É bom ver que os eventos presenciais estão voltando ao normal. Por conta da pandemia foram 2 anos de adiamentos e cancelamentos, ou então, edições online que definitivamente não tinham a mesma graça.
O Anime Friends retornou este mês em São Paulo e no Rio de Janeiro. Consegui me credenciar com a Maru Division, organizadora do evento, e compareci na sexta-feira e domingo em SP.
Novamente o AF aconteceu no Centro de Convenções do Anhembi e teve um grande público nos 3 dias. Segundo a Maru, foram mais de 90 mil pessoas.
Na edição deste ano, houve uma parceria com a Secretaria de Turismo de São Paulo, o que garantiu a disponibilização de 20 mil ingressos gratuitos para sexta-feira. Isso com certeza facilitou para quem estava com pouco dinheiro nesses tempo de crise, além de incentivar a criação de um novo público.
Foram mais de 30 horas de conteúdo para os visitantes aproveitarem divididos entre shows, palestras e bate-papos. Além da abordagem de temas como cosplays, tokusatsu, k-pop, animes, dublagem, webtoons, mangás e muito mais.
Várias editoras estiveram presentes no evento e realizaram suas apresentações em palco. Acredito que o destaque tenha ficado com a NewPop que anunciou vários futuros lançamentos. Seu estande era o mais disputado, tendo fila de espera do lado de fora. No primeiro dia notei que havia apenas um caixa para realizar as compras. Já no domingo tudo estava mais ágil, com duas pessoas atendendo.
Geralmente, em eventos como AF encontramos muitas promoções, descontos e pacotes de mangás, quadrinhos ou livros. Porém, não encontrei isso no estande da Panini. Alguns títulos até estavam num preço maior do que se encontra em sites de venda online. Uma pena!
O palco principal para os show foi bem movimentado. Acredito que os destaques desse ano foram o grupo de kpop One N- Only (que chegaram até a cantar músicas do BTS), e o grupo japonês Baby Beard. Infelizmente, a programação divulgada pelo evento não foi seguida à risca, alguns shows foram trocados de horário e alguns adicionados de surpresa. Ainda assim, notei que o público permanecia animado, mesmo com essas mudanças.
Achei muito bonito a construção do palco onde aconteceram os concursos de cosplays, com telões laterais dando foco em quem estava se apresentando. Isso era algo impensável uns anos atrás quando o evento acontecia no Campo de Marte. É notável que os esforços para tornar o evento visualmente mais atraente foram grandes.
A Praça de Alimentação esteve cheia o tempo todo, misturando comidas japonesas, brasileiras e até coreanas. Acredito que essa foi a primeira vez que o Mc Donalds esteve presente no evento e pode competir com o Bobs. Não tive a chance de experimentar os sanduíches para dizer como estavam, mas, pela grande fila que sempre se formava, suponho que estivesse na mesma qualidade dos restaurantes fora do evento.
A área K-Pop reuniu os “capopeiros” e fan groups que se apresentaram durante os três dias. O esforço desses grupos para aprenderem as coreografias deve ser admirado. E eles faziam de tudo, grupos masculinos dançando músicas de grupos de k-pop femininos, e o inverso também. No momento karaoke o pessoal gastava seu coreano no palco para cantar suas músicas favoritas do momento.
Com o imenso crescimento dos doramas (coreanos e japoneses) nas plataformas de streaming como Netflix e Viki (e com a chegada tímida no HBO Max), seria bom se as próximas edições do Anime Friends também abordassem esse tema. Quem sabe trazendo alguns atores para paineis. Seria uma maneira de conhecer os dubladores de dorama que estão aparecendo cada vez mais. E o evento iria conseguir atrair um novo público: as dorameiras.
Lembrando que existe um ciclo entre K-pop e K-drama na Coreia do Sul que acaba levando o público de um para o outro. Grupos de K-pop geralmente gravam músicas que são tocadas no K-Dramas, ou algum idol é chamado para atuar. Enquanto isso, atores de K-Drama também arriscam cantar alguma coisa ou aparecem em clipes de K-Pop. Todos são chamados para programas de variedade na TV ou em realities. Com isso, o público de um lado conhece o outro e a onde coreana ganha mais e mais força. Abordar os dois seria muito proveitoso para o Anime Friends.
Tive a impressão que no AF deste ano o escopo do foi um pouco menor em relação à edições presenciais anteriores. Algumas atrações que eram marca registrada não estiveram presentes, como o Show dos Ultraman do palco Ultra. Mas é compreensível, afinal, as atividades estão sendo retomadas após dois anos de pandemia e o país está atualmente passando por uma crise, o que complica bastante a organização de eventos com tantas atrações internacionais.
De qualquer forma, não notei nenhum tipo de decepção por parte do público. Era fácil perceber que todos estavam satisfeitos por finalmente poder comparecer a um evento após tanto tempo. Qualquer defasagem em termos de conteúdo era superada pela alegria de poder se reunir com amigos que curtem as mesmas coisas. Acredito que nessa época de retomada, os eventos irão crescer e voltar a suas formas tradicionais aos poucos.
Um detalhe que eu comentei com o Juba, do site J-Wave, que estava cobrindo o evento comigo era a falta de lugares para o pessoal sentar no evento. Perto do palco dos shows o público criou uma área para sentar no chão (ou até deitar), havia pessoas encostadas nas paredes de corredores onde não havia estandes. E o estande da JBC, com placas de seus principais mangás ficou cheio de gente “acampada”. No final dos dias era comum ver muito papel no chão, sacolas, baldes de pipoca, etc.
Seria legal se o AF criasse uma área de descanso com cadeiras, poltronas, puffs, tomadas para carregar os celulares e muitos latões em volta para recolher lixo. O público ficaria melhor acomodado e facilitaria a locomoção entre estandes. Os visitantes da velha guarda (aqueles que curtem Tokusatsu e Cavaleiros do Zodíaco) iriam agradecer ter onde descansar as pernas e as costas.