rajada Gama através de fendas e até ficar invisível temporariamente enquanto se move mais rápido e regenera vida.
Evolução e personalização
Para minha campanha eu escolhi FL4K e gostei bastante de sua versatilidade. Várias habilidades que ele desbloqueia são de feito passivo e automático. O que mais se destaca, no entanto, são os animais que ele usa nas batalhas, os quais aprendem variados poderes e tipos de ataque.
O jogo dá a cada personagem três árvores de habilidades que permitem ao jogador evoluir de forma personalizada. E essas árvores variam bastante para cada um deles. FL4K, por exemplo, tem uma focada em habilidades de defesa e cura, e duas focadas em ataques.
Agora, além de poder mudar as cores de cada parte dos personagens, podemos agora mudar partes de seu corpo, até mesmo a cabeça! Isso dá mais uma camada de personalização. Some a isso a possibilidade de poder mudar o nome do caçador também.
Joguei a campanha em modo single player, porém, a melhor opção ainda é jogar em grupo, com cada jogador executando um papel durante as missões. Um fato inédito é que adicionaram opções para o loot multiplayer.
Os jogadores podem escolher se querem dividir igualmente o que recebem ao derrotar inimigos ou se querem seguir à moda antiga, com cada um correndo para ver quem pega primeiro mais coisas do chão.
Aquele no holograma não é o Tony Stark!
Navegação e exploração
A exploração agora se passa em vários planetas, o que traz uma boa variedade de cenários. Cada planeta representa uma ambientação bastante distinta em terrenos e construções. Isso é extremamente positivo.
Para viajar entre os planetas, os Saqueadores Rubros utilizam a nave Santuário, que também serve como um hub para as missões. Ela é bem grande, cheia de salas e andares, confesso que me perdi nela algumas vezes até acostumar.
O mapa pode ser rotacionado e visto em 3D, mostrando todos os andares e escadas. Infelizmente, no mini-mapa localizado no canto da tela, o ícone que mostra o destino da missão não indica se você está no mesmo andar dele (e às vezes fica bagunçado).
Dentro da nave Santuário, achar as salas pode ser meio difícil no começo
Isso força o jogador a pausar o jogo várias vezes para ver o mapa 3D, rotacionar e descobrir onde tem a escada mais próxima. O que acaba sendo bem chato, principalmente em locais fechados com vários andares.
Em jogos com esse tipo de mini-mapa, o ícone de destino normalmente vira uma flecha para cima ou para baixo, para ajudar a navegação do jogador, indicando se ele deve subir ou descer os andares.
No entanto, uma melhora que desburocratizou a realização das missões é a forma como você alterna entre elas. Ao simples apertar do direcional digital para os lados você troca a missão em curso e seus objetos aparecem no canto da tela marcados no mapa.
Jogabilidade
O jogo não desaponta de maneira nenhuma nos controles dos combates. Mirar, atirar, correr, se esconder, tudo funciona perfeitamente bem. É fácil acertar os tiros mesmo sem ficando sem utilizar o botão de mira, tanto jogando no teclado como no controle.
Existe o novo recurso que permite deslizar no chão ao se agachar após iniciar uma corrida. Ele não funciona para entrar em espaço pequenos, mas ajuda em fugas estratégicas e permite atirar ao mesmo tempo.
Outra novidade é que podemos escalar plataformas ou muros apertando mais uma vez o botão de pulo quando estamos próximos de uma beirada. É muito útil na hora de explorar e alcançar lugares mais altos.
As legendas tem ótima qualidade
O loot também foi melhorado e está mais prático. Antigamente, em todo baú aberto era necessário mirar com a arma em cada item para poder coletar. Mas em Borderlands 3, os itens óbvios que vamos pegar, como dinheiro e vida (este quando necessário), são coletados automaticamente assim que o baú abre.
Comparar as armas também está mais prático, pois aparece na tela os dados da que você achou e a que está empunhando. E falando em baús, eles tem uns designs bem caprichados. Geralmente, quanto mais rebuscados, melhor os itens dentro deles.
Armas inovadoras
Com variedade bem maior do que antes, as armas estão ainda mais criativas. Embora elas tenham algumas funcionalidades pré-programadas, seus status e sua localização são variáveis. Assim o jogador continua instigado a sempre estar procurando e trocando elas o tempo todo.
Os produtores conseguiram criar armas ainda mais bizarras do que nos jogos anteriores. Para quem prefere algo mais clássico, as mais padrão estão presentes, como as pistolas, metralhadoras, espingardas, snipers, etc… Existem as elementais que também estão de volta, algumas possuindo até mais de um elemento combinado.
Mas a novidade mesmo são as outras pérolas como as que atiram raio radioativo, armas sonoras, armas que ao serem descartadas se transformam em torretas no chão. E não para por aí! Existe uma que dispara cocô explosivo, e outra que atira outras armas…
Não posso deixar de citar as lendárias, mais difíceis de serem localizadas e da cor dourada. Opção é o que não falta!
Inimigos
A variedade de inimigos também surpreende. Quando começamos em Pandora, vemos alguns velhos conhecidos. Mas assim que chegamos em Prometea, uma nova leva aparece, e aos poucos o jogo vai introduzindo mais e mais.
Um ponto que precisa ser comentado é sobre como eles reagem nos combates. Agora os inimigos parecem ter muitas opções de animação, os humanoides por exemplo, não ficam apenas parados atirando, eles correm, se escondem, pulam em você, te perseguem. Parecem estar mais vivos do que nunca.
