A série dos assassinos da Ubisoft chegou ao seu terceiro jogo neste novo formato de exploração com grandes toques de RPG!
Assassin’s Creed Valhalla é ambientado na Idade das Trevas na Inglaterra e leva o jogador a esse período de grandes batalhas, conquistas de território, intrigas entre clãs e vikings! Muitos vikings!
Desta vez, jogamos com Eivor, um (ou uma) grande líder viking, que parte da Noruega no século IX D.C., para conquistar novas terras e estabelecer uma nova casa para seu povo.
O passado de Eivor é triste, ele perdeu os pais durante um ataque que sua vila sofreu e no processo ganhou cicatrizes em seu pescoço ao ser atacado por lobos. Desde então, jurou vingança ao tirano que causou tudo aquilo, se tornando um dos mais fortes vikings de seu clã, o clã do Corvo.
Eivor tem grande poder de decisão sobre o destino dos prisioneiros
Dentro dessa temática, o jogador passa a explorar o mapa da Inglaterra, realizando saques e invasões em assentamentos, vilas, monastérios, etc. Ao mesmo tempo, busca alianças políticas, colabora em missões e guerras, e em momentos críticos, pode tomar certas decisões que influenciam na história.
As missões principais geralmente são baseadas nesse progresso de conquista. Porém, como não poderia deixar de ser, existem muitas outras coisas para serem feitas. Uma delas é evoluir sua vila usando recursos coletados durante missões ou ao explorar o mapa. Com isso, você consegue novos benefícios como equipamentos mais baratos, fortalecer Eivor e seu clã, entre outras coisas.
As missões secundárias costumam variar bastante, sendo espalhadas por todo o mapa. Existem bases inimigas para serem conquistadas, itens raros para coletar, e geralmente tudo está muito bem guardado por adversários poderosos. Alguns deles você encontra se explorar bem e quase sempre eles são mais fortes que você, aumentando o risco, mas valendo pela recompensa.
Acredite se puder: é uma imagem da versão PS4
Falando em combate, ele segue o estilo de Origins e Odyssey, porém a violência viking está mais presente. É possível fazer “fatalities” nos inimigos, existem golpes rápidos e potentes, utilizar arco e flecha, desviar, defletir (parear) um golpe e defender.
O escudo tinha ficado de fora de Odyssey, mas está de volta. E você escolhe se quer equipar um escudo na mão esquerda (para um combate mais defensivo), se prefere uma segunda arma (para atacar mais ofensivamente) ou então, equipa uma arma pesada que ocupe as duas mãos.
O combate continua lembrando jogos estilo Dark Souls, embora a derrota não seja tão punitiva (você não perde experiência, itens ou dinheiro coletado ao morrer). Inimigos normais geralmente tem uma força parecida com Eivor, enquanto alguns especiais o derrubam com 2 ou 3 golpes. Nesse caso, o jogador tem que ser muito bom em defender, desviar ou parear na hora certa. Inimigos assim não costumam aparecer em missões obrigatórias, então, você percebe que a influência do “souls like” só vai fazer diferença para quem procurar por isso.
Em Valhalla existe um amadurecimento das ideias de RPG que a Ubisoft vinha usando desde Origins. Alguns elementos que foram melhorando aos poucos nos jogos anteriores (como esconder o capacete equipado do protagonista para mostrar seu rosto), já estão presentes desde o início.
Rei Harald é uma das primeiras alianças do Clã do Corvo
Certas mudanças foram maiores, como a árvore de habilidades que está bem mais extensa ou a forma de se adquirir certos poderes especiais, que agora são aprendidos ao achar e ler certos tomos. Outras mudanças, porém, apenas trocaram seis por meia dúzia, como é o caso da contagem da experiência ganha.
Em Origins e Odyssey, você acumulava pontos de experiência para ganhar níveis. A cada novo nível, surgiam pontos para se comprar habilidades. Em Valhalla, você coleta pontos de experiência e, ao completar um certo número, ganha 2 pontos para comprar habilidades. O número de habilidades compradas define o “nível de poder” de Eivor.
