Setembro 5 (September 5) é um filme histórico que retrata o ataque terrorista ocorrido durante as olimpíadas de Munique, em 1972. Tudo é contado pela perspectiva da equipe jornalística do canal ABC Sports, que interrompe a cobertura esportiva para transmitir via satélite os terríveis acontecimentos. O longa foi escrito e dirigido por Tim Fehlbaum, com produção da BerghausWöbke Filmproduktion em parceria com a Projected Picture Works e estreia dia 30 de janeiro nos cinemas brasileiros.
Sinopse: “Setembro 5” mostra o momento decisivo que mudou para sempre a cobertura da mídia e continua impactando as transmissões ao vivo até hoje. Ambientado durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1972 em Munique, o filme acompanha uma equipe americana de transmissão esportiva que precisou se adaptar para a cobertura ao vivo dos atletas israelenses feitos reféns. A produção oferece uma nova perspectiva sobre esse evento histórico visto globalmente por um número estimado de um bilhão de pessoas na época.
O filme se passa quase totalmente dentro do estúdio improvisado que está montado próximo ao dormitório da Vila Olímpica, onde os atletas estão hospedados.
Ver o dia a dia de uma equipe de TV trabalhando poderia ser monótono ou desinteressante. No entanto, o filme consegue se manter interessante do começo ao fim. Mesmo quem já conhece detalhes trágicos daquela olimpíada ainda pode se surpreender com a trama que retrata com grande fidelidade todo o estresse e a pressão de realizar uma cobertura ao vivo.
Aquela foi a primeira olimpíada transmitida mundialmente a cores e os recursos para isso ainda eram escassos. Existia somente um satélite de transmissão e todos os grandes canais de TV precisavam revezar horários para fazer sua cobertura. A equipe da ABC estava mais próxima dos dormitórios e precisou renegociar seus horários para poder cobrir todo o ataque terrorista.
Algo extremamente bem retratado no filme é a tecnologia da época. Você vê eles usando muitos equipamentos analógicos, telefones com fio, walkie talkie, gravações em rolos de filme. Até mesmo para fazer uma filmagem externa, eles precisam empurrar uma enorme e pesada câmera de estúdio, que obviamente não foi feita para isso.
A equipe também precisa agir rápido e improvisar, conectando um telefone a uma caixa de som. Traduzir em tempo real para um telefonema as notícias em alemão que estão sendo passadas por uma estação de rádoio. Em outro momento, um jornalista se disfarça de atleta e esconde em sua jaqueta rolos de filme para entrar numa área isolada pela polícia.
É um grande esforço para cobrir o ataque do grupo terrorista palestino que sequestra a delegação israelense. E tudo acontece na Alemanha, que estava em processo de limpar sua imagem após o final da Segunda Guerra, que ocorreu décadas atrás.
Essa foi a primeira grande transmissão ao vivo de um ataque terrorista, o que chocou muita gente pelo mundo. E não havia um preparo para isso. A polícia local cometeu vários equívocos na tentativa de conter os criminosos. E os próprios jornalistas da ABC ficam em dúvida sobre como conduzir a cobertura, quais termos utilizar na transmissão, como fazer a checagem de informações. Alguma parte disso tem a ver com o fato deles serem especializados em cobrir esportes também.
Todos esses pequenos detalhes tornam o filme bastante interessante, do início ao fim. Não se nota o tempo passar, mesmo estando quase todo o tempo entre as salas do estúdio.
Para dar mais veracidade ao filme, as filmagens originais transmitidas pela ABC foram utilizadas e mescladas com as cenas novas do filme. Houve uma grande preocupação de remontar o cenário onde um apresentador relatava as notícias. Nas novas filmagens, obviamente, colocaram um dublê de costas e seu rosto nunca aparece.
O filme, no entanto, não dá muito contexto histórico sobre as motivações dos terroristas. O motivo disso talvez seja para evitar algum tipo de polêmica. E também temos que lembrar que a ideia é mostrar como funciona o trabalho jornalístico nesse tipo de situação.
O elenco é ótimo e cada personagem daquela equipe de transmissão tem sua personalidade e utilidade. Até mesmo algumas discussões fortes acontecem, por exemplo, entre eles temos um sobrevivente do holocausto e uma repórter alemã que foi contratada para traduzir o noticiário local.
No início do filme, vemos um trabalho comum com os funcionários encerrando seu turno e aguardando o dia seguinte. Eis que tiros são ouvidos há poucos metros do estúdio e tudo muda. A partir daí, não existe momento para respirar. Em todo momento há uma novidade, uma nova notícia, alguma questão técnica para superar.
Esse realmente é um thriller que merece atenção, principalmente para quem gostaria de entender melhor como funciona uma redação de jornalismo.
Indicações
Setembro 5, filme distribuído pela Paramount Pictures, foi indicado a Melhor Roteiro Original no Oscar 2025.
O longa é escrito por Tim Fehlbaum, Alex David e Moritz Binder. A produção, que já havia sido indicada a Melhor Filme de Drama no Globo de Ouro e a Melhor Roteiro Original e Melhor Edição no Critics Choice Awards, estreia dia 30 de janeiro nos cinemas brasileiros.
Estreia no Brasil
SETEMBRO 5 estreia dia 30 de janeiro nos cinemas
ANÁLISE
Setembro 5
“Setembro 5” mostra o momento decisivo que mudou para sempre a cobertura da mídia e continua impactando as transmissões ao vivo até hoje.
PRÓS
- Trama impactante
- Ótima mescla de cenas novas com imagens de arquivo
- Ambientação detalhada, com foco nos equipamentos analógicos
CONTRAS
- Não dá muito contexto sobre os conflitos da época que causam o ataque terrorista