Desde o início da franquia Samurai Shodown, um fator que chamava muita atenção era seu enredo ambientado no Japão feudal. E mesmo com a existência de várias mudanças para acomodar a trama dos jogos, sempre havia um equilíbrio entre precisão histórica e ficção.
Na maior parte, os jogos principais se passam no final da Era Tenmei (meados de 1780), durante o Xogunato Tokugawa – também conhecido como Período Edo. Essa foi uma época bastante conturbada, com grande conflitos políticos e problemas socioeconômicos.
A erupção de dois vulcões num mesmo ano espalhou uma nuvem de fuligem por todo o país, dificultando a radiação solar e a agricultura. Foi um longo período de fome e grande parte da população perdeu a vida. Por isso, essa época é lembrada por suas tragédias e também pelas mudanças e reformas que vieram nos anos seguintes.
Talvez, tudo isso tenha inspirado os produtores da SNK a situar os jogos neste período. Tendo uma ambiente propício para a aparição de pessoas corrompidas pela maldade ou dominadas por demônios. Quase como se os jogos tentassem explicar de forma ficcional o motivo das pessoas terem sofrido tanto nessa época.
1786
Quando as primeiras informações do novo jogo saíram cogitava-se que ele seria um reboot, recontando do zero toda a história de Samurai Shodown. Afinal, o design dos personagens e dos cenários remetiam muito ao jogo inicial lá de 1993.
No entanto, ele continua a mesma linha do tempo original, se passando em 1787, um ano após Samurai Shodown V, e um ano antes do primeiro Samurai Shodown.
Mas antes de comentar sobre o enredo é bom recapitular o que ocorreu em SS V.
O Xogunato Tokugawa havia feito de tudo para reverter a grande fome no país. No entanto, tudo pareceu ser em vão e a situação se agravou ainda mais no ano de 1786.
Revoltado com tudo que o povo estava passado, o daimyo das terras de Hinowa, Kyougoku Nichirinmori Gaoh, resolveu rebelar-se contra o governo. Ele convocou então todos aqueles que queriam lutar ao seu lado, criando um enorme exército e dando o inicio a um grande conflito.
O habilidoso espadachim Yoshitora Tokugawa, que no passado foi aluno de Gaoh, era herdeiro do atual xogum, porém, renegou a sucessão.
Ele nunca ligou para política, preferindo festas e mulheres, e assim, acabou abandonando seu pai em meio a tantos problemas. No entanto, ao saber dos planos de seu antigo mestre, resolve voltar para enfrentá-lo durante uma grande guerra em Hinowa.
Prestes a perder, Gaoh ganha um enorme poder ao ser possuído pelo espírito demoníaco de nome Kuraki-Sumeragi. Mas ainda assim não é suficiente, e acaba sendo derrotado.
Perto da morte, Gaoh revela que na verdade não tinha intenção de tomar o poder do xogum. Seu objetivo real era atrair Yoshitora e convencê-lo a governar o país. Acima de tudo, Gaoh acreditava no potencial de seu pupilo para restaurar o Japão.
Jubei Yagyu, ex-protetor da guarda real, auxiliava as tropas de Tokugawa. Porém, durante a guerra recebe a informação de que o xogum havia sido assassinado por seu conselheiro. E a partir daí, Yoshitora torna-se o novo xogum – embora seja por pouco tempo.
1787, Samurai Shodown
O novo conselheiro do xogum, Matsudaira Sadanobu foi responsável pela reforma política, criação de novas leis e decretos. Ele torna-se também regente do novo xogum, com foco em resolver as grandes questões que assolavam o país. Isso foi a base para a fundação da nova Era Kansei.
Porém, apesar dessa pequena ponta de esperança, o povo japonês ainda enfrentaria outros problemas… Nesse meio tempo, uma nova ameaça estava surgindo…
Shizuka Gozen, uma jovem mulher que foi assassinada por motivos desconhecidos, teve sua alma presa no Yomi – também conhecido como purgatório. A razão disso acontecer foi seu grande apego à vida e seu forte sentimento por seu amado que morreu da mesma forma.
