Após Watch Dogs: Legion e Assassin’s Creed Valhalla, a Ubisoft ainda não havia terminado sua jogada de 2020, possuindo ainda uma carta na manga. Essa carta era Immortals Fenyx Rising, um jogo que anunciado na E3 de 2019, produzido pela Ubisoft Quebec, o mesmo estúdio responsável por AC Odyssey.
Antes revelado como “Gods and Monsters“, ele foi renomeado para algo que representa melhor sua proposta: um jogo de exploração com mundo aberto, baseado na mitologia grega e contando a história da ascensão de Fenyx.
Immortals está disponível para muitos consoles. São eles: Xbox Series X|S, Xbox One, PS4 e 5, Nintendo Switch, Windows PC, Google Stadia e Amazon Luna. Você só fica sem jogar se quiser.
Posso adiantar que este jogo foi uma das grandes surpresas de 2020. Após mais de um mês jogando os enormes WD Legions e AC Valhalla, recebi Immortals da Ubisoft algumas semanas após o lançamento. Resolvi encará-lo mesmo sabendo que mais um jogo com muitas horas de duração estava por vir.
E não me arrependi. Ele traz uma dinâmica bem diferente dos outros dois jogos, mescla alguns estilos e cria algo bastante único. Immortals não tenta esconder suas inspirações. As referências a Zelda: Breath of the Wild são claras, assim como vemos elementos dos God of War clássicos, Darksiders e uma inevitável pitada de soulslike.
Basicamente, trata se de um jogo de combate, exploração e resolução de puzzles. Tudo muito bem mesclado e que oferece muitas horas de conteúdo se o jogador quiser completar tudo.
Vamos à sinopse: “Como Fenyx, uma mortal, os jogadores partem em uma jornada pela salvação dos deuses gregos de uma maldição sombria e precisarão dominar poderes lendários, superar grandes desafios e enfrentar criaturas mitológicas para derrotarem Tifão, o mais mortal dos titãs e responsável pela maldição.
Durante a jornada, Fenyx é a única esperança para trazer os Deuses de volta, e conta com a ajuda de Hermes para concluir seus objetivos e derrotar os inimigos. A personagem Fenyx é totalmente customizável, e os jogadores podem escolher entre o gênero masculino e feminino.”
Ao mesmo tempo que o enredo é bem escrito e cheio de detalhes, ele não se leva muito a sério, possuindo uma boa dose de humor. Além disso, ele é contado de uma forma diferente dos jogos similares.
Temos Zeus e Prometeu (aprisionado) conversando sobre a aventura de Fenyx. Enquanto narram, às vezes até discordam sobre algumas cenas, modificando-as em tempo real e ocasionando momentos bem interessantes.
Os diálogos de Fenyx com outros personagens sempre são bem descontraídos, lembrando um filme em animação da Pixar ou Dreamworks. Ainda assim, seu objetivo é bem claro e nunca deixado de lado: salvar os deuses que foram transformados e encarar Tifão.
No início, você escolhe se Fenyx será homem ou mulher e também modifica sua aparência de várias formas. Ao longo do jogo, muitas habilidades são desbloqueadas, assim como novas armas e armaduras.Em poucos minutos o jogador está livre para sair pelo mapa explorando. Claro, a história é guiada, porém, há um incentivo muito grande para se buscar objetivos secundários.
Aqui não temos os “pontos de sincronização” de Assassin’s Creed, nem as torres de FarCry, mas há algo parecido. Fenyx precisa escalar algumas estátuas de deuses até o topo. Lá de cima, ele deve observar a vista ao redor para localizar pontos de interesse.
É um tipo de “sincronização manual” que se baseia naquele conceito do Zelda BOTW onde você chega num lugar alto com Link, percebe um local interessante e resolve ir até lá para investigar.
Falando mais sobre esse Zelda, temos aqui também a barra de stamina que é gasta ao nadar, voar ou escalar. E ela pode ser melhorada e aumentar seu tempo de duração.
Sair andando pelo mapa pode trazer boas recompensas, achar dungeons, missões extras e também encontrar inimigos “lendários” que são bem difíceis de serem derrotados numa primeira tentativa.Falando nisso, os combates são bem divertidos e ficam mais interessantes com o avanço do jogo.
A dinâmica segue o padrão do que faz sucesso hoje em dia. Os golpes ficam nos botões de gatilho, existe a opção de desviar de ataques rolando. Pode-se defender, parear e até atordoar alguns inimigos. Alguns poderão se lembrar do combate de Darksiders, outros lembrarão dos God of War clássicos, ou seja, só referências boas…
A variedade de inimigos é grande: cíclopes, minotauros, medusas, etc. Cada um tem um padrão de ataque e no início é normal prestar atenção nisso.
