O trailer de Trem-bala (Bullet Train) engana. Embora tenha cenas legais e impactantes, dá a impressão pertencerem a um filme de ação genérico. No entanto, trata-se de uma produção muito criativa de divertida. Sem contexto, o que o trailer mostra parece não entregar muita coisa, porém olhando em retrospecto, tem muita coisa nele que podem estragar a surpresa do filme. Sendo assim, recomendo ir ao cinema sem ver o trailer.
Sinopse: Em Trem–Bala, Joaninha (Brad Pitt) é um assassino azarado, determinado a fazer seu trabalho pacificamente depois de muitas missões saírem dos trilhos. Quase desistindo de sua carreira, ele é recrutado por Maria Beetle (Sandra Bullock) para coletar uma maleta em um trem–bala indo de Tóquio para Morioka.
A premissa é realmente simples. Joaninha deve embarcar no trem bala, achar uma maleta específica e fugir de lá com ela. No entanto, nessa mesma viagem vários outros mercenários e assassinos estão a bordo, cada um com um objetivo para estar ali. É como se o universo tivesse se alinhado para que todos eles se encontrassem, no entanto, alguns até mesmo se conhecem e nada é o que parece.
Trem-Bala tem duas horas de duração muito bem aproveitadas. Embora seja um filme, ele consegue um feito digno de séries de TV: introduz um grupo grande de personagens e consegue fazer com que o espectador goste e se importe com eles.
Trata-se de um filme de ação rápida, com uma dose de comédia irônica e sequências de ação sanguinolentas, porém, divertidas. Segue aquele estilo de muita violência e sangue na tela, enquanto uma música divertida toca de fundo, o que gera uma vibe de videoclipe.
De início, somos apresentados a Joaninha sendo recrutado em Tóquio e prestes a embarcar. A partir do momento em que ele está no trem, a calmaria termina e as coisas começam a esquentar. Os outros personagens aparecem aos poucos e o recurso de flashback é usado para explicar as motivações de cada um deles. Assim, todos eles são melhor aprofundados e deixa o enredo mais interessante.
Dá para notar desde o começo que existe um grande plano por trás de tudo, mas ele não é revelado de cara. Algumas pistas são mostradas, principalmente nos flashbacks e o espectador pode tentar ligar os pontos. Quando eu assisti no cinema houve um momento que ouvi uma pessoa em outra poltrona dizer “sabia que era isso!” durante uma cena reveladora, perto do final. Realmente foi algo impactante, mas que eu não fazia a menor ideia que iria acontecer. Então, dá para concluir que a experiência de ver esse filme pode variar muito para cada pessoa.
Além dos assassinos presentes dentro do trem, existem muitos atores famosos fazendo participações especiais como coadjuvantes. Faz parte do humor do filme e está incluso nas surpresas que ele traz.
Conforme o trem avança, pessoas entram e saem nas estações. Tudo deveria ocorrer como numa viagem normal. Até que alguém aparece morto e é necessário dar um jeito de fingir que o cadáver só esta dormindo na poltrona. Para as pessoas comuns, os assassinos tentam fingir que está tudo bem e não estão um tentando matar o outro. Afinal, o que estes querem é apenas cumprir seus objetivos e sair dali sem levantar suspeitas.
Até um certo momento dá para aceitar que ninguém está notando nada de estranho dentro do trem. Porém, tem horas que parece que os assassinos estão numa realidade paralela e ninguém está ouvindo a barulheira que eles estão provocando. Acaba que isso não interfere muito na qualidade do filme, porque o foco está em saber se o Joaninha conseguirá sair de lá vivo, ou se os outros assassinos irão completar suas missões.
O filme não funcionaria se os assassinos não fossem tão interessantes. Cada um tem características bem próprias e personalidades bem marcantes. Mesmo seus designs e trejeitos tem destaque. Como se fossem personagens de um videogame ou de um mangá. Falando nisso, o filme é baseado no livro de Kotarô Isaka e o próprio elogiou bastante a adaptação para o cinema.
Por se passar no Japão, o longa faz questão de ambientar o espectador a nível cultural. Jornais da TV local são exibidos, propagandas, alguns costumes locais e muita gente falando em japonês, até mesmo os estrangeiros. Não poderia faltar a trilha sonora cheia de músicas japonesas. Pensa em alguma música super clássica e atemporal da terra do sol nascente, com certeza ela toca em algum momento do filme.
Desde a estação vemos pessoas vestidas de um mascote que é a sensação dos animes no momento (dentro da história do filme). Tem até um vagão inteiro tematizado desta personagem, além de uma pessoa vestida andando por todo o trem e interagindo com os passageiros.
Samurais, máfia japonesa, katanas e duelos também estão presentes. Há um arco só para esses combates além de flashbacks para contextualizar tudo.
Conforme a história avança, muita gente acaba morrendo, segredos são revelados e vamos chegando ao último ato, quando até começa a amanhecer. Senti uma vibe de battle royale e estava muito curioso para saber como tudo acabaria.
Em questão de efeitos especiais, eles são bem competentes. Perto do fim, achei muito bem feita uma cena em câmera lenta que rotaciona em volta de um personagem.
E não há muito tempo para respirar, o filme tem uma dinâmica rápida, intercalando momentos de tensão com combates que precisam ser resolvidos rapidamente. Isso se deve ao fato que o diretor é David Leitch, responsável também por Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw, Atômica e Deadpool 2. Esse último filme explica de onde vem a inspiração para as piadas e o sarcasmo de alguns personagens.
Prepare-se para ver muitas referências a Thomas, o Trem. Afinal, eles estão em um… Principalmente vindos da dupla Limão e Tangerina, dois mercenários que também estão a bordo. Quem não conhece esse desenho vai ser de Trem Bala sabendo toda a sua lore, seus personagens e motivações.
O fato do Joaninha ser um grande azarado faz parte das piadas. Ele sempre se dá mal, até mata sem querer. Ao menos ele é bem competente pra tentar superar isso. Posso dizer que Brad Pitt ficou muito bem nesse papel, tanto para os momentos de comédia como para as lutas. Hiroyuki Sanada não poderia faltar no elenco, sendo o Elder. Joey King está bem misteriosa e manipuladora como a Prince.
Trem-Bala é um filme que merece ser visto mais de uma vez. Tenho certeza que perdi alguns detalhes, e agora que já sei todos os segredos, acredito que posso reparar no que faltou.
ANÁLISE
Trem-Bala
Um filme de ação construido de uma forma bem criativa e com personagens muito cativantes. Quem imaginaria que uma história tão interessante poderia ser contada durante uma viagem de trem?
PRÓS
- Personagens cativantes
- Roteiro bem construido
- Ótimas cenas de ação
- Segredos revelados aos poucos fazem o espectador se interessar ainda mais
CONTRAS
- Os primeiros 10 minutos não chamam muita atenção
- O trailer falha em explicar do que o filme se trata