Cinco anos após o lançamento de Persona 4 Golden para PlayStation Vita, o 5º título da franquia chega mais completo e polido do que nunca para PlayStation 3 e 4.
Com direção artística fantástica, mecânicas icônicas, e história detalhada, a saga dessa vez acompanha os Phantom Thieves: jovens colegiais que despertam seus poderes de Persona, e roubam desejos distorcidos do coração de pessoas corruptas, eliminando o mal de dentro pra fora, sem perder a hora de ir pra escola, e curtir com os amigos é claro.
Vamos Roubar seu Coração!
O bom do universo de Persona, é que você pode jogar qualquer volume da franquia sem perder nada por ser novato. Cada história independe da outra, apesar de estarem no mesmo universo, e tudo lhe é muito bem explicado.
Em P5 (Persona 5), jogamos como Joker, apelido do nosso protagonista, que terá o nome que você escolher. Após uma missão dar errado no início do game, ele é preso e passa a ser interrogado sobre como tudo começou. E é aí que a história começa, num grande flashback.
Fomos injustamente incriminados e transferidos para uma escola numa outra cidade. Lá faremos amizades, descobriremos sobre o mundo oculto das sombras, os demônios, o coração das pessoas e, pouco depois de um desenrolar de trama, formaremos o grupo dos Phantom Thieves.
O objetivo é usar o poder dos Personas para invadir o coração de pessoas com desejos distorcidos, “roubar” essas preciosidades e mudar seus corações. Assim eles acabam se arrependendo amargamente de seus crimes na vida real e confessam seus próprios crimes se entregando ou até correndo risco de cometer suicídio por arrependimento.
Após cada alvo principal eliminado, o interrogatório no “presente” se seguirá, mostrando o próximo alvo, e te dando indícios de que rumos a história irá tomar à seguir, à medida que a popularidade dos Phantom Thieves vai aumentando a cada triunfo.
Tome seu tempo
Em todos os sentidos da palavra!
Persona é muito conhecido pelo seu formato de narrativa já consolidado à base do calendário, e a vida dupla entre estudante e herói.
O tempo é limitadíssimo aqui, e precisamos pensar muito bem no que fazer com ele. Devemos ir à escola, arrumar um emprego, fortalecer amizades, curtir com amigos, comer, estudar, até fazer café, e é claro, invadir palácios no coração das pessoas para um pouco de ação.
Estudar e salvar o mundo. Estudantes japoneses sofrem!
Cada atividade consome uma passagem de tempo, e seu prazo para certas ações no jogo são realmente limitados. Os dias vão passando até o jogo chegar ao seu fim, e a vasta gama de coisas para fazer na escola, pela cidade, e nos seus contatos sociais o fazem ser bem cauteloso sobre o próximo passo na história.
Tudo o que você faz na “vida real” aumenta atributos do seu personagem, como charme, inteligência, coragem, etc. Esses pontos lhe concederão ações e habilidades que serão necessárias no decorrer da história, conforme o que você quer fazer, então veja bem no que investir.
Fora isso, o jogo tem um ritmo lento, lotados de diálogos e mensagens de texto, por isso você precisa desligar sua vontade de sair correndo, e realmente apreciar os detalhes de um bom JRPG. Muitas horas de jogo o aguardam aqui.
Até você ser apresentado a todos os elementos da mecânica e entender completamente como se joga, já terá por volta de 7 a 12 horas de jogo.
Eu te sou, Tu me és
Personas são nada menos que criaturas surgidas do despertar personalidade dos indivíduos. É com eles que lutamos no coração das pessoas.
Cada personagem importante que entrará para seu time no decorrer da história terá um despertar de Persona, e que possuem designs fantásticos baseados no que cada um é por essência.
Todos os personagens principais tornam-se mascarados quando partem pra ação, e os personas são contidos por trás de suas máscaras. Um conceito figurativo que foi muito bem aplicado no envolto do universo.
Felizmente, nosso Joker tem a habilidade de absorver e utilizar vários personas ao mesmo tempo, como se fossem Pokémons. Você alterna seus personas no meio das batalhas conforme lhe é mais conveniente, descobrindo fraquezas e bolando estratégias.
O sistema de combates por turno de P5 lhe permite controlar todos os personagens do grupo, deixá-los em estratégias automáticas (atacar/curar/defender livremente), e até misturar esses dois modos, mexendo em cada comportamento de personagem individualmente.
Fora os Personas, também atacamos com armas brancas, e com armas de fogo, com munição limitada. Descobrindo as fraquezas de cada inimigo, elas ficam salvas, e podemos usar um atalho para golpes que surtem mais efeito e que nos garante turnos extras por tais ataques, garantindo uma boa vantagem.
Seja bom de lábia!
Dialogar em Persona é muito importante. Tanto na vida colegial, quanto nas missões como um Phantom Thief, escolher as opções de diálogo adequadas te levarão à vitória de várias maneiras.
Assim que cercar um inimigo, por exemplo, é possível dialogar com ele para extorquir um item, dinheiro, ou até trazê-lo para o seu lado, capturando-o.
Para isso, é preciso prestar atenção no que cada inimigo está falando, para respondê-lo adequadamente, e fazer “amizade”.
