Os fãs de Sonic não precisam mais esperar! A DLC Sonic Origins Plus foi lançada no dia 23 de junho, durante a comemoração de 32 anos da franquia. Recebi através da SEGA o acesso a esse novo conteúdo e aqui você pode conferir minha review sincera.
Do que se trata
Sonic Origins Plus é uma expansão para o jogo Sonic Origins lançado em 2022. Ele pode ser adquirido em separado, para quem já possui o jogo ou comprado dentro de um combo que inclui tudo. Sonic Origins possuia originalmente quatro jogos clássicos de Mega Drive remasterizados para as plataformas atuais. São eles: Sonic the Hedgehog 1, Sonic the Hedgehog 2, Sonic 3 & Knuckles e Sonic CD.
A expansão Plus acrescentou todos os doze jogos do Sonic para Game Gear em sua forma original, trouxe a personagem Amy jogável nos jogos de Mega Drive remasterizados e também tornou Knuckles disponível em Sonic CD. Além disso, os jogos remasterizados receberam atualizações para correções de glitches, apresentando na tela de título a indicação “Versão 2.00”.
Origins Original
Originalmente, os quatro jogos principais dessa coletânea foram refeitos do zero. Com exceção de Sonic 3&K, os outros três primeiramente haviam sido reprogramados para celular, sendo que Sonic CD também saiu para PC e para a sétima geração de consoles (PS3 e Xbox 360). Então, a grande novidade da coletânea foi apresentar pela primeira vez Sonic 3K remasterizado.
A coletânea permitia jogar os jogos de duas maneiras. No “Modo Clássico” havia contador de vidas, tela em formato fullscreen (4:3) e uma jogabilidade mais parecida com as versões originais.
Já o “Modo Aniversário” trazia vidas infinitas e, ao completar 100 anéis, o jogador ganhava Moedas que eram usadas para desbloquear itens da Galeria, além de permitir refazer algum Special Stage, caso o jogador falhasse. Esse modo também mostrava os jogos em widescreen real (16:9) e adicionava o movimento Drop Dash para o Sonic (introduzido em Sonic Mania) e retirava as mortes por Time Over.
Era possível jogar os jogos em sequência no “Modo História“, e até mesmo de maneira invertida no “Modo Espelhado“, o que desafiava as memórias musculares dos jogadores.
No “Modo Missão” haviam pequenos desafios em várias fases dos quatro jogos e que rendiam mais Moedas. Além disso, foram introduzidas novas animações 2D que acrescentavam mais contexto e história a todos os jogos disponíveis.
Após o indiscutível sucesso de Sonic Mania de 2017, a expectativa para essa coletânea era muito alta, afinal, os desenvolvedores envolvidos foram quase os mesmos. No entanto, sua recepção foi mista. Pois da mesma forma que existiam muitas novidades e pontos positivos, também haviam os negativos.
Os três jogos que já existiam para celular tinham grande qualidade técnica e conseguiam replicar muito bem a jogabilidade que havia no Mega Drive. Como poucos detalhes destoavam, a impressão geral foi muito boa.
A recriação desses jogos ficou a cargo de Christian Whitehead, onde ele utilizou a Retro Engine (de sua autoria) para programar. Mais tarde, ele também esteve presente no desenvolvimento de Sonic Mania juntamente com a equipe da HeadCannon, do programador Simon Thomley (também conhecido como Stealth).
Em Sonic CD, vários problemas de jogabilidade e física foram corrigidos, tornando o jogo ainda melhor que a versão original, além de apresentar uma grande melhora na resolução e fluência dos Special Stages.
Não chegou ao público informações sobre o período de desenvolvimento desses remasters, mas por conta de sua qualidade, é de se supor que tudo tenha sido tranquilo.
Porém, quando chegamos em Sonic Origins, as coisas foram diferentes. Quem desenvolveu Sonic 3&K na Retro Engine foi a HeadCannon, e logo após o lançamento da coletânea, o próprio Stealth surgiu no Twitter explicando alguns problemas que ele teve durante o desenvolvimento.
