Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection foi lançado há algumas semanas para vários consoles e PC. Trata-se de uma coletânea com muitos jogos clássicos das Tartarugas Ninja. Sendo treze no total:
- Teenage Mutant Ninja Turtles (Arcade)
- Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time (Arcade)
- Teenage Mutant Ninja Turtles (NES)
- Teenage Mutant Ninja Turtles II: The Arcade Game (NES)
- Teenage Mutant Ninja Turtles III: The Manhattan Project (NES)
- Teenage Mutant Ninja Turtles: Tournament Fighters (NES)
- Teenage Mutant Ninja Turtles IV: Turtles in Time (Super Nintendo)
- Teenage Mutant Ninja Turtles: Tournament Fighters (Super Nintendo)
- Teenage Mutant Ninja Turtles: The Hyperstone Heist (Sega Mega Drive)
- Teenage Mutant Ninja Turtles: Tournament Fighters (Sega Mega Drive)
- Teenage Mutant Ninja Turtles: Fall of The Foot Clan (Game Boy)
- Teenage Mutant Ninja Turtles II: Back From The Sewers (Game Boy)
- Teenage Mutant Ninja Turtles III: Radical Rescue (Game Boy)
Nos últimos anos a Konami tem publicado várias coletâneas como Arcade Classics Anniversary Collection, Castlevania Anniversary Collection e Contra Anniversary Collection (todos esses produzidos pela M2). The Cowabunga Collection segue o mesmo estilo e a mesma qualidade, porém, foi produzido pela Digital Eclipse.
Os jogos são emulados e, mesmo que sejam originários de consoles diferentes, seus emuladores funcionam bem. Existem pequenas melhorias ou ajustes em certos jogos, tornando a coleção mais relevante e oferecendo mais do que pode ser visto em emuladores não oficiais. O melhor de tudo é que essas mudanças não são obrigatórias e o jogador pode ativar quais quiser, sendo algo bastante personalizável (toma essa, Sonic Origins!).
Os jogos de NES ganharam muito com isso pois é possível remover a lentidão e o flickering (efeito que faz os sprites ficarem piscando na tela quando existem muitos aparecendo ao mesmo tempo). Outras modificações trazem modos mais fáceis ou difíceis, vidas infinitas, seleção de fases, etc.
Mas a mudança mais significativa está na adição do botão de corrida em Turtles in Time de SNES, algo que muitos fãs sempre gostariam que houvesse. Originalmente, neste jogo era preciso manter o direcional pressionado para um lado até a tartaruga começar a correr. Ou então, escolher a Corrida Manual no menu de opções, e assim, ela passava a ser acionada apertando duas vezes para um dos lados no direcional. Mas agora, com um botão dedicado a isso, o jogo ganhou mais agilidade, ficando quase tão rápido e dinâmico como o Hyperstone Heist de Mega Drive.
Todos os 13 jogos disponíveis podem ser jogados na versões americana ou japonesa (excetuando Tournament Fighters de NES), mantendo suas diferenças e censuras de cada região. Em relação aos jogos originais há poucas diferenças. Uma das mais notáveis é a retirada da propaganda da Pizza Hut nos cartazes da primeira fase de TMNT 2 de NES.
Outra mudança está na música de abertura do primeiro Arcade. Não é o tema original (que também tocava no desenho animado dos anos 80), porém, é um cover bem feito, mesmo que tenha muitos efeitos nas vozes.
Para quem curte assistir gameplays no YouTube, há uma opção de assistir aos jogos. A diferença é que não são simples vídeos, são gameplays acontecendo em tempo real. Você pode pausar, avançar ou mesmo retroceder. Há a possibilidade também de passar a controlar o jogo a qualquer momento. O bom é que você pode assistir o jogo passando algum inimigo, fase ou chefe e aprender como se joga.
Falando em retroceder, todos os jogos permitem que o jogador volte até 10 segundos para desfazer alguma ação indesejada. Além disso, há um menu de pause onde pode-se salvar e carregar o progresso. Infelizmente, só faltou uma print da tela mostrando onde o save foi feito, para o jogador ter certeza se quer realmente carregar ou sobrescrever aquele salvamento.
Nesse menu de pause também se encontra um guia de estratégia que simula revistas de videogame dos anos 90 dando dicas ou ensinando alguns truques. O triste é que a coletânea não possui localização. Todos os textos, menus e dicas estão em inglês (e os jogos japoneses em japonês, obviamente). Acho curioso que na maioria dos jogos indies há muito esforço para incluir tradução, já em jogos de grandes empresas, a prioridade é bem menor.
Existem três tipos de formato de tela e três filtros de imagem. Por serem todos jogos pixelizados, a resolução de tela menor funciona muito bem, mas pode-se “cometer o crime” de esticar a imagem na tela toda, deixando tudo bem deformado.
Entre os filtros o melhor é o “TV Filter” que adiciona leves scanlines horizontais. No entanto, nenhum deles consegue realmente simular a imagem das TVs de tubo antigas (igual alguns emuladores não oficiais fazem).
O modo Turtle’s Lair tem bastante conteúdo não jogável onde é possível ver as caixas e manuais dos jogos, propagandas em revistas, media kits, capas dos quadrinhos e prints de cenas dos desenhos animados (sim, não há um episódio completo se quer para assistir!).
Dá para acessar também os guias de referência do design das tartarugas, scans de concept arts dos jogos e muita coisa nunca antes vista. Pode-se também escutar a trilha dos jogos e comparar os temas que se repetem.