E a reação deles aos tiros também merece destaque, sempre que estão pegando fogo ou sendo eletrocutados acontece uma animação diferente. É muito bacana quando você acerta um tiro de espingarda de perto e vê eles voando pelo cenário, caindo e rolando no chão.
Nos combates, além dos tiros, granadas e golpes físicos, voltaram os latões explosivos. E eles são elementais causando dano por fogo, eletricidade, veneno, etc… É impressionante como os inimigos adoram te atacar estando próximo desses latões.
Os chefes continuam sendo enfrentados em arenas fechadas. As batalhas contra eles continuam não sendo tão interessantes. Normalmente você precisa atirar neles até que precise desviar de um ataque ou explosão do cenário que foi telegrafado uns segundos antes.
Alguns precisam que seus escudos sejam desativados ou que você descubra seu ponto fraco, mas isso não muda muito no gameplay. No entanto, as músicas dessas batalhas são muito boas.
Música e gráficos
Falando em música, elas permanecem com ótimo nível. Para quem é fã de Borderlands, já sabe o que esperar. O que mais mudou realmente foram os gráficos.
O estilo artístico da franquia foi mantido, ainda é um cell shading que imita arte de uma página de quadrinho. Porém, o jogo utiliza recursos gráficos atuais para dar uma atualizada.
Bem-vindo de volta a Pandora! Ela nunca esteve tão bonita!
Os cenários parecem mais detalhados e com uma geometria mais complexa em comparação aos jogos anteriores. Os objetos possuem iluminação mais de acordo com o material que são feitos. Como exemplo, tudo o que é de metal agora tem reflexos próximos da luz, madeiras tem uma textura única, o chão de terra tem marcas de botas ou de pneus, etc.
A iluminação também está melhor trabalhada, com sombras dinâmicas em cada elemento do cenário. O efeito de oclusão do ambiente deixa tudo muito mais realista, mesmo se tratando de gráficos cartunescos. E em salas fechadas, onde alguma luz circula, ou acende e apaga, vemos o quão bonito esse efeito pode ser.
Os objetos também refletem suas cores no ambiente, criando gráficos bem mais complexos e agradáveis.
A iluminação foi o que mais evoluiu em relação aos jogos anteriores
Existe uma fumaça volumétrica que, quando mais longe, mais densa fica. Ela embaça um pouco a visão do cenário ao fundo, e pode ser desativada na versão do jogo para PC.
Existem outros detalhes gráficos durante o jogo, como a borda da tela que mostra fogo ou outro elemento quando o personagem é acertado pelo inimigo. Você consegue saber exatamente por quanto tempo está sendo afetado por esse elemento.
Outro detalhe muito bonito é quando o escudo do jogador chega a 0% e vemos eles se desfazendo no formato de hexágonos de energia. Foi uma bela maneira visual de mostrar ao jogador que chegou a hora de se esconder e recuperar pontos de vida.
Problemas
Por mais que Borderlands 3 tenha evoluído vários aspectos, ele ainda peca por apenas polir o que já funcionava. Sendo este o quarto jogo da série, seria bacana se ele tivesse investido em algo totalmente inovador e criativo, sem ficar preso no “mais do mesmo”.
Claramente ele foi feito pensando em agradar aos fãs de longa data, e por conta disso não quiseram “mexer em time que estava ganhando”. Então fica a dúvida se a Gearbox acertou em não se arriscar muito.
Borderlands 3 foi pensado para se jogar em modo cooperativo. O single player tem uma dificuldade bastante acentuada, obrigando o jogador a fazer um pouco de grinding ou realizar missões paralelas para prosseguir nas principais.
Os novos personagens, num primeiro momento, aparentam ser menos interessantes do que os antigos. Mas só o tempo dirá se eles irão se tornar tão icônicos. Acho que ainda é cedo para julgar se os novos tem menos ou mais carisma.
A tradução do diálogos foi feita com maestria, está realmente muito boa. Mas infelizmente, no meio da ação é complicado parar para ler as legendas. Mesmo em momentos de exploração, dirigindo pelo cenário, o que mais acontece é o texto passar batido.
Nesses casos, seria ótimo se o jogo tivesse uma dublagem opcional, assim a experiência do jogador seria a mais próxima do original, que é jogar e ouvir outros personagens falando ao mesmo tempo.
Alguns bugs causam mais problemas que os Gêmeos Calypso
O jogo possui problemas de desempenho em todas as versões. Na PC, que eu usei para este review, era comum a queda de frames mesmo em momentos com poucos elementos na tela.
Mas o pior mesmo são os bugs que travam algum inimigo ou o jogador no chão ou numa parede. Sendo necessário reiniciar o jogo para voltar ao normal.
Existem alguns problemas menores como os veículos que ficam presos em pedras, ou na beirada de rampas. Quando duas rodas ou mais perdem o contato com o chão, eles ficam presos, obrigando o jogador a descer e buscar outro. Os produtores poderiam ter criado uma maneira inteligente de fazer os veículos destravarem.
Conclusão
Borderlands 3 chega pela primeira vez nesta geração de consoles com um gameplay refinado e baseado em algo que foi muito aclamado há 10 anos atrás. Com medo de fazer besteira, ele joga no seguro, não inova muito e traz o maior jogo da série até agora.
Os fãs com certeza irão se divertir muito. Mas o mercado atual e os novos jogadores irão se interessar por ele?
Em todo caso, acredito que ele não ficará apenas no que foi lançado e muitas expansões virão em breve.
NOTA: 8.5
- Testamos a versão PC da Epic Games Store