Segundo ele, houve um prazo curto para o trabalho, pois a SEGA queria lançar na data de aniversário da franquia. Mas, ainda asism a HeadCannon entregou foi uma versão de Sonic 3&K totalmente funcional. Porém, quando a SEGA compilou os quatro jogos na coletânea e fez algumas modificações como o sistema de Moedas ou adição do Drop Dash, vários problemas acabaram surgindo.
Na época do lançamento realmente existiam glitches muito bizarros, principalmente em Sonic 3&K. Alguns deles foram corrigidos nos meses seguintes, mas a grande maioria permaneceu existindo até a atualização que veio com a DLC Sonic Origins Plus. Lembrando que, para quem não comprou a DLC, essa atualização de correção veio gratuitamente.
Sonic 3&K teve algumas músicas trocadas por conta daquela famosa história (que os fãs conhecem bem) sobre a suposta participação de Michael Jackson na trilha sonora, ou ao menos dos músicos que trabalhavam com ele. A SEGA nunca se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas o fato é que todas as músicas que tem muitas semelhanças com sucessos do Rei do Pop precisaram ser substituídas.
Então, essa troca já era esperada por muitos jogadores e nem foi uma grande questão discutida. O que causou muita reclamação foi a qualidade das novas músicas. Elas são as mesmas do antigo port para PC de Sonic 3 & Knuckles, porém, reprogramadas no hardware sonoro do Mega Drive para combinar com as demais.
Essa programação foi feita por Jun Senoue, músico presente há muito tempo na franquia Sonic, só que desta vez ele não fez um bom trabalho. As músicas ficaram com arranjo muito pobre e até mesmo a altura dos canais de áudio parecem distorcidos. Além disso, toda a trilha sonora ficou muito abafada em relação aos outro três jogos da coletânea.
Para os personagens em modo Super ou Hyper, foi adicionada uma nova tema baseado abertura de Sonic & Knuckles e é bem longo. Assim, ela acaba sendo menos repetitivo do que a música de invencibilidade que tocava originalmente. No entanto, existem dois pequenos problemas: lembra muito a música de invencibilidade de Sonic 4 (um jogo em geral bem ruim e com uma trilha sonora questionável) e também utiliza a batida de Sonic 1 e 2, ignorando a batida de Sonic 3, o que destoa de todas as outras músicas da trilha sonora.
Além de Sonic3K, o único jogo que usa a mesma batida é Sonic 3D Blast na versão Mega Drive. Por algum motivo esse arranjo é ignorado pelos compositores que trabalham na franquia. Não vemos ele nem em Sonic 4, Generations ou Forces. E agora em Origins foi deixada de lado também.
A explicação do Stealth no Twitter sobre todos os problemas da coletânea causados pela SEGA serviu para limpar o nome de sua empresa. Os fãs de Sonic entenderam tudo o que aconteceu e também publicaram vários vídeos mostrando todos os erros que encontraram enquanto jogavam.
Durante vários meses a SEGA se manteve quieta sobre o assunto. Porém, no início de 2023, ela chegou com a notícia da DLC Origins Plus, o que poderia significar melhoras na coletânea.
Plus
Como comentei antes, vários problemas foram corrigidos. Um dos mais infames era a queda infinita de pedras na fase Marble Garden do Sonic 3K, mas finalmente ele não existe mais. No entanto, nem tudo está consertado. Ainda existem alguns glitches, inconsistências em relação a aceleração dos personagens e a adição da Amy trouxe alguns novos problemas.
Curiosamente, a HeadCannon confirmou em seu Twitter que trabalhou nas novidades e atualizações de Origins Plus, mostrando que continuou com um bom relacionamento com a SEGA, mesmo após expor seu lado sobre as polêmicas do lançamento original.
