Chega aos cinemas o filme “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” adaptado do mangá criado por Masamune Shirow e do longa em animação de Mamoru Oshii.
Assim como a animação tinha história um pouco diferente do mangá, o filme também altera alguns elementos, criando sua própria versão, porém, mantendo-se fiel ao material original.
O ano é 2029 e tornou-se comum o aperfeiçoamento do corpo humano através de implantes tecnológicos. Enquanto muitas pessoas tem apenas partes de seus corpos modificados, a major Mira Killian (Scarlett Johansson) é a primeira de sua espécie em que apenas o cérebro é humano, tendo todas as suas outras partes de origem sintética.
Sendo um símbolo de experimento bem sucedido para a empresa que a criou, a Hanka Corporation, Mira passa a trabalhar na Section 9, um departamento especial da polícia.
Quando executivos de cargos altos da Hanka é assassinado e Mira começa a investigar os motivos, ela passa a descobrir mais sobre seu passado, sua criação e que nem tudo que dizem para ela é a verdade.
Um dos aspectos que primeiramente mais chamam atenção no filme com certeza é seu belo visual. Os cenários, as roupas, a visão panorâmica da cidade, as cenas de ação, são um verdadeiro show.
Merece destaque as cenas onde vemos os implantes serem removidos ou recolocados nos corpos pois tudo parece muito real.Para as pessoas que nunca leram o mangá ou viram a animação, não será problema nenhum ir direto ao novo filme pois ele é muito bem explicado, bem construído e se desenrola bem.
Não existem momentos maçantes, o roteiro parece ter sido feito e revisado várias vezes para que a experiência seja a mesma entre os fãs de longa data e para o novo público.
Existem muitas referências ao mangá, indo desde cenas conhecidas até nomes de personagens e locações.
O passado de Mira vai sendo descoberto aos poucos e alguns momentos são bastante emocionantes. Momentos esses que deixam a protagonista mais forte e a levam ao seu grande desfecho.
Diferente do filme, Mira tem uma relação mais forte com seu chefe Aramaki e seu parceiro Batou. É muito perceptível a confiança que eles tem em Mira, principalmente nos momentos mais cruciais.
Há também uma boa introdução antes de chegarmos aos momentos iniciais da animação. Isso dá um background melhor sobre os personagens e facilita o entendimento do roteiro.O filme aborda o tema de implantes cibernéticos e a perda da alma humana mas não chega a ser muito profundo nesse ponto. De qualquer forma, ele mostra que esse é o futuro para o qual estamos caminhando. Mas diferente da realidade, o estilo cyberpunk do filme vê isso como algo não muito positivo.
O final do filme é bem conclusivo mas tem aberturas para continuações.
A trilha é muito boa e ambienta bem, principalmente em cenas de ação, embora não seja memorável.
Não consigo ver motivos para um fã da franquia desgostar desse filme. Ele é bem redondo do começo ao fim e entrega o que promete.
Mamilos polêmicos
Sobre a Dreamworks ter escolhido a Scarlet Johansson para viver a protagonista já vi muita reclamação na internet dizendo que deveriam ter escolhido uma atriz oriental.
Pois é, deveriam mesmo. No entanto, todo mundo sabe que a escolha da Scarlett foi para poder atrair o maior público possível ao cinema, já que ela está em evidencia nos dias de hoje. E com isso, garantir que todo o dinheiro investido na produção do filme tivesse retorno.
Claro que uma atriz oriental deixaria a obra mais fiel ao mangá original. Mas o intuito não era insultar os orientais. Na verdade, eles são muito respeitados no filme, o chefe Aramaki por exemplo, tem uma presença forte, e até a protagonista original do mangá, Motoko Kusanagi, tem uma grande importância no roteiro.O Aramaki mesmo fala em japonês durante o filme todo. Não interessa se os americanos odeiam ler legenda, elas estão lá! E o ator que o interpreta é Takeshi Kitano, um dos mais famosos atores (e diretores) do Japão e que já esteve em muitos filme de sucesso como Zatoichi e Battle Royale 1 e 2.
O caso do novo filme de Ghost in the Shell é bem diferente daquela novela da Globo onde colocaram um personagem ocidental para interpretar um japonês fechando bem os olhos em todas as cenas que aparece. Infelizmente, como esse é um review sem spoilers, não poderei comentar mais sobre isso…
Hoje em dia acontece muito de mudarem a etnia de personagens em filmes originários de mangás ou livros. Tornou-se algo comum e em Ghost in the Shell esse é só mais um dos casos.E para finalizar… o estúdio é americano. Eles estão financiando o filme e, a partir do momento que eles pagaram pelos direitos do remake, eles podem colocar quem quiserem como protagonista.
Concluindo
“A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” é uma ótima adaptação que torna o assunto abordado pela franquia muito mais acessível a todos. Com um roteiro mastigado, ótima direção, e belas cenas de ação é um filme bem acima da média e merece ser assistido no cinema em 3D.
Se você lembra das atrocidades feitas na adaptação americana de Dragon Ball nos cinemas será capaz de ver uma grande evolução na adaptação de Ghost in the Shell…
TRAILER FINAL
BASTIDORES DA PRODUÇÃO
Agradecemos a Paramount pelo apoio. Conferimos a sessão para imprensa em versão 3D e legendada.
Gostei da critica. Respondendo a pergunta no tópico, eu como fã, achei que faltou um pouco daquela melancolia e peso característico tanto do anime quanto do mangá. As coisas nesse filme são mais em um tom falso de melancolia. Ele não te prende e te afunda de jeito. Vai simplesmente acontecendo e é só. As modificações na história não chegam a ser ruins, mas a subutilização dos personagens secundários da Seção 9 me incomodou um pouco. Eles são praticamente descartáveis.
Em outras palavras, e utilizando da metáfora que é o nome da própria obra: O filme tem uma Casca incrível, mas falta um pouco do Fantasma.
Mira Killian ?
Não era Motoko Kusanagi no original ?
Valeu pelo comentário, Pedro. O nome original faz parte do filme, mas não posso comentar muito porque seria spoiler.