Sozinha e indefesa no limbo, Shizuka é possuída por uma entidade maligna e assim, abre um portal para mundo dos vivos. Ela se torna então um poderoso demônio que passa a espalhar a morte e o caos pelo Japão.
O governo japonês resolve investigar esses terríveis e misteriosos acontecimentos, enviando seus melhores agentes em missões. E de várias localidades do país, poderosos guerreiros acabam se envolvendo com o conflito. Alguns desejando por um fim nessas maldades pelo bem de todos, e outros agindo por razões pessoais.
A guerra de samurais
Todos os acontecimentos do jogo culminam na derrota de Shizuka, que tem sua alma purificada e finalmente chega ao paraíso. Com direito a cena pós-crédito!
Tudo acaba bem, porém, já no ano seguinte ressurgirá dos mortos Amakusa Shiro Tokisada com planos de reviver o deus demônio Ambrosia. E assim, um grande arco envolvendo vários jogos se fecha.
Durante toda a linha dos jogos principais, a narrativa se manteve bastante concisa, mesmo que Samurai Shodown V não tenha recebido tradução em sua versão americana (e isso complicou bastante para trazer o resumo neste texto).
Mas além da história bem amarrada, os jogos também retratam fielmente os duelos de samurais.
O primeiro jogo de 1993 já tinha isso em mente. Numa época em que jogos de luta apareciam aos montes, e muitos iam na mesma onda de Street Fighter II, Samurai Shodown seguia suas próprias ideias, com combates mais precisos e cadenciados, exigindo técnica e principalmente ênfase nos contra ataques.
Assim como num combate entre samurais, um deslize pode ser fatal e tudo pode terminar com um ou dois golpes. Por isso, Samurai Shodown sempre foi um jogo onde golpes causavam muito dano.
2019
Samurai Shodown V, V Special e VI tentaram inovar. Porém, por conta de desequilíbrio e perda geral de qualidade, não estão entre os preferidos do público. Os jogadores de antigamente costumam preferir Samurai Shodown II e IV.
Mas agora em Samurai Shodown (2019) a SNK parece ter mesclado somentes as boas ideias dos jogos anteriores com uma variedade de novos movimentos, conseguindo uma jogabilidade bastante funcional e equilibrada.
Uma pintura
Se tem algo que realmente impressiona nessa franquia é a qualidade gráfica. Houve uma crescente nesse quesito que foi até SS IV, onde o visual mais colorido e estilo “anime” foi adotado. Abandonando o aspecto dark do antecessor.
Em SS V e V Special houve uma queda geral na qualidade. Muitos cenários antigos foram reciclados na íntegra e outros ligeiramente modificados. Fora isso, os sprites e cenários novos não combinavam com o restante, ou não tinham uma boa fluência de animação. Foi uma verdadeira bagunça, onde cada elemento tinha uma estética, e a direção de arte foi para o espaço…
Quanto aos jogos poligonais, ele tinham um 3D bastante primitivo. Somente suas artes 2D e os fundos dos cenários chamavam atenção por serem realmente bonitos.
Mas o espírito da série toda sempre foi apresentar gráficos que lembrassem pinturas japonesas. E o novo Samurai Shodown foi feito exatamente com isso em mente. Desde os menus principais, a tela de seleção de personagem, os cenários e mesmo os lutadores tem texturas que lembram obras de arte.
Os pequenos detalhes dos personagens parecem desenhos e pinturas manuais
Não é preciso reparar muito para notar que os lutadores tem hachuras no corpo representado sombras e volume, o que lembra bastante a arte usada em mangás.