Anteriormente, Amy apenas aparecia como personagem não jogável em Sonic CD, no entanto, nas animações em 2D de Sonic Origins ela sempre tinha muito destaque. Então, para que fosse incluída nos quatros jogos principais, ela ganhou vários sprites novos. Eles são bem compatíveis com seus poucos sprites existentes em Sonic CD, apenas apresentam mais cores, ficando mais próxima de suas artworks. O estilo gráfico de Amy segue um meio termo entre o que foi usado em Sonic 1 e CD e o que foi usado em Sonic 2. Mas, nos quadros onde ela rotaciona e exibe as costas, lembra mais o estilo de Sonic 3K.
Knuckles em Sonic CD continua com o visual “mais avançado” de Sonic 3K, porém, ele recebeu alguns sprites novos para se adequar a certos trechos do jogo. E tanto ele como a Amy, ganharam sprites para as Special Stages em que eles não haviam participado até agora.
Amy, em sua forma Super ou Hyper apenas brilha sua cor original ficando enbranquecida. E isso levantou alguns questionamentos na internet, afinal, na franquia Sonic é comum os ouriços (Sonic, Shadow e Silver) ficarem dourados quando transformam. Não duvido nada que na versão PC de Origins Plus alguns hackers modifiquem a cor da Amy só para tornar esse detalhe mais coerente.
Amy veio com uma jogabilidade própria, se assemelhando ao que foi mostrado nos trailers de Sonic Superstars (que será lançado ainda este ano) e se diferenciando bastante de sua versão jogável da série Advance. Ela pode rolar, pular girando e fazer Spin Dash. Durante o pulo, é possível ativar um ataque giratório com o martelo, que funciona parecido com o Insta Shield do Sonic. Ao aterrissar, ela também consegue fazer um ataque rápido com o martelo, similar ao Drop Dash do Sonic.
Esse Drop Dash com Martelo funciona igual em todos os jogos. No entanto, ela só não consegue subir rampas com ele ativo no Sonic 3K. Por algum motivo ela trava e perde toda a velocidade, voltando para trás.
Falando em Drop Dash, ele foi consertado em Sonic 1, 2 e CD. Muita gente dizia que nesses jogos não era possível mudar esse movimento de direção quando ativado (diferente de Sonic 3K ou Sonic Mania). Mas na verdade, sim, dava para mudar. Você só não conseguia alterar a direção se o pulo viesse de um terreno inclinado (como o meio de uma rampa). Porém, felizmente, agora o Drop Dash está perfeito em todos os jogos, como deveria ter sido desde o início.
Para o Knuckles, no Sonic CD foram adicionadas novas áreas que só ele pode acessar. Mas são trechos pequenos e com level design bem simplista. Lembra um pouco as novas passagens exclusivas para ele da fase Marble Zone de Sonic 1. É positivo que elas existam, apenas não mudam muita coisa.
Sonic 3K dessa coletânea tinha um grande problema com colisão. Muitos objetos matavam o jogador muito mais facilmente do que ocorria no jogo original. Um grande exemplo é o disco que o sub-chefe da fase Carnival Night soltava. Ele podia esmagar o jogador contra a parede só de encostar. No entanto, a atualização 2.00 corrigiu isso. O disco continua causando dano pelo espinho lateral e ainda dá para subir nele, mas já não se move como um bloco sólido, e com isso, deixou de ser tão mortal.
No entanto, no segundo ato da mesma fase, logo após a parte do infame “Barrel of Doom”, se o jogador descer a pista giratória no máximo da velocidade, ele acaba sendo morto por um latão logo a frente. No jogo original, este latão sempre está mais baixo, o que o impede de causar mortes. Imagina um erro que pune o jogador se ele quiser ser rápido num jogo do Sonic. Não faz sentido!
Ainda sobre mortes instantâneas, o chefe da fase Sandopolis continua matando personagens em modo super. Se o jogador ficar parado junto do Eggman, esperando a cabeça do Golem voltar, é morte na certa. Coisa que obviamente não acontecia no jogo original.
