Avatar: Frontiers of Pandora foi lançado pela Ubisoft, eles nos enviaram uma cópia do jogo e aqui está a minha análise.
Lembrando que o jogo está disponível para os consoles PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC (via Ubisoft Connect). Além disso, também pode ser jogado através do serviço de assinatura Ubisoft+ (edição Premium*).
Mas do que se trata Avatar: Frontiers of Pandora? É um jogo de tiro e aventura em primeira pessoa ambientado no universo dos filmes Avatar conhecido por sua história rica e visuais deslumbrantes. Para fazer jus a essa qualidade visual, o jogo roda na versão mais recente da Snowdrop Engine, que já havia sido usada anteriormente pela Ubisoft em jogos como The Division.
O desenvolvimento foi liderado pela Massive Entertainment (estúdio da Ubisoft), em colaboração com a Disney e a produtora Lightstorm Entertainment, do diretor James Cameron.
Apesar de se basear nos filmes Avatar, Frontiers of Pandora se passa em outra região, apresenta novos personagens e uma história inédita. Mas tudo o que é familiar está lá: a fauna e flora típica (com aquele visual alienígena) e as bases e laboratórios criados pelos humanos invasores da RDA.
O jogador assume o papel de um Na’vi que foi sequestrado na infância, criado longe de sua cultura e fazendo parte de um programa de treinamento da RDA. Quando finalmente se liberta dessa prisão, ele precisa aprender a viver como Na’vi e redescobrir suas raízes através dos clãs espalhados pela região, a Fronteira Oeste.
Não é exatamente necessário que se tenha assistido aos dois filmes da franquia, mas para quem conhece, as referências existentes no jogo se tornam muito mais interessantes. Lembrando que ele se passa exatamente um ano antes de “O Caminho da Água”.
Enquanto o jogador explora a Fronteira Oeste, ele ganha mais poder e também aprimora gradativamente seus Sentidos Na’vi. De início, há uma seleção de dificuldade e também algumas opções relacionadas à exploração.
Havia muita reclamação no passado por parte do público sobre os jogos de mundo aberto da Ubisoft serem muito simplificados e direto ao ponto. As missões sempre marcavam um local no mapa onde o jogador deveria ir para prosseguir, desincentivando a exploração e o improviso.
Com isso, há uns quatro ou cinco anos tudo mudou e os jogos passaram apenas a dar dicas do local a ser encontrado, sem marcar nada no mapa. “O lugar fica ao norte da colina X, na parte mais alta da cachoeira”. E o jogador precisou passar a se virar sozinho.
Isso acontece em Frontiers of Pandora. Há a opção de se jogar apenas com essas dicas ou então usar o Modo Guiado, que irá mostrar a direção do objetivo ao se usar o Sentido Na’vi. Além de revelar objetivos na tela, esse poder também serve para detectar e aprender sobre plantas, animais, objetos, ver inimigos através das paredes e até descobrir seus pontos fracos.
Na tela de jogo há uma bússola no topo para ajudar na exploração. indicador de itens, de vida, os objetivos da missão atual e também o indicador de poder do personagem (que seria a combinação do nível de experiência com seu poder de fogo).
Ao analisar plantas, animais, e objetos em geral, o jogador aprende várias informações sobre eles, ficando tudo armazenado no menu de pausa. Com isso, ele pode coletar uma série de materiais para criar ou melhorar equipamentos e até mesmo fazer itens de cura, tornando o crafting do jogo bastante vasto. Uma opção legal é poder fixar no HUD um dos materiais que já tenha sido analisado e então achar eles mesmo à distância através do Sentido Na’vi.
O mapa do jogo é enorme e cheio de biomas variados, prontos para serem explorados. De início as missões demoram um pouco mais para serem completas pois jogamos apenas a pé. Porém, não demora muito para termos acesso a um companheiro voador banshee. Deste ponto em diante, é possível voar pelo mapa, tendo uma visão de terceira pessoa, existindo até mesmo combates aéreos e algumas técnicas para sair e voltar para o banshee.
Existem missões principais e secundárias. Geralmente as principais são mais dinâmicas e extensas, mas chega um ponto em que elas ficam bem parecidas. É muito comum estar fazendo uma missão principal, encontrar algo pelo caminho e desviar a atenção para algo secundário.
Fora isso, há outros objetivos no mapa como a invasão de bases da RDA que precisam ser desativadas para despoluir o ambiente ao redor. Curiosamente, assim que uma base é destruída, logo em seguida ela já aparece toda em ruínas e tomada pela natureza, como se tivesse sido desligada há décadas.
O protagonista, que tem muito conhecimento sobre os humanos, também está aprendendo mais sobre os Na’vi. Por conta disso, ele pode usar armas e equipamentos de ambas as raças. O jogador inicia usando apenas arco-e-flecha e lanças, porém, não demora muito para conseguir armas de fogo e granadas.
A árvore de habilidades possui cinco ramificações que melhoram atributos que vão desde combate e caça até criação de itens e maior aptidão para conduzir seu amigo voador. Completar as missões são essenciais para conseguir pontos para desbloquear essas habilidades.