As cenas estáticas de introdução de cada personagem (assim como o encerramento) também são artes bonitas e detalhadas. A inspiração remete ao estilo de desenho dos kakemono (ou kakejiku), que são aqueles pergaminhos japoneses usados antigamente para representar um conto, um acontecimento importante, ou mesmo um provérbio.
Embora as cutscenes sejam de artes estáticas, elas são muito bonitas!
O jogo anterior da SNK, The King of Fighters XIV, embora tivesse uma boa jogabilidade, sofreu rejeição de grande parte do público por conta dos gráficos. Não que eles fossem horrorosos, mas eram simples para os padrões atuais.
Ele utilizava uma engine própria da SNK que infelizmente não terá chance de ser aperfeiçoada futuramente pois Samurai Shodown (2019) está rodando na Unreal Engine 4.
E quem tinha medo que os gráficos fossem ficar genéricos e parecidos com os outros jogos dessa engine, caiu do cavalo. Pois a SNK sobre aproveitar bem o que tinha em mãos, conseguindo modelar muito bem personagens, cenários e criar belos efeitos especiais.
Embora ainda não esteja no nível de outros títulos como Tekken 7 ou Street Fighter V, o novo Samurai Shodown é visualmente muito agradável.
Falando em efeitos, o sangue que sempre esteve presente nos outros jogos retorna de forma ainda mais impactante. Conforme acertamos golpes, as roupas dos personagens vão se manchando. E o final das lutas nos mostra o quanto esses lutadores são sanguinários! Foi um efeito realmente muito bem pensado.
Nakoruru adverte: Tampe o liquidificador quando for fazer suco de tomate!
Seja um samurai!
Como um todo, a jogabilidade está bastante simples e acessível. Embora não existam facilidades como botão para auto-combo ou para golpes especiais prontos, não há comandos exageradamente complicados ou algo que vá afastar os jogadores iniciantes.
São basicamente 3 botões para intensidade de força da arma e um botão para chute. Normalmente os ataques fracos servem para cancelar um ataque forte e lento do adversário. Os médios acertam com maior distância. E os fortes são para momentos em que o adversário cometeu um deslize e abriu bastante a guarda.
E ainda há como atacar sem a arma, mesmo estando armado, além de ter também várias formas de chutar o adversário.
Lutas sem arma antigamente era complicado pois o lutador perdia muita força e tinha poucas opções de ataque. Mas não agora. Além do soco e do chute comum, é possível correr para fazer um golpe avançando. E também existe dois tipos de rasteiras que permitem derrubar o adversário.
Outra forma de contra-atacar desarmado é aparar o ataque do inimigo e jogar sua arma longe. Mas é preciso fazer um comando no exato momento onde o golpe vai conectar.
Com a arma é possível refletir ataques também, ou desviar e acertar um golpe surpresa em seguida. Para os mais habilidosos, há como fazer um defesa perfeita, que absorve qualquer dano, bastando defender no exato momento em que um golpe vai acertar.
A famosa disputa de espada também está presente, quando os personagens entram nesse modo, perde a arma quem apertar menos qualquer botão de ataque.
Os super ataques são bem fortes e podem redefinir o resultado de uma luta. O primeiro deles, além do alto dano, serve para arrancar a arma do adversário. Mas exige que a “barra de raiva” esteja cheia para ser ativado – ela enche conforme o lutador perde pontos de vida. Caso o jogador não acerte esse golpe, ele pode tentar novamente até que a barra esvazie.
Os efeitos dos super ataques são fantásticos
Já o segundo super ataque causa muito mais dano e não requer a barra cheia, mas ele pode ser usado somente uma vez por luta, mesmo que não acerte.
A barra de raiva pode ser explodida também com o aperto de uma combinação de dois botões, criando uma nova barra temporária no canto da tela. Durante esse modo, o personagem fica mais forte e isso normalmente é utilizado como “último recurso” antes da derrota. Quanto menor a quantidade de vida do jogador, maior é o tamanho dessa barra, que vai se esvaziando aos poucos.