Sobre as cutscenes, algumas tiveram melhoras. Na fase Launch Base, após a derrota do chefe, vemos o Eggman voando para o fundo da tela e agora ele passa por trás do mastro de metal, não parecendo mais que ele está encolhendo e sim se afastando do jogador. E quando a plataforma termina de cair, não aparecem mais dois Death Eggs ao mesmo tempo.
Alguns detalhes gráficos de Sonic 3K ainda não foram arrumados como a falta das hélices na nave do Eggman que decola no final da fase Angel Island. Ou os escudos de estrela da Fase de Bônus das Esferas de Gravidade que são iluminados e piscam no jogo original.
Um problema infame que foi resolvido: originalmente, o Anel Gigante do final do segundo ato da Hydrocity, que fica numa parede próxima a dois cilindros giratórios, podia ser acessado por qualquer personagem com um simples pulo. Porém, na versão remasterizada nenhum personagem conseguia alcançar dessa forma. Tails podia voar levando o Sonic e Knuckles podia escalar. Porém, se o jogador estivesse apenas com o Sonic, ficava chupando o dedo.
Falando em Hidrocity, nessa e em outras fases, o Knuckles ganhou novas cores quando aparece dentro d’água. São paletas que condizem mais com a cor o personagem e especificamente em Hidrocity ele ficou muito bonito. Só esqueceram de um pequeno detalhe: quando ele vence o sub-chefe e a placa de fim de fase cai dentro d’água, ela mostra a paleta antiga (um rosa bem forte). Como a placa e o Knuckles tem as mesmas cores, não faz sentido cada um ficar de um jeito quando estão na água…
Foi uma boa sacada incluir a possibilidade de se jogar com a Amy e o Tails juntos. Como ela foi praticamente feita por cima do Sonic, compartilhando até mesmo movimentos parecidos, a dupla combina bem. Mas há um pequeno problema. Existe um comando que ativa o Tails para ele carregar o personagem que o jogador está controlando. Você segura para cima e aperta o pulo duas vezes.
Com Sonic isso funciona perfeitamente e o jogador alcança lugares altos rapidamente. Mas com a Amy algum problema acontece pois quando se aperta o pulo duas vezes, ela ativa o giro com a marreta. E em 50% das tentativas, ao ativar esse ataque, ela não consegue segurar no Tails, obrigando o jogador a cair no chão e pular de novo para tentar se agarrar. Nisso, se perde vários segundos do voo que tem tempo limitado.
No Sonic 3K há uma solução para isso que não foi implementada nos outros jogos: quando se segura para cima e aperta o pulo duas vezes, a Amy não ativa o ataque, porém só quando ela está usando algum escudo elemental. Isso melhora bastante a tentativa de subir no Tails, mas deveria funcionar também quando ela está sem escudo ou nos outros jogos.
No lançamento do Origins, muita gente reclamou que o jogo tinha somente 2 botões de pulo, o que atrapalhava os speedrunners que conseguiam ativar um Spin Dash super rápido em menor tempo no Mega Drive, onde haviam 3 botões disponíveis. Por conta disso, a atualização 2.00 adicionou mais um botão de pulo em todos os jogos, para ninguém mais por defeito!
Porém (sempre tem um porém), não é a todo momento que os 3 botões funcionam. Na fase de bônus do caça-níquel giratório no Sonic 3K , notei que ainda funcionam apenas 2 botões. Assim, o jogador precisa lembrar em quais momentos ele vai ou não ter os 3 botões disponíveis. Principalmente se ele costuma usar mais o botão novo que só funciona às vezes.
Muitos esperavam que alguma coisa seria feita com relação à trilha sonora de Sonic 3K mas infelizmente ela permaneceu abafada. Em 2019 surgiu na internet uma versão beta de Sonic 3 onde as músicas relacionadas ao Michael Jackson ainda não haviam sido implementadas. Em seu lugar, tocavam as músicas que mais tarde apareceram na versão para PC de Sonic 3K. Assim, os fãs tiveram a certeza que elas estavam no projeto original de Sonic 3.