Há também as Habilidades dos Ancestrais que são poderes únicos e especiais que são encontradas pelo mapa, naquelas plantas onde um Na’vi pode se conectar e reencontrar seus antepassados. São onze habilidades no total. Será que elas aumentarão nas expansões de campanha que serão lançadas futuramente?
Após algumas missões iniciais, o jogo abre a possibilidade de jogo cooperativo. Não há coop local, somente on-line, no entanto, há crossplay entre todas as plataformas. Não pude testar esse modo ainda, mas acredito que torne tudo muito mais divertido.
Entre vários objetivos secundários, o que mais se destaca é conseguir o respeito das tribos Na’vi para unir forças contra as investidas da RDA. Isso garante algumas recompensas valiosas, então é importante completar.
Se você está achando a cadência desse jogo muito parecido com a de outra franquia da Ubisoft, você está certo. Frontiers of Pandora parece muito com Far Cry. Desde os primeiros trailers de gameplay, foi o que mais se comentou pela internet. Muitos dizem ser um Far Cry com skin de Avatar. Não digo que isso está certo, mas também não digo que está totalmente errado.
Realmente, muitos elementos são parecidos, no entanto, o jogo tem muitas novidades e mecânicas criativas relacionadas ao universo de Avatar. Em todo caso, embora a jogabilidade tenha um bom grau de personalidade própria, o mesmo não dá para se dizer dos menus e mapas. Tudo se parece muito como estamos acostumados a ver não só em Far Cry mas também nos Assassin’s Creed atuais, Watch Dogs, Immortals, etc… É tudo muito igual na tela de equipamento, da árvore de habilidades, até o botão para acessar a loja ou tela de Save se repete. E tudo é controlado com uma “setinha de mouse”.
Talvez isso seja o que mais dá a sensação de “mais do mesmo”, por mais que a gameplay esteja se distanciando dos outros jogos. Comparações com Far Cry obviamente iriam existir, só faltou a Ubisoft se empenhar mais em eliminar qualquer resquício de detalhe que lembrasse experiências que ela já ofereceu anteriormente.
Falando sobre desempenho, testei o jogo no Xbox Series S e ele está surpreendentemente bom, mesmo que rodando a 30fps em 1080p. Vários efeitos vistos nos consoles mais potentes foram retirados dessa versão, mas ao mesmo tempo, muitos outros estão presentes (aparentemente, até mesmo existe raytracing nos reflexos). Após ter jogado Assassin’s Creed Valhalla e Far Cry 6 recentemente, eu posso dizer com toda certeza que Frontiers of Pandora está muito mais bonito, mesmo no Series S.
Em todo caso, a versão para PC continua sendo a mais bonita de todas, com os efeitos mais avançados e desempenho melhor do que os consoles mais fortes podem oferecer (PS5 e XSX).
Minha experiência jogando a campanha foi mista. Em alguns momentos curti bastante explorar Pandora, em outros eu me cansei um pouco. Por mais que existam vários tipos de objetivos para completar, uma hora ou outra pode acabar ficando repetitivo. Isso geralmente acontece quando o jogador já viu tudo o que o jogo pode oferecer e começa a repetir tipos de missões. É muito comum em jogos de mundo aberto e é difícil fugir disso.
Também gostaria que houvessem mais animais para caçar pelo mapa. Várias vezes percebi que apenas andava de um ponto a outro apenas desviando de plantas explosivas e colhendo as que me interessavam, enquanto nada de muito interessante acontecia.
Dos nove (acho que são nove) Far Crys existentes, eu finalizei seis. Então, Frontiers of Pandora foi um jogo que me chamou atenção desde o início, porém, depois de jogar eu sinto que faltou algo para ele me conquistar de verdade.De qualquer forma, não posso deixar de citar que é um jogo muito bem construído. Não passei por nenhum bug, travamento ou algo do tipo. É bem visível que houve um grande trabalho com testes e refinamento.
Ultimamente a Ubisoft tem diminuído a quantidade de jogos dublados em português, trazendo localização apenas de menus e legendas (The Crew Motorfest sem dublagem é um pouco triste). Mas, felizmente, Frontiers of Pandora teve localização completa e a dublagem está muito boa.
O que resta agora é aguardar as expansões para 2024 do Passe de Temporada que incluirão uma nova missão, e duas novas histórias.
*Assinantes do Ubisoft+ têm acesso à Edição Ultimate, que inclui o passe da temporada, um livro de arte digital, um pacote cosmético Sarentu Heritage e o pacote de equipamentos Sarentu Hunter.
ANÁLISE
Avatar: Frontiers of Pandora
Frontiers of Pandora consegue transportar o jogador para Pandora e traduz muito bem a franquia Avatar para os videogames. A campanha é longa, cheia de objetivos, mas, pode cansar em alguns momentos. Quem for fã da série Far Cry irá se sentir em casa.
PRÓS
- Os gráficos estão muito bonitos
- Sinta-se dentro do universo da Avatar
- Campanha longa
- Boa adaptação dos "poderes" dos Na'vi pra videogames
CONTRAS
- A campanha pode ficar repetitiva com o tempo
- Não só a jogabilidade, mas até mesmo os menus vão trazer lembranças de outros jogos da Ubisoft