Com essa barra ativada é possível executar um golpe especial que acaba com cerca de 50% da vida do inimigo. Basta apertar um botão e tentar a sorte. Trata-se do mesmo movimento para qualquer personagem, ele atravessa rapidamente a tela e faz um corte rápido caso encoste no inimigo.
No entanto, estourar a barra de raiva faz com que ela desapareça até o fim da luta. Então o jogador tem que saber bem o que está fazendo. Apostar as fichas no momento certo e quem sabe, garantir a vitória.
Todos esses recursos funcionam em boa harmonia e ditam as regras do jogo. Do começo ao fim de cada combate, ganha quem fizer as escolhas certas ou quem se aproveitar melhor dos erros do outro. Posso dizer que o jogo brilha bastante nesse aspecto, e é algo que não via na série há bastante tempo.
Pode ser que alguns personagens estejam um pouco desbalanceados em relação a outros. Porém, trata-se de um jogo que irá receber várias atualizações, além de novos conteúdos. E acredito que podemos confiar no bom gosto da SNK para rebalancear esses pequenos problemas.
Um novo desafiante surgiu!
Dos personagens que retornaram dos jogos passado temos Haohmaru, Nakoruru, Genjuro Kibagami, Yoshitora Tokugawa, Ukyo Tachibana, Jubei Yagyu, Hanzo Hattori, Galford, Charlotte, Earthquake, Shiki, Kyoshiro Senryo e Tam Tam.
E quatro são estreantes: Yashamaru Kurama, Darli Dagger, Wu-Ruixiang e a chefe final Shizuka Gozen.
Os newcomers são muito bem-vindos!
Yashamaru é um samurai que se move pelas sombras com sua máscara de Karasu Tengu. Ele ataca utilizando sua espada e seus poderes místicos de tengu. Aparentemente tem ligações com Shizuka. Será?
Darli é uma engenheira de barcos que luta com uma enorme espada serrote. Extremamente forte, ela possui traços africanos, mas sua nacionalidade é indefinida. Seu estilo de luta é um pouco mais lento, porém poderoso.
Wu-Ruixiang pertence a um clã chinês de feng shui. Ela serve à dinastia Qing e, comandada por seu emperador, viaja pelo mundo com a missão de proteger seu povo. Ela pode evocar o poder de feras sagradas e até mesmo um dragão.
Shizuka já foi comentada aqui nesta análise. Com seu poder demoníaco ela assume uma forma bastante poderosa e flutua enquanto suas armas e leques pode atacar à distância.
Como sempre acontece na franquia, ela como último chefe fica mais forte assim que perde um Round. Sua arma é um tambor de dois lados conhecido com tsuzumi.
O combate contra ela é bastante inovador. Os golpes inicialmente causam baixíssimo dano, sendo necessário acertá-la várias vezes até quebrar sua postura. Assim que isso acontece, ela deixa de flutuar, ficando tonteada no chão por alguns segundos. Nesse momento o jogador precisa aproveitar para fazer combos ou utilizar super ataques.
Num primeiro momento a batalha pode parecer difícil pois Shizuka tem ataques bem poderosos e com longo alcance. Mas como tudo no jogo, é um verdadeiro jogo de xadrez, existe o momento certo para atacar e defender.
Shizuka é capaz de conjurar seu próprio cenário dentro da eternidade (purgatório)
Com o tempo, você acaba aprendendo a hora certa para cada ação e os super ataques ajudam bastante, principalmente no final do segundo round.
Jogando de várias formas diferentes
Jogos de luta surgiram no arcade. E se algum jogo de luta sai sem o famoso “modo arcade“, ele acaba tendo uma boa rejeição dos jogadores mais veteranos, como aconteceu com Street Fighter V.
Felizmente o novo Samurai Shodown tem esse modo, mas apelidado de “História“. É onde você enfrenta uma série de inimigos em ordem e então encara Shizuka como chefe final.
