Neste final de semana – 15 e 16 de novembro – 60 candidatos irão se encontrar na escola de arte digital Saga – unidade de Guarulhos -, para a última fase da seleção de emprego dos sonhos: jogador profissional de e-Sports. Durante os dois dias, além de jogarem League of Legends (LoL) sob condições intensas tanto do ponto de vista técnico como emocional, eles passarão por uma entrevista individual. O tryout encerra o processo de escolha dos dez atletas que irão compor os dois primeiros times da Behive, startup voltada à formação de equipes para competir no cenário profissional de e-Sports.
“O tryout é só mais uma etapa de um modelo absolutamente inovador de montagem de time de e-Sports no Brasil, e abre um novo capítulo na história dos cyber atletas”, diz Anderson Lourenço, um dos idealizadores da Behive. Segundo ele, do nome do time – Behive – , até a comissão técnica, incluindo coach de carreira para os jogadores, da logomarca ao regime de gaming office, tudo foi cuidadosamente planejado e nada surgiu por acaso. “Se queremos que o e-Sport seja visto com a mesma seriedade de outras modalidades esportivas, que seus praticantes sejam reconhecidos como atletas pela família e pela sociedade de forma geral, e que esse seja um negócio interessante para toda a cadeia do entretenimento, é preciso que os times tenham uma estrutura empresarial e uma gestão profissional”, afirma o porta-voz institucional da Behive.
O coach técnico do time, por exemplo, Guilherme “Necro” da Silva, foi uma das primeiras contratações da Behive. Experiente, ele diz que não bastam bons jogadores para se montar uma equipe profissional. “Vou fazer o trabalho de um verdadeiro treinador: pegar talentos da base e transformá-los em campeões. Esse é o meu desafio pelos próximos anos na Behive”, afirma.
Guilherme “Necro” da Silva (camiseta preta)
Tryout: peneira sim, panelinha não
Os 60 candidatos que participam do tryout neste final de semana e querem ser um dos dez primeiros e-atletas Behive saíram de um processo que começou em abril, quando quase mil interessados se inscreveram pela página do Necro no Facebook. Dos mil inscritos, apenas 400 atendiam os requisitos mínimos para avançar na seleção, ou seja, ensino médio e 18 anos completos ou completados até 01 de janeiro de 2015 e o nível Diamond no jogo.
Depois, em junho, os 400 qualificados passaram por uma avaliação de perfil comportamental, o Apogeo. “Trata-se de um instrumento de diagnóstico preciso, que tem sido utilizado com sucesso nos processos de coaching de grandes empresas e que, entre outras coisas, avalia os objetivos pessoais, motivação e estratégias de comunicação, as competências do analisado e a correlação com as competências do cargo, e a relação entre potencial e conduta e seus efeitos na performance”, explica a master coach Miriam Tsugawa, idealizadora da Behive ao lado de Anderson Lourenço. Dos 400 submetidos ao Apogeo, foram selecionados e convocados 100 candidatos para a fase final, sendo que 40 desistiram do tryout por não terem como se manter em São Paulo, caso fossem os escolhidos.
“Entendemos esse processo como uma forma democrática de abrir uma oportunidade para quem quer ser um atleta profissional de e-Sports. Ou seja, o jogador que quer jogar profissionalmente não precisa montar um time com os amigos, que muitas vezes têm objetivos diferentes, e, sim, passar por um processo seletivo comum no mercado, inclusive esportivo”, explica Lourenço.
O Apogeo, por exemplo, foi ideia da master coach Miriam Tsugawa, que pretende reproduzir na Behive modelos de negócios bem sucedidos a partir do autoconhecimento e do desenvolvimento pessoal. Também é dela o conceito que está por trás do nome e da logomarca do time. “A ideia é de trabalho e cooperação, como acontece numa colmeia (hive, em inglês) onde as abelhas trabalham de forma organizada e harmônica para o bem-estar comum. Por isso também a junção com be, do verbo ser em inglês”, explica Miriam, que ainda é responsável pela entrevista individual que será feita com cada um dos 60 candidatos ao cargo de e-atleta profissional da Behive e que será coach de carreira dos jogadores.
Gaming Office – Mercado de gente grande pede infraestrutura profissional
Em 2013, 71 milhões de espectadores acompanharam as partidas de e-Sports no mundo, e mais de US$ 25 milhões foram distribuídos em prêmios. Este ano, a final do Campeonato Mundial de LoL foi no Sagan, um dos estádios da Copa do Mundo de Futebol de 2002, na Coréia do Sul, e a equipe vencedora faturou US$1 milhão. No mundo, mais de 67 milhões de pessoas jogam League of Legends, e esse é apenas um MOBA (Multiplayer Online Battle Arena), como são conhecidos os games que misturam estratégia em tempo real e RPG. “Com números tão grandiosos e em franca expansão também no Brasil – a final do Campeonato Brasileiro de LoL, por exemplo, aconteceu no Maracanãzinho lotado – é preciso lutar por um lugar no cenário mundial, e isso passa por uma infraestrutura profissional”, analisa Lourenço.
Final do Campeonato Mundial de LoL em 2013
No caso da Behive, uma das iniciativas inovadoras nesse sentido é a adoção do modelo de gaming office. Na contramão da maioria das equipes, que mantém os jogadores profissionais nas chamadas gaming houses, os jogadores da Behive se prepararão em um escritório, que até será lúdico, de acordo com o perfil do negócio, mas em nada lembrará o ambiente doméstico. “Nos inspiramos nas outras modalidades esportivas, em que os atletas vão para seus clubes treinar mas voltam para suas casas e levam uma vida social como qualquer outra pessoa”, explica Lourenço. “Dessa forma, também estimulamos nossos atletas a continuarem seus estudos”, acrescenta Miriam.
Os dez selecionados pelo tryout começam a ‘trabalhar’ em janeiro de 2015, quando será anunciada a localização do escritório e outras informações sobre o espaço, horários de treinamento etc. Os jogadores da Behive também terão remuneração mensal e outros direitos comuns aos trabalhadores brasileiros.
Inicialmente, os dez jogadores irão compor dois times de LoL e a expectativa é de, em 2015, disputarem o Campeonato Brasileiro de League of Legends e, em 2016, vencerem alguma competição.
Sala de Aula da Saga em Guarulhos
O tryout começa no sábado, às 8h30, com uma apresentação da master coach Miriam Tsugawa, e um briefing do técnico Necro. Na sequência e até às 18h acontecerão as partidas de LoL e as entrevistas individuais. No domingo, a programação continua com partidas e entrevistas. Os dez selecionados serão conhecidos na semana de 17 a 21 de novembro.
A Saga, escola de arte digital com oito unidades em quatro estados, e tradicional apoiadora de iniciativas relacionadas ao universo dos games, é parceira da Behive na realização do tryout. “Tudo o que precisávamos para realizar a última fase do processo seletivo encontramos na Saga: máquinas potentes, espaço para acomodar os jogadores e seus acompanhantes, colaboração de quem está acostumando a lidar com esse público, enfim, o ambiente perfeito e ideal para recepcionarmos os candidatos a jogadores profissionais de e-Sports”, finaliza Lourenço.
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