Porém, conforme Fenyx fica mais forte, fica muito mais fácil surrar todos. Isso muda ainda mais quando se desbloqueia a fênix chamada Fósforo, ela pode acertar vários inimigos de uma vez, facilitando bastante as coisas.Como foi dito antes, alguns inimigos poderosos podem ser encontrados pelo mapa. Nesses momentos é onde vemos a influência dos soulslikes. Você não é obrigado a enfrentá-los, mas se quiser, terá que tomar bastante já que esses adversários causam muito dano e possuem uma resistência fora do comum.
Os puzzles são bem frequentes durante o jogo. Aparecem espalhados pelo mapa e dentro das dungeons. Eles utilizam de forma criativa as habilidades de Fenyx, e conforme são desbloqueadas, novos locais podem ser acessados.
Dentro das dungeons o esquema é parecido. Nem todas as salas ficam abertas, algumas necessitam de alguma observação do jogador e o uso de alguma criatividade para destravá-las. Nesses locais é onde habilidades essenciais são encontradas e onde se enfrenta alguns chefes.
A fluência geral de Immortals é boa. A mescla entre exploração, combate e resolução de puzzles é equilibrada. No entanto, isso pode variar com relação aos puzzles, caso o jogador demore muito para resolvê-los, quebrando um pouco o ritmo.
Com relação a isso, algumas ações podem se tornar um pouco repetitivas. Por exemplo, você irá levitar muitas rochas, empurrar caixas (para afundar botões no solo) ou disparar flechas em tochas, para acendê-las e então acertar candelabros. Tudo isso para abrir portas e acessar novas áreas.O reuso dessas ações é tão extensivo que poderá cansar alguns jogadores.
Os gráficos cartunescos e estilizados são uma mescla daquilo que vimos em Zelda BOTW e em Fortinite. Enquanto rochas são levemente borradas e a água pareça vinda de uma animação em 3D, os efeitos de ferro e ouro são bem brilhantes e realistas.
Atualmente esse é um tipo de direção artística que tem aparecido muito nos jogos, como exemplo, posso citar Crash Bandicoot 4. Ainda assim, Immortals tem um visual que chama muita atenção, tendo personagens, objetos e cenários bem detalhados. Mesmo na versão de Nintendo Switch os gráficos são bonitos, embora o framerate inferior.
Existe uma boa variação de terrenos. Há lugares com campos mais coloridos e alegres. As dungeons tem uma aparência misteriosa, azulada e parecem flutuar numa dimensão alternativa.
Outros locais são acinzentados e destruídos, refletindo a “influencia do mal” naquele terreno.
Mais uma vez fomos presenteados com uma ótima localização. A Ubisoft traduziu todos os menus, as legendas e também trouxe uma dublagem de qualidade. Não tem do que reclamar pois o jogo se torna muito mais acessível a todas as idades e públicos. Pena que nem toda empresa se importa com isso também, não é mesmo, dona Nintendo?
A Ubisoft está produzindo novos eventos gratuitos que serão adicionados ao jogo gradualmente. Também existem desafios semanais e missões diárias.
Para quem quiser ainda mais conteúdo há um Passe de Temporada que irá trazer novos ambientes e personagens dividido em três DLCs.
Immortals Fenyx Rising agrada muito por dois motivos:
- Os donos de Nintendo Switch não precisam mais experar por Zelda BOTW 2 para ter aquela “experiência de exploração livre” que o primeiro jogo trouxe
- Os donos dos outros consoles que nunca jogaram Zelda BOTW poderão ter uma experiência muito parecida, ainda que ela possua uma personalidade bem distinta
A abordagem da mitologia grega é bem diferente em Immortals. Isso poderá surpreender mesmo quem já é familiarizado com ela. É grande o sentimento de liberdade e são 60 horas de pura aventura.
Se ainda não estiver convencido, uma demo foi disponibilizada em todas as plataformas. Vale a pena dar uma olhada.
NOTA: 9/10
O melhor: Mundo aberto divertido de explorar.
O pior: O grande número de puzzles pode afastar alguns jogadores que preferem mais ação
Se você comprar esse jogo para um amigo: Não vai ser presente de grego
- A Ubisoft nos forneceu uma cópia digital do jogo para esta análise, testado no PS4 PRO.