Criado pela doinkSoft e publicado pela Devolver Digital, Gato Roboto é o mais novo jogo no estilo metroidvania, ou como eles mesmo dizem, miautroidvania.
Com um visual simples muito bem animado e diálogos (ou seriam monólogos?) bem humorados, o jogo traz um desafio divertido, meio curto, porém honesto.
Um patrulheiro especial está realizando uma ronda em sua nave quando detecta um planeta nunca visto antes. Ele decide pousar para investigar. No entanto, no momento do pouso, seu gato de estimação Kiki pisa nos botões do painel de controle, fazendo a nave despencar.
O pouso forçado prende a nave num laboratório abandonado, impedindo o patrulheiro de sair de sua cabine. Assim, ele passa a se comunicar com Kiki através do rádio (!?!?), dando instruções para que eles consigam sair dali com vida.
E assim, você entra na pele de Kiki que precisa enfrentar vários perigos naquele local. Mas ele não está sozinho, sua primeira missão é encontrar e pilotar um mecha de segurança que comumente existe naquele tipo de laboratório.
Embora o jogo tenha esse estilo metroidvania, ele está mais para Metroid do que para Castlevania por não possuir elementos de RPG como níveis de experiência ou troca de equipamentos.
O mecha que Kiki usa é muito inspirado nas roupas de Metroid, mas pelo tamanho do personagem dentro dela também guarda alguma semelhança com Earth Worm Jim.
Os diálogos tem uma boa dose de humor e são traduzidos em português em todas as versões lançadas. Às vezes o patrulheiro fala com seus superiores, mas na maioria do tempo ele está dando ordem a seu gato. Esse absurdo faz parte das piadas, obviamente.
Gato Roboto é um jogo relativamente curto, levando cerca de 3 a 4 horas para ser finalizado. Quem já tem experiência com metroidvanias pode completá-lo até mais rapidamente.
Algumas partes são acessadas apenas por Kiki
Explorar e enfrentar inimigos não é difícil, os combates são bem justos. E a cada novo upgrade do mecha de Kiki, mais poderosos ficamos. O que existe de mais complicado são os chefes de cada área.
Eles possuem uma vida bem extensa, enquanto nosso mecha tem sempre poucos pontos de vida. Assim, a dinâmica acaba sendo “morrer algumas vezes até pegar o jeito”. Como acontece em outros jogos do tipo, tipo Mega Man. Como os chefes sempre repetem um padrão, basta prestar atenção para aprender a desviar de tudo e garantir a vitória.
O jogo tem apenas 2 cores por opção estética: preto e branco. Isso resulta num visual bem diferente e criativo. Há que diga que ele simula o estilo dos jogos do primeiro Game Boy, mas se você reparar bem, os jogos desse console tinham também algumas variações de cinza, para simular as sombras.
Minha combinações de cores é a “Marítima”, que mistura um azul everdeado com amarelo claro
Em Gato Roboto não existe cinza e nem mesmo fazem uso de dithering, aquele efeito quadriculado de 2 cores para simular uma terceira, comum em jogos de 8 ou 16-bits.
Mas essa simplicidade é compensada pela animação extremamente fluente de Kiki, dos inimigos, e principalmente nos efeitos visuais dos tiros, explosões e destruição de objetos.
A falta de cores atrapalha um pouco na hora de tentar decorar os mapas. Em jogos como Metroid, cada área possui cores e texturas muito distintas e é bem comum o jogador criar um “mapa mental” das áreas, sem precisar depender tanto do mapa dentro do jogo. Mas em Gato Roboto é um pouco mais difícil de notar essas diferenças, obrigando o jogador a usar bem mais o mapa, que é acessado ao pausar o jogo.
A jogabilidade é fácil de aprender e foi muito bem trabalhada. Você consegue sentir o peso do mecha quando o utiliza. E também percebe como Kiki é muito mais ágil e veloz quando precisa estar fora dele.
Em alguns momentos você precisa utilizar somente Kiki para abrir caminho. E ele tem somente um ponto de vida, obrigando o jogador a ter bons reflexos para escapar dos inimigos. Para facilitar nesses casos, as salas de checkpoints sempre são próximas.
O mecha vai evoluindo conforme se encontra os upgrades
Aliás, o jogo, por ter o estilo metroidvania, funciona exatamente como deveria. Começamos explorando sala por sala, até encontrarmos um obstáculo que não pode ser superado inicialmente. Então, buscamos em outras áreas algum item ou mesmo um botão que vai ajudar a passar por aquele obstáculo para poder seguir em frente.
O mapa vai sendo construído conforme o jogador avança e no meio do caminho as salas de save ajudando a guardar o progresso, além de restaurar a vida do mecha.
O mapa é extremamente útil para não se perder
No departamento sonoro o jogo é fantástico. As músicas são bem legais de ouvir, variando a cada área nova. Os efeitos sonoros também contribuem muito para a experiência.
O destaque vai para os sons dos tiros e explosões, que são bem impactantes e recompensadores. Some isso ao fato de que as armas são bem animadas, e as mais potentes causam até um recuo no mecha. Os mísseis por exemplo, afetam sua posição quando são atirados, assim como sua explosão.
O jogador é recompensado ao explorar ganhado vários upgrades como aumento de vida
Para alcançar algumas plataformas mais altas o jogador pode até mesmo usar o impulso das armas para ganhar mais altitude. Às vezes, isso pode levar a salas secretas…
Além de encontrar novos equipamentos ou upgrades, o jogador pode encontrar filtros que mudam as cores do jogo. Algumas combinações são terríveis, outras funcionam bem. Mas isso vai do gosto de cada um.
Como disse antes. Gato Roboto é um jogo bastante honesto. Não chega a inovar muito dentro do gênero metroidvania, mas cumpre o que promete. Por ser curto, é indicado a iniciantes nesse tipo de jogo. Os veteranos poderão se divertir também, mas será uma aventura rápida.
Tente não fazer pausas muito longas entre uma jogada e outra para não acontecer de esquecer o que estava fazendo no mapa. Isso vale para quem tem pouco tempo para jogar. Porém, é bem possível que a maioria das pessoas consiga terminar em apenas “uma sentada”.
O jogo está disponível para Nintendo Switch e PC. Pela sua duração, está num preço bastante justo.
- A Devolver Digital nos enviou uma cópia para testes, versão Nintendo Switch