Análise: Need for Speed: O filme (sem spoilers)

Baseado na franquia de jogos de corrida “Need for Speed”, o filme com o mesmo nome estreia hoje nos cinemas.

Ainda bem que não traduziram o nome pois seria estranho “Necessidade de Velocidade” ou algo do tipo, mas espera só ele passar no SBT ou Record. Tenho certeza que manter o nome original foi imposição da Electronic Arts, dona da franquia NFS e que licenciou o filme para ser produzido pela DreamWorks SKG.

“Need for Speed” conta a história de Tobey Marshall (Aaron Paul) que possui uma oficina mecânica e costuma participar de corridas ilegais. Num certo ponto do filme, ele é traído pelo vilão do filme, o que gera um motivo para que Tobey queira vingança.

Mas essa vingança acontece atrás dos volantes, nas estradas. O filme começa mostrando detalhes do passado do Tobey, alguns troféus em sua oficina, fotos de família, fotos de carros antigos e famosos. Talvez esse ponto seja para lembrar o espectador sobre a paixão que os produtores dos jogos Need for Speed tem por corridas de carro.

Isso não chega a ser monótono pois em seguida acontece uma corrida simples (quantos filmes com este tema não tem cenas de velocidade logo no início para manter o público interessado?).  Neste local conhecemos um antigo caso amoroso e mal resolvido de Tobey, a  Anita (Dakota Johnson) e Dino Brewster (Dominic Cooper), o “corredor maligno”. O filme também nos apresenta Benny (Scott Mescudi), o GPS ambulante e o atalho para construir as cenas mais malucas, falarei dele mais tarde.

Basicamente, qual era a treta? Além de ser um campeão famoso nas corridas ilegais, Dino está namorando Anita, a garota que Tobey arrasta uma asa. Clichê? Bom, parafraseando o Guru du Gugu: “talvez”…..

Em sua oficina, Tobey tem um grupo de amigos com quem trabalha. Mas o negócio não vai bem e as contas não estão sendo pagas. Eles precisam arrumar dinheiro para manter a oficina aberta, eis que surge Dino (não o da Família Dinossauro) e oferece para Tobey a chance de consertar um raro protótipo de Ford Mustang, garantindo para ele parte do valor da venda do carro.

Tobey aceita a proposta e então eles saem para vendê-lo num tipo de exposição. Neste lugar o filme nos apresenta Julia Maddon (Imogen Poots), uma garota inglesa cheia da grana que curte carros exóticos. Ela se interessa pelo Mustang protótipo e acaba o comprando.

Mais tarde, durante um racha entre  3 Koenigseggs Agera R, valendo o valor total da venda do Mustang, Dino provoca um acidente em um dos outros adversários e desaparece do local, assim, a culpa cai sobre Tobey, que parou para ajudar a vítima. Então Tobey acaba sendo condenado à 2 anos de prisão por homicídio.

Obs: Tudo isso que eu contei até agora não é muita novidade pois, pode ser visto no trailer que é muito mais revelador. Veja por sua conta e risco.

Após sair da prisão, Tobey pensa apenas em vingança. Mesmo contra sua vontade, ele recebe ajuda de Julia e seu Mustang. Assim, mesmo com a oficina fechada, Tobey sai à procura de seus antigos amigos para poder expor o verdadeiro criminoso. Existe uma corrida especial que acontece todo ano, onde Dino sempre corre, mas poucos são convidados para ela. Para receber um convite, os corredores tem que antes provar suas qualidades e Tobey começa a focar nisso.

A partir daí, Julia e Tobey seguem para o local onde acontece essa corrida e vemos grande parte das cenas de perseguição e explosões que te fazem pensar no videogame. Aliás, enquanto a disputa inicial lembrava Need for Speed Underground, este meio do filme remete ao NFS The Run.

Existe um narrador de corridas ilegais que as transmite pela internet (não sei como ele não é pego…). Trata-se de Monarch (não é o cara que posta gameplays no YouTube) e é interpretado por Michael Keaton (olha só o Batman aparecendo de novo por aqui, assim como no review do remake de Robocop). Seu papel não é tão importante, embora seja ele quem escolhe os corredores da “grande corrida”.

No geral, o filme é mediano e recomendado para quem curte o estilo. As cenas de corridas são muito boas, as tomadas e a fotografia são muito boas. Você percebe a influencia de alguns jogos da franquia NFS, no entanto, se o filme tivesse outro nome, não faria muita diferença.

Acho curioso não haver cenas de Tobey na cadeia. Ele vai preso e na cena seguinte vemos ele saindo. Você não tem impressão que ele realmente esteve lá e acaba não se importando tanto com o problema do personagem.

Para viabilizar as cenas de corrida e perseguição mais legais do filme, os roteiristas criaram o personagem Benny que parece estar sempre preparado para improvisar a bordo de um avião ou helicóptero, servindo de suporte para Tobey. Ele faz serviço de GPS, guincho, ambulância, cinegrafista. E claro, tudo de forma ilegal. Te fazendo pensar: Como nunca pegam esse cara?

O grande vilão Dino é detestável desde o início. Não dá para você ir com a cara dele, que está sempre tramando para os outros e se achando o Pikachu das galáxias. Diria até que o ator trabalhou muito bem pois não é possível gostar do persoangem, nem a Anita gosta. Ainda assim, é um pouco burro pois ele não esconde seu crime tão bem.

Já Tobey é um pouco fraco. Não é um personagem principal tão carismático. Faltou algo que fizesse eu me importar mais com ele. Julia é meio irritante no começo, mas acabei gostando do jeito britânico dela. A parte legal é que ela não é a garota indefesa que cria problema para o Tobey, ela age quando é preciso.

Bom, existe uma cena de nudez durante o filme que achei desnecessária. Era para ser engraçada, mas não ri e não ouvi ninguem rindo durante a sessão.

As comparações com a séries de filmes Velozes e Furiosos são inevitáveis. Infelizmente existem fãs de Toretto e companhia que não assistiram Need for Speed e já o acusaram de ser uma cópia ruim. O que é uma pena….

Need for Speed tem uma pegada diferente. Em “Velozes” havia um foco nas corridas ilegais e depois voltou-se para um estilo de ação policial. Os personagens estão em todos os momentos com os melhores carros tunados, planejando assaltos ou outras coisas do gênero.

Em Need for Speed há somente o desejo de vingança de um personagem que foi preso injustamente e mesmo estando em liberdade condicional irá fazer de tudo para expor o verdadeiro criminoso, mesmo que ele tenha que sacrificar sua liberdade. E tirando o amigo milagroso que está sempre voando por aí, Tobey não tem tempo nem dinheiro para manter os veículos 100%, o que faz ele ter que sobreviver com o que tem.

O roteiro fecha bem tudo que é proposto. Não existe nenhuma lacuna para continuação, mas caso aconteça, novos obstáculos, corridas e inimigos deverão surgir na vida de Tobey

Como disse no início, recomendo Need for Speed para quem curte filmes de corrida. Os fãs da série de jogos de corrida da EA podem até curtir, mas não há muita graça quando você não pode controlar o carro.

NOTA:3.5

Visite o site oficial da franquia Need for Speed: https://www.needforspeed.com/pt_BR/movie