Embora o modo tenha esse nome, não espere uma interação muito grande entre os personagens, há algumas pequenas cutscenes entre as lutas, porém o que interessa mesmo é a primeira introdução e a cena do final, onde ficamos sabendo o que cada lutador irá fazer após a resolução do conflito.
Existe o modo versus para jogarmos contra um amigo e o modo online onde é possível jogar de forma casual ou rankeada. Nenhuma novidade aqui, vença seus adversários e vá subindo de patente online.
No online rankeado você sempre estará em busca do mais forte!
O modo dojo é interessante e também online, mas de maneira assíncrona. Conforme você joga, o jogo vai aprendendo a forma como você luta e cria um avatar baseado nessas informações.
Você pode enviar seu avatar para outros jogadores enfrentarem, assim como é possível baixar avatares de outros para enfrentar. É realmente interessante, e uma boa maneira de aprender novas táticas.
Quanto aos modos de treino, são dois. Um deles é o livre e o outro é o guiado. O guiado merece muitos elogios pois consegue ensinar todos os comandos de uma forma fácil e rápida. É altamente indicado para quem for jogar pela primeira vez.
Na batida do samurai
A trilha do jogo está muito boa e traz muito bem a vibe de Japão feudal, mantendo a qualidade geral da série. O tema dos créditos é uma das melhores faixas, e é cantado pela cantora Florence McNair.
Faltam algumas faixas famosas com o tema clássico do Galford ou da Nakoruru. Mas isso não chega a ser um grande problema já que as novas músicas também são legais com boa composição e arranjo.
O vem vem por aí
A SNK prometeu novas temporadas de personagens por DLC. Algo comum nos jogos de luta atuais. E a primeira, que chegará em breve, contará com Rimururu, Basara, Kazuki Kazama e Wan-fu.
Não duvido que novos cenários, músicas e rebalanceamentos sejam lançados também. Esse Samurai Shodown tem tudo para se tornar um grande título, não somente caseiro como também para o cenário de eSports. Ele tem regras bem definidas e justas. Acho bastante difícil que ele decepcione esse aspecto.
O que falta melhorar?
Como citei antes, alguns personagens causam bem mais dano que outros, como exemplo o Ukyo que é bastante poderoso. Enquanto isso, Kyoshiro é lento demais na maioria dos golpes, sendo alvo fácil para contra ataque.
Os personagens que retornaram de jogos anteriores estão muito bem caracterizados e fieis aos seus desenhos originais. A única que mudou muito, e sem motivo para tal, foi Charlotte, que teve sua armadura reduzida e está até mais sensual que o costume.
Anteriormente ela sempre teve um aspecto mais recatado, sem se importar muito com a aparência. Seus cabelos longos e batom em Samurai Shodown II aconteceram por um bom motivo: ela estava interessada em Haohmaru, mas ao fim do jogo, a desilusão a fez voltar ao que era antes.
No entanto, seu novo visual em 2019 não teve um bom motivo aparente. Será que veremos algum DLC da roupa clássica futuramente?
Consideração final
Samurai Shodown (2019) foi um grande acerto da SNK. Pode não ter os gráficos mais avançados do momento, porém, é muito belo. Sua jogabilidade cadenciada e estratégica é bastante acessível a jogadores veteranos e novatos.
São apenas 16 lutadores disponíveis, porém o futuro aparenta ser promissor. E se depender das vendas, que já estão indo muito bem no mundo todo, a vida deste jogo será bem longa.
A versão disponível para nós brasileiros está legendada com uma ótima tradução feita por Alexandre Pereira e Fernando Garcia. Isso ajuda muito a imergir na história do jogo e entender os objetivos de cada personagem.
Com certeza trata-se de um dos melhores lançamentos desse ano na categoria jogo de luta e merece ser apreciado com uma boa dose de sake, se você for maior de idade!
- A SNK nos forneceu uma cópia desse jogo para teste, versão PS4. Testada no PS4 Pro