As missões e incursões tem um “nível de poder sugerido” para o jogador não perder tempo indo a um local onde as batalhas ainda estão muito difíceis.
Em outras palavras, não existem “níveis” em Valhalla, existe o “poder do protagonista”. Mas se pensar bem, eles são a mesma coisa, só a ordem de desbloquear habilidades é que foi alterada. É como parar de dizer que 2 + 3 = 5, e começar a falar que 5 = 2 + 3.
Mesmo sem ray tracing, o PS4 consegue belos efeitos de reflexo
Assim como em Odyssey, o mapa está abarrotado de coisas para explorar. Eu sempre acabo me distraindo entre uma missão e outra para resolver algo próximo que acabei de ver, como achar um tesouro ou ativar um ponto de sincronização (este, além virar um ponto de viagem rápida, também marca no mapa o que pode ser explorado em suas proximidades). Essas distrações, junto com as missões secundárias, acabam aumentando muito o tempo de jogo.
É aquela mesma sensação de inchaço que existia no Odyssey. Seguindo somente a campanha, é possivel terminar em cerca de 60 horas, porém, quem pretende completar tudo, facilmente passará das cem. Fico na dúvida se é um ponto positivo para o jogo ter todo esse conteúdo disponível. Será que, se ele fosse um pouco menor e focasse mais em momentos memoráveis durante as missões principais, ele não traria mais impacto para a franquia? E uma experiência mais focada ao jogador?
O enredo é bacana, e foca muito nos vikings. É o que temos visto desde Origins, quando elementos clássicos da franquia (como as partes no “presente”) foram bem diminuídas e o passado se tornou muito mais importante. É como se as conexões com a Abstergo e a Layla Hassam estivessem no jogo só para agradar um pouco aos antigos fãs de Assassin’s Creed.
Layla se hidratando após uma longa sessão no Animus
Ao menos, dessa vez, há como resolver alguns puzzles no passado com a Layla. São anomalias do Animus que surgem em pequenas áreas delimitadas, sendo necessário empurrar pilares, fazer parkour, etc.
Quando Eivor avista esses locais, alguns erros no cenário aparecem. O jogador pode até achar que se trata de algum bug, mas é um bug proposital. É como se a Ubisoft agora estivesse brincando com aquele período triste em que seus jogos eram anuais e apresentavam muitos bugs. Existe até um troféu ironizando isso, quando se resolve o primeiro desses puzzles.
No caso dos bugs, estão no nível aceitável de jogos de mundo aberto. Podem ocorrer, mas não é a toda hora, e vários updates continuam sendo lançados para corrigir a maioria deles. Joguei no PS4 PRO e não tive problemas com crashs, como vi um pessoal comentando nas redes sociais.
No entanto, passei por um bug bem engraçado com o barco viking. Ele encarnou um touro mecânico e começou a pular feito doido no mar, às vezes embicava para o céu, como um golfinho, ou afundava como um submarino… Eu não desisti de ter controlar até chegar em terra firme, quando cheguei, apenas carreguei meu save e o barco voltou ao normal.
A engine usada em Valhalla tem uma Draw Distance absurda mesmo no PS4
Realizar incursões é como estar num MMO, pois você ataca um local com toda a sua equipe ajudando (são NPCs nesse caso). É possivel até mesmo “reviver” os aliados caídos para continuar o ataque. O bacana é que eles realmente colaboram e derrotam inimigos.
No final dos capítulos da campanha acontecem as grandes batalhas campais, que são bem épicas e dramáticas, com aquele som de guerra ao fundo para aumentar a adrenalina. É uma evolução das disputas de território do jogo anterior.
Por ser um jogo bastante violento, com desmembramentos e sangue voando pra todo lado, é possível desligar isso nas opções. A nudez de alguns personagens também podem ser desativadas, tornando Valhalla mais “família”, mesmo que algumas missões ainda sejam bem “safadinhas”.
Existe uma série de mini games pelos vilarejos, para nenhum viking competitivo botar defeito. Você pode dar uma pausa em sua aventura para jogar o jogo de dados (que é bem interessante), participar de uma batalha de beber hidromel, e até competir numa disputa de repente de repente.
