Sonic, o ouriço – E sua fanbase problemática

Hoje em dia não é fácil ser fã de alguma coisa. Mesmo entre pessoas que gostam de algo, seja uma franquia de filmes, um seriado, um personagem, um grupo musical, o que seja, existem divisões. Com grupos de opiniões opostas discutindo, brigando e regado a muita polarização…

Infelizmente, com os fãs do Sonic não poderia ser diferente. Dentro de sua fanbase (grupo de fãs) as mais variadas opiniões geram intensas discussões em grupos e fóruns da internet. E cada grupo sempre precisa atacar o outro lado para defender o seu.

Claro que nem sempre é “8 ou 80”, no meio deles existem fãs sensatos, que enxergam os exageros de cada lado e preferem não aderir a eles. E os maiores motivos dessa separação entre os fãs do Sonic são seus jogos (antigos e os novos), a divisão em “eras” por conta do design dos personagens, e com isso toda uma nostalgia envolvida.

De quem é a culpa?

Parte da culpa é da própria SEGA (dona da franquia) por várias decisões duvidosas com o passar do tempo. Mas outra parcela é dos próprios fãs…

Após passar a geração do Sega Saturn sem nenhum jogo da linha principal de Sonic, a SEGA resolveu repaginá-la. E isso é algo comum em produtos desse tipo, nem sempre sendo motivo para polêmica.

Porém, esse hiato entre o Sonic antigo e o novo foi de 5 anos. Alguns fãs curtiram a ideia da remodelagem, outros torceram o nariz. E além disso, novos fãs surgiram a partir do novo Sonic.

Assim, a divisão inicial foi criada.E não somente Sonic e sua turma foram modificados, como vieram uma série de novidades para os jogos, como vozes, cenas cinemáticas em computação gráfica e um enredo mais complexo. Tudo se distanciava bastante dos jogos anteriores.

De qualquer forma, a nova cara do Sonic funcionou em geral. Porém, com o lançamento de alguns jogos de baixa qualidade, a rixa entre classicistas (fãs dos jogos clássicos) e modernistas (fãs dos jogos “modernos”) só aumentou.

Mais divisão

Para tentar remediar, a SEGA tentou em Sonic Generations (2011) fazer algo para agradar os 2 públicos e trouxe o Sonic Clássico ao lado do novo, num jogo onde os 2 poderiam ser alternados durante as fases.

Isso seria a solução perfeita, não fosse o fato que acabou dividindo ainda mais os fãs. Já que, como agora haviam dois personagens diferentes canônicos, os classicistas realmente não tinham nenhum motivo para gostar do Sonic Moderno.

Pelo menos Sonic Generations foi extremamente bem recebido. Afinal ele trouxe os dois estilos de jogabilidade mais queridos entre todos os fãs. Foi aí que a SEGA achou ter descoberto a receita do sucesso, e lançou em 2017 Sonic Forces, um jogo que trouxe novamente os 2 Sonics.

Infelizmente, Forces foi um jogo com vários problemas. Um deles foi trazer o Sonic Clássico novamente. Ele ficou bem deslocado, e suas fases curtas de 1 a 2 minutos não traziam nada de novo para o game.

Fora isso, o jogo tentou trazer uma premissa mais séria, mais adolescente, mas não a desenvolveu bem. E também veio com problemas de jogabilidade, algo que os outros jogos do mesmo estilo não tinham (Sonic Unleashed, Colors, Generations).

Com a recepção mediana de Forces, vimos os Modernistas defendendo os defeitos do jogo com unhas e dentes. E os Classicistas dizendo que o jogo era um completo lixo, preferindo Sonic Mania, um jogo lançado no mesmo ano, porém com gráficos e jogabilidade extremamente fiéis aos jogos do Mega Drive. Mas ele era tão fiel ao passado que esqueceu de inovar com novas fases ou uma história mais interessante.

Desde então, a SEGA não lançou mais nada sobre Sonic até este mês, quando Team Sonic Racing chegou. Mas esse não é um jogo da linha principal.

Ele é um jogo de “corrida com trapaça” que continua a série spin off iniciada em Sega Superstars Tennis, seguida por Sonic and Sega All-Stars Racing e Sonic All-Star Racing Transformed.

Team Sonic Racing foca na jogabilidade em times, lembrando o que vemos em jogos online cooperativos, tipo os mobas ou FPS. Suas pistas são inspiradas em jogos a partir da reformulação do Sonic, ou seja, da época do Dreamcast para frente.

Mas suas músicas são remixes que contemplam a franquia como um todo. E até agora não via a fanbase ter algum tipo de discussão sobre ele. Aparentemente, ele está sendo bem recebido por todos.

Fazendo aqui um adendo, entre os fãs existem também os “Adventuristas”, que seriam aqueles que preferem o Sonic durante os jogos Sonic Adventure 1 e Sonic Heroes. Mas em geral eles não tem tanto problema com os jogos recentes ou antigos.

A briga maior fica mesmo entre quem prefere os jogos clássicos e modernos.

Existe uma solução para a união da fanbase?

É difícil responder… mas isso está principalmente nas mãos da SEGA. Ela teria que criar um jogo para agradar todo mundo, ou ao menos, a grande maioria dos fãs. Precisaria ter apenas um Sonic, um estilo de jogo e não ter problemas de jogabilidade.

Porém, sendo realista, é bem difícil disso acontecer. Não só porque grande parte dos fãs já estão pré dispostos a não gostar de qualquer novidade “moderna”, mas porque a própria SEGA não perde o costume de lançar jogos de forma apressada e com pouco polimento. Trazendo problemas que já haviam sido sanados anteriormente, ou alguma “surpresa” que fuja do que faz os jogos do Sonic serem jogos do Sonic.

Mesmo alguns influenciadores (não todos) pela internet que abordam a franquia Sonic não tem interesse em tentar resolver a questão, afinal, a discórdia sempre é um dos elementos que mais trazem engajamento, views, comentários, etc.

Por isso, é a SEGA quem deveria tentar mostrar que se importa com todos os fãs da franquia, sem tentar separá-los. Mostrar que se importa tanto com eles como coma franquia em si.

Demonstrar insatisfação com aquele Sonic criado para o filme em live action da Paramount já foi um grande passo. Tanto é que as reclamações foram acatadas, o filme foi adiado e passará por uma reformulação.

Mas ainda falta alguém tomar a frente para defender o Sonic das brigas dentro de sua fanbase!

E você, está em algum dos lados dessa “treta”? Acha que isso vai acabar algum dia?