E mesmo que as músicas dessa versão beta não estivessem em sua melhor versão, essas faixas exclusivas tinham boa qualidade. Muito maior do que foi apresentado em Sonic Origins. Por isso, foi muito estranho a SEGA ignorar totalmente a trilha do beta, trazendo versões bem inferiores. Talvez, ela não possa admitir a existência desse beta, ou quem sabe ele seja fake (embora essa alternativa seja muito improvável). Mas a verdade é que a versão disponível é inferior.
Gostaria muito que mudassem a batida da música das transformações Super/Hyper do Sonic 3K, só por questão de consistência e porque acho que ela sempre é preterida quando se fala em Sonic clássico. Também gostaria que não houvesse aquele silêncio esquisito entre o momento em que se pega a última esfera azul e se conquista a esmeralda no Special Stage.
No Mega Drive a música continua tocando até vir o jingle da esmeralda. No Origins fica sem som porque o jogo é na verdade uma grande modificação de Sonic Mania, e neste jogo, quando se completava uma Special Stage, a música parava para tocar um som curto antes de se coletar a medalha. Sei que é um pequeno detalhe, mas qualquer hacker ou programador resolveria isso em minutos…
Por mais que a Amy use os mesmos sprites em todos os jogos, existe uma mudança na paleta de cores. Notei isso ao comparar a tela de final do Sonic 2 com o início do Sonic 3K. Enquanto no primeiro ela tem tons mais claros, no segundo as sombras mais acentuadas para combinar com o gráfico do jogo. Um toque bem interessante.
Se reparar bem, a Amy é um tipo de skin do Sonic. No Sonic 1 e CD, ele tem uma animação mais simples para seu pulo. Você vê ele girando nas 4 direções e então vem um sprite de bola azul completa. A partir de Sonic 2, passou-se a intercalar um sprite do Sonic e um de bola. A Amy funciona da mesma forma. No Sonic 1 e CD ela vira uma bola rosa somente após 4 frames normais. Já no Sonic 3K sua animação é intercalada.
Só não entendi porque no Sonic 2 ela continua com a animação de pulo igual ao Sonic 1 e CD, já que nesse jogo o Sonic já tinha a animação intercalada. Agora, um fato curioso: em todos os jogos, quando você ativa o ataque da marreta durante o pulo, a animação muda para a versão intercalada (e ela é muito mais bonita). Se ativar esse ataque e entrar num dos canos da fase Chemical Plant de Sonic 2, o resultado é um erro estranho onde ela para de girar.
Os sprites da Amy para os Special Stages em Sonic CD e 3K são muito bem feitos. A única exceção é em Sonic 2. Os sprites em si não são feios, porém faltam muitos quadros de animação em comparação com Sonic, Tails e Knuckles. Quando você joga com a Amy e o Tails juntos fica bem visível o quanto ela foi prejudicada.
Será um erro de programação ou apenas economizaram na criação dos sprites?
Edit para o parágrafo acima: Dei uma olhada pela internet e descobri no twitter que o programador @Axanery está extraindo os arquivos de Sonic Origins Plus e nos dados ele encontrou todos os sprites da Amy. Ela tem a animação completa igual aos outros personagens, porém, devido a um erro o jogo só mostra metade deles.
Muitos efeitos sonoros de Sonic 3K ainda continuam fora do lugar, coisa que não acontece em Sonic 1, 2 e CD. Realmente não notei nenhuma melhora nesse aspecto. Um dos exemplos mais notáveis é o som trocado do contador de tempo que ativa os de anéis de energia na fase Death Egg está. O mesmo vale para o sub-chefe da Ice Cap, quando lança as pedras de gelo para cima. Para compensar, foram adicionados efeitos para diversos objetos e inimigos que antes não tinham som.
Para Sonic 1 e 2, o Spin Dash continua não tendo efeito de pitch, assim, não fica mais agudo conforme se aperta o botão de pulo mais vezes. Esse defeito vem desde os jogos para smartphone. Curiosamente, ele não existe em Sonic 3K.