Se na geração passada os raios de sol já se dividem entre os galhos, imagina na nova…
Quanto mais Eivor se mostra um ótimo repentista, vencendo as disputas, mais pontos de carisma ele ganha. E com isso, se desbloqueia respostas secretas para os diálogos durante a campanha.
Eivor não possui uma águia, e sim um corvo chamado Synin. Ele serve para sobrevoar, localizar itens e dar uma visão aérea dos territórios inimigos. Porém, diferente das aves de Origins e Odyssey, Synin não pode marcar os inimigos. Você faz isso usando a habilidade Olho de Odin, que é um tipo de pulso de energia que detecta inimigos próximos.
Assassin’s Creed Valhalla foi lançado para muitas plataformas diferentes. Indo da agora geração passada, como PS4 e Xbox One, até a nova geração como PS5 e Xbox Series X|S. Nos novos consoles, o desempenho obviamente é melhor, tendo efeitos de iluminação e reflexo mais detalhados, resolução maior, framerate suave e principalmente loadings mais curtos.
Nos consoles antigos, no entanto, o jogo não faz feio. Por rodar na mesma engine dos jogos passados, ele não se mostra muito mais pesado. No PS4 PRO tive a mesma experiência do Odyssey, com o cooler sempre no máximo e com loadings entre 40 segundos e um minuto e meio (na nova geração, o carregamento fica por volta de 20 segundos).
Falando em carregamento, voltaram com a tela clássica onde o personagem principal pode caminhar num fundo infinito. Foi muita mancada a Ubisoft tirar isso no Odyssey. Aquela lamparina é gente boa, mas queria poder andar na sala virtual com a Kassandra também.
Às vezes, uma hora ou outra, você encontra um assassino nesse jogo de assassinos…
Quando a geração passada chegou ao mercado, muitos ficaram com pé atrás de comprar jogos para PS3 e Xbox 360 pois eles eram versões mais fracas e se adquirissem um PS4 ou Xbox One, teriam que recomprar o jogo.
Felizmente, a transição para a geração que acabou de chegar foi mais amigável. Muitos jogos que se compra para PS4 e Xbox One já garantem a versão para PS5 ou XSeries X|S. Quem ainda não trocou de console e pretende comprar Assassin’s Creed Valhalla, Watch Dogs Legion ou Just Dance 2021 já está criando sua biblioteca de jogos para o futuro.
A dublagem em pt-br segue o alto padrão de qualidade da Ubisoft. Não há o que reclamar. Ela torna o jogo mais fácil de entender, pode-se desligar as legendas e jogar o jogo da forma como foi idealizado. Em todo caso, as legendas também estão disponíveis e no áudio original podemos desfrutar das vozes com sotaques específicos.
Assassin’s Creed Valhalla é o terceiro jogo com o mesmo estilo “RPG de ação“. É possível que alguns jogadores já estejam se saturando dessa fórmula, já que o gênero também é abordado por outras franquias (The Witcher, Ghost of Tsushima, etc…).
Para um próximo título, as mudanças terão que ser mais drásticas para manter Assassin’s Creed interessante, criativo e renovado.
Do primeiro jogo da franquia até o Syndicate, o tempo foi passando e se aproximando da época atual. No entanto, a Ubisoft resolveu voltar no tempo e mostrar a origem da ordem dos assassinos. Passamos então pelo Egito, pela Grécia antiga e a era dos vikings. Isso nos aproximou do período do primeiro jogo com o memorável Altair.
O que será que a Ubisoft está preparando para o futuro?
NOTA: 8/10
O melhor: Mantém a qualidade da franquia nos apresentando uma nova visão sobre os vikings.
O pior: A história principal fica muito diluida num mar quase infiinto de coisas extras para fazer (que muitas vezes não acrescentam muito para a experiência).
Faltou: Ousadia e inovação que não pode ficar de fora do próximo jogo!
- A Ubisoft nos forneceu uma cópia digital do jogo para esta análise, testado no PS4 PRO.