Para o modo online apenas alguns jogos estão disponíveis. São eles: TMNT (Arcade), TMNT: Turtles in Time (Arcade), TMNT: The Hyperstone Heist (Mega Drive), TMNT Tournament Fighters (Super Nintendo). Por algum motivo inexplicável, o Turtles in Time de SNES não pode ser jogado dessa forma, sendo esse o mais aclamado entre a maioria dos fãs dessa franquia. Espero que isso seja disponibilizado numa atualização futura.
É possível criar uma sala (lobby) ou entrar em alguma já existente. Dá para configurar o frame delay e definir se jogadores poderão entrar após a partida ser iniciada. Isso é bacana pois, quando você escolhe um jogo, dá para entrar numa partida de outra pessoa já iniciada e continuar o jogo de maneira cooperativa (quando não se trata do Tournament Fighters, claro).
Durante os jogos não notei nenhum tipo de bug, no entanto, tem um que acontece com Turtles in Time do SNES. No menu de modificações pode-se escolher em qual fase o jogo irá começar antes de iniciá-lo. Quando o jogador inicia o jogo e seleciona uma das tartarugas, a fase escolhida aparece em seguida. Porém, se o jogo começar e o jogador entrar no “Options”, a modificação é anulada e a fase que aparece é a primeira. Testei em Hyperstone Heist e TMNT 3 para ver se o mesmo acontecia e o resultado foi diferente: a fase escolhida continuou aparecendo, mesmo ao entrar no “Options”. Ou seja, se você quiser escolher uma fase no Turtles in Time (SNES), deverá jogar nas configurações padrões do jogo.
Falando sobre os jogos, os melhores e mais divertidos com certeza são os dois Arcades e os de Mega Drive ou Super Nintendo.
Não posso deixar de citar TMNT 3 de NES, que é uma daquelas joias raras um tanto obscuras. Mas agora tem uma chance de ser mais reconhecido, embora não seja muito fácil para iniciantes. Trata-se de um jogo com boa variação de inimigos e com temas de fases criativos que fazem sentido dentro do enredo. A jogabilidade é mais refinada em relação ao jogo anterior e é um título exclusivo do console.
Cada um dos Tournament Fighters tem jogabilidades e personagens completamente diferentes. Vale pela curiosidade ter os três na coletânea, porém, o de SNES é o mais interessante e completo. A versão para Mega Drive é bem estranha, não sei de onde inventaram de fazer um plot tão maluco, com um torneio acontecendo em vários planetas, além de possuir uma vibe destoante meio dark.
Turtles in Time de SNES é o queridinho dos fãs das Tartarugas Ninja. A adição do botão de corrida tornou mais fácil fazer o agarrão após atordoar os inimigos com a ombrada. Ainda assim, depois dessa ombrada ainda é preciso dar um ligeiro passo para frente para executar o agarrão, ou a tartaruga apenas dará um chute que derruba o inimigo. O hitbox continua curto, exigindo que o jogador se alinhe horizontalmente com mais exatidão ao inimigo.
É por isso que Hyperstone Heist continua tendo uma jogabilidade mais dinâmica. Além do botão de corrida já ter vindo de fábrica, o hitbox para executar o agarrão é mais generoso e não precisa estar tão alinhado ao inimigo. A tartaruga também não executa o chute após a ombrada, partindo direto para o agarrão. E outro detalhe, em HH a tartaruga sempre bate o inimigo 3 vezes no chão, dando maior chance do jogador acertar outros inimigos ao redor. Em Turtles in Time, o número de vezes varia, dependendo do restante de vida do inimigo, sendo um movimento com resultado mais aleatório.
Os três jogos para Game Boy tem jogabilidade bem simples e limitada. O primeiro deles é até interessante, o segundo piorou muito em no geral. Já o terceiro é um quase-metroidvania com exploração em vários cenários. O que desanima nesses jogos são os controles duros e o péssimo alcance dos ataques. Para quem tem curiosidade de terminá-los as opções de salvar progresso ajudam muito.
Vi um Youtuber americano reclamando que os jogos dessa coleção tem 6 frames de input delay e que isso os torna injogáveis, já que originalmente o delay é de 1 ou 2 frames. Eu sinceramente não notei esse problema e acredito que 6 frames é algo bastante aceitável.
Atualmente, jogos jogados via nuvem tem um atraso de resposta bem maior e muita gente diz não se importar ou nem perceber. Então, esses 6 frames realmente parecem inofensivos, principalmente porque os jogos rodam a 60 frames por segundo e 6 frames são 1/10 de segundo.
Após o sucesso do novo Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge (da Dotemu), que foi lançado alguns meses atrás (e você pode conferir nossa review clicando aqui), a coletânea Cowabunga Collection traz agora a experiência original dos jogos clássicos. Quem já era fã vai poder curtir novamente. Quem virou fã a partir de Shredder’s Revenge, agora tem a opção de conhecer o legado das tartarugas mais famosas dos jogos, quadrinhos, filmes e desenhos.
Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection está disponível para Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One, PC Windows, Xbox Series X e Series S e PlayStation 5.
- A Konami nos enviou uma cópia digital do jogo para essa review. Versão PS4, testada no PS4 Pro.
ANÁLISE
Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection
Uma coletânea bem completa com muitos jogos e poucos problemas.
PRÓS
- 13 jogos é bastante conteúdo
- Os modificadores dos jogos trazem uma experiência inédita
- Concept arts foram divulgados pela primeira vez
- Várias opções de dificuldade para ajudar jogadores novatos
CONTRAS
- Turtles in Time de SNES não pode ser jogado online