Ambicioso, “NOÉ” tenta transformar uma passagem bíblica em um filme épico e longo, muito longo.
Após destruir Krypton com fogo, Russell Crowe inundar a terra. Brincadeira, essa foi para descontrair….
Fui ao cinema assistir esse filme e não sabia o que esperar. Pelos trailers, imaginei que seria mais focado nas cenas de batalha do que no dilúvio em si. Curiosamente, a batalha épica está no filme, mas ocupa apenas um dos três arcos que compõe “Noé”.
Embora seja baseado na Bíblia Cristã, o filme se mostra bem diferente em muitos aspectos. E ele é bem didático para quem não conhece as antigas escrituras. Logo no início falam sobre Adão, Eva, Caim, Abel, o Jardim do Éden, o Pecado Original, entre outras coisas.
Isso serve para sabermos qual é a linhagem de descendência de Noé e também a origem dos povos e seus conflitos. Em seguida, conhecemos a família de Noé, suma mulher e filhos.
O mundo, que parece ser um grande continente, está completamente destruído, a caça está cada vez mais difícil, o solo está seco e os humanos continuam sua rixa com os gigantes de pedra.
E nesse tempo, Noé começa a ter pesadelos e visões sobre o fim do mundo, o que o leva a crer que é um sinal divino, que a humanidade está condenada e que ele foi escolhido para salvar os animais inocentes do mundo. Isso é bem diferente do que diz a Bíblia, pois lá Deus fala claramente com Noé, o auxiliando a criar a Arca. Então, este tenta avisar os humanos que o mundo acabará no dilúvio só que ninguém da ouvidos a ele.
No filme, no entanto, os outros humanos liderados por um rei, percebem que os animais estão indo em direção à arca. Quando descobrem o que está para acontecer, eles tentam tomar a arca à força. Aí temos a guerra de humanos contra os gigantes de pedra (estes protegem a arca após descobrir que Noé tem uma missão divina).
Num primeiro momento, o filme mostra a caminhada de Noé e sua família na procura de seu pai, que irá o auxiliar a começar a construir a arca. Em seguida, temos a construção e a guerra, onde o dilúvio começa. Num terceiro ponto, temos um drama familiar e o término da chuva que estende o filme que aparentava estar acabando.
Infelizmente, nem tudo corre tão bem no filme. Ele poderia ser mais curto, existem cenas extensas e um pouco cansativas. Noé está sempre sofrendo com as visões e isso se torna muito confuso. Tem horas que se trata de um pesadelo, em outras é um delírio que começa sem avisar e a após algum susto ou espanto, a cena volta para a realidade. Usam tanto esse recurso que atrapalha o andamento do roteiro.
Há um tipo de cena que aparece duas vezes, quando um filete de água começa a percorrer o solo. Usaram fotos trocadas em alta velocidade para mostrar variados tipos de cenário, enquanto a água avança pelo mundo. Nessa hora cheguei a ficar um pouco tonto. Imagino como foi para quem fosse mais sensível a mudanças bruscas de cor na tela.
Os efeitos especiais são muito bons. Temos o nascimento de uma enorme floresta ao redor da montanha onde Noé inicia a construção da arca. Essa cena é muito bonita. Outra que me chamou a atenção é quando Noé visita o acampamento dos outros humanos e presencia momentos de loucura e irracionalidade, com pessoas tendo atitudes repugnantes em troca de comida. Isso faz o protagonista ver que realmente os humanos não têm salvação.
Após o dilúvio, temos uma mudança grande no roteiro. As decisões que Noé deve tomar colocam em prova sua fé em Deus e isso afeta sua família, incluindo Ila (interpretada por Emma Watson) que é praticamente uma filha adotiva que eles resgatam no início do filme e passa a viver com eles.
Algo que chamou muito minha atenção é que, embora não tenha sido gravado em 3D, o efeito está muito bom neste filme. Existem muitas cenas de close nos personagens. Nessas ocasiões dá para perceber bastante profundidade, é muito bacana. Há diferença de relevo entre o rosto, o capuz e a enorme mochila que eles utilizam para viajar.
“Noé” é um filme que tenta ser voltado para um público mais amplo pois ele trata a passagem bíblica como mitologia e explica bem para quem é leigo no assunto. No entanto, o tempo de filme é muito longo, muitas cenas são maiores do que deveriam, tendo assim, muitos pontos cansativos durante todo o filme. A atitude de alguns personagens não fazem muito sentido, você pensa “Por que eles não fizeram isso antes?” ou “Por que eles estão tomando essa atitude se poderiam resolver de forma mais prática?”.
Sem revelar o final, posso dizer que alguns personagens não tem um desfecho, você não sabe o que acontece com eles, o filme simplesmente não revela nada.
Por conta de tantos problemas, minha nota não será muito alta. Recomendo “Noé” para quem realmente deseja ver uma versão hollywoodiana dessa história. Não sei se irá agradar a todos, como o filme se propõe, existem elementos básicos de um filme blockbuster, mas eles não foram tão bem empregados.
Nota: 2.5 de 5
Pô cara, broxei :/