Da mesma forma, quando você for cercado, um membro da sua equipe pode ser feito de refém, e você terá que dialogar com inimigos para soltá-lo em troca de algo que querem, como uma porção da sua vida.
E quando você está ganhando a batalha violentamente, os inimigos podem até implorar por suas vidas, e aí você faz o que quiser. Poupa ele pedindo um item, dinheiro, trazendo pra sua equipe, ou simplesmente o mata.
Welcome to the Velvet Room
Igor, o misterioso guardião da Velvet Room está de volta, e ajudará Joker em sua “reabilitação”. Seu papel é importante na história, mas à par disso, é aqui que customizamos nossos Personas.
Igor está em todos os jogos da série, é o “Cid” do Persona!
É possível “comprar” Personas que já encontramos, e até forjar criaturas novas e mais fortes, sacrificando duas ou três que você já possui.
O nível do Persona criado dependerá de suas afinidades e nível, o que te impede de se tornar um jogador overpower e sair do curso da aventura.
Sempre será necessário o bom e velho “grinding” para avançar no jogo.
Fazendo um social
Você criará laços com cada personagem importante que encontrará. Desde membros do seu grupo, até personagens presentes apenas na porção “vida real” da história.
Cada laço poderá ser fortalecido, e cada personagem te trará vantagens de acordo com sua proximidade com eles.
Você fortalecerá esses laços interagindo com esses personagens, saindo com eles, prestando serviços, e se tornando mais íntimo de cada um.
PERSONA, um jogo com muitos PERSONAgens legais
O lance de investir seu tempo aqui conta muito, pois será impossível se tornar “amigão” de todo mundo de uma hora pra outra, e as vantagens são diversas, indo desde habilidades extras no campo de batalha, ganho aumentado de XP, habilidade de fazer comidas que aumentarão atributos na batalha, etc.
Além disso, cada Confidente possui uma afinidade de Persona, que são basicamente seus tipos. Criar Personas de Arcana “Lovers”, quando sua afinidade com o personagem de “Lovers” estiver alta, fará aquele Persona nascer mais forte, com mais experiência e ataques.
Do fundo do coração
A história se seguirá conforme o calendário passa, e você elimina alvo após alvo, em dungeons sequenciais.
Cada alvo principal possui um desejo distorcido em seu coração, o que o faz cometer atrocidades como abuso sexual de estudantes, assassinatos, esquemas de corrupção, e outras “podridões”.
Quando os Phantom Thieves invadem o coração dessas pessoas, precisam desbravar seus palácios, e encontrar seu tesouro no fim da dungeon.
Bela Ás, bela Copas, bela Dungeon!
Ele será protegido por uma personificação macabra da pessoa ao qual invadimos o coração, e os palácios serão sempre versões distorcidas de lugares reais, da forma que os alvos as enxergam. Como um castelo de perversão, um museu imenso, e por aí vai.
Encontrando o tesouro no coração dos alvos, voltamos ao mundo real para mandar uma mensagem ameaçadora a esses alvos. Assim, seu subconsciente fica pesado, e abre uma brecha para enfrentarmos o boss de cada palácio e roubarmos o tesouro.
Assim, seu subconsciente se desestabiliza, e dentro de dias, o alvo na vida real sofre um abalo emocional tão forte que o faz se entregar, acabando com seus crimes sem que ninguém saiba o que de fato aconteceu.
Fora os alvos principais, também podemos visitar os “Mementos”, uma área do inconsciente coletivo, onde exploramos dungeons geradas aleatoriamente para mudar o coração de pessoas menores e normais em sidequests, que aumentarão a popularidade dos Phantom Thieves.
Tudo isso deve ser feito dentro de um certo prazo no calendário, então partimos para o próximo alvo e o enredo vai se desenrolando em todo esse ciclo, à medida que a história se aprofunda.
Muito estilo e diversão!
Persona 5, assim como os outros, é extremamente visual. A predominância do vermelho faz jus ao contexto, passa a raiva, a ação, o dinamismo, e sua direção de arte cheia de detalhes fantásticos.
Não tem muita beleza gráfica por ser um JRPG, mas com certeza seu visual e artes das HUDs tem muito estilo. Tudo embalado numa trilha sonora à base de Jazz, Funk, e um pouco de Disco.
PERSONA, um jogo de PERSONAlidade
Tanto as invasões dos Phantom Thieves, quanto sua vida colegial são interessantes e bem alinhadas à ponto de não te deixar no tédio jogando uma das metades.
É um game que valerá o investimento justamente por sua longevidade. Serão necessárias entre 70 e 100 horas para concluir a trama e fazer tudo o que o game tem à oferecer, então é uma ótima pedida pra quem gosta de um bom RPG, com uma boa história, mesmo pra quem nunca experimentou nenhum game da franquia antes.
Começar com Persona 5, é com certeza o melhor ponto de partida para você se interessar tanto pela série, à ponto de ela roubar seu coração!
Tem localização?
Infelizmente, o jogo não possui tradução em Português Brasileiro.
- Testamos a versão para PlayStation 4, num PlayStation 4 modelo padrão
Obs: As piadinhas nas imagens são by Sérgio Sampa…