Embora agora seja uma coletânea mais consistente e com um nível maior de qualidade, ainda peca pela falta de personalização, principalmente por ser vendido como um produto premium. Sonic Origins, em seu pacote mais completo, foi vendido no lançamento por R$ 239,90 e atualmente está R$ 159,90. A DLC Origins Plus custa R$ 55,00 (valores da PSN). Isso aconteceu porque a SEGA elevou os preços de todos os jogos da franquia no ano passado em todo o mundo.
É preciso lembrar que antes de entrar para essa coletânea, Sonic 1, 2 e CD estavam super baratos para smartphones, custando menos de R$ 3 cada. E ainda havia com opção de serem jogados gratuitamente com propagandas ativadas a cada fase completa. Das lojas digitais, como a Steam, os jogos originais do Mega Drive foram removidos, e só quem já havia comprado antes continuaria a ter acesso.
Segundo a SEGA, os jogos foram retirados pois, a partir daquele momento, a coletânea Origins seria a forma definitiva de jogá-los. Foi uma pena que essa forma definitiva veio com tantos problemas, alguns foram corrigidos, mas outros permanecem.
Mas, por que eu falei sobre personalização? Ainda há muita restrição sobre o que se pode fazer nos jogos. O Modo Aniversário traz grandes melhorias, como as vidas infinitas, imagem em widescreen e usar moedas para tentar novamente os Special Stage. Porém, se o jogador quiser desativar as vidas infinitas ou ativar o Sistema de Moedas no Modo Clássico, ele não pode.
Essas mudanças são arbitrárias e você é obrigado a aceitar tudo o que vem “dentro do pacote”. Seria muito bom se o jogo deixasse o jogador configurar tudo a seu gosto. Mesmo que ele ficasse em dúvida sobre o que prefere, isso livraria a SEGA de ouvir reclamações. Dar opções sempre é a melhor saída. É por isso que mods feitos na versão PC de Sonic Origins são tão populares, cada jogador muda só o que quer e torna a experiência melhor para ele. Infelizmente, quem joga nos consoles não tem acesso a isso.
Christian Whitehead e Stealth sempre demonstraram muito carinho a essa franquia. Desde Sonic CD eles já impressionavam muito e faziam mais trabalho do que era necessário para os jogos serem portados. Pegando como exemplo, no Sonic 1 para smartphone era possível acessar muito conteúdo extra através do truque de seleção de fases.
Com ele ativado, você podia habilitar os escudos elementais do Sonic 3 nas fases, adicionar mais uma esmeralda na contagem (com um Special Stage próprio) e até mesmo ativar o Super Sonic, Tails ou Knuckles.
E você pode até pensar que simplesmente pegaram os sprites do Super Sonic do Sonic 2 e adicionar no Sonic 1. Certo? Errado. Houve todo um trabalho de desenhar o Super Sonic por cima dos sprites do Sonic no Sonic 1! Repare no formato dos olhos ou na forma que ele anda antes de correr, é diferente do que ele faz em Sonic 2. E tudo isso foi feito para algo que está escondido no jogo e só pode ser acessado através de código.
Percebe o empenho desses caras? Eles trabalharam além do que era necessário, incluindo até mesmo elementos das versões beta, inimigos descartados, decorações, etc. Coisas que os fãs de Sonic adoram perceber enquanto jogam.
E tudo isso existe de alguma forma dentro do Sonic Origins também, só que não está acessível porque o jogo não te dá opções. Por exemplo, poderia haver uma forma de ativar a sétima esmeralda em Sonic 1, ou então, deixar selecionar uma fase de um Save já concluído de Sonic 1, 2 ou CD, como é na versão de smartphone.
Nessas versões, você seleciona o personagem antes de abrir o jogo, então aquele que você escolheu aparece na tela de título. Infelizmente, em Origins a escolha do personagem é feita na tela de título, então você perde a chance de ver quem você escolheu numa animação legal junto ao logo.
No “Modo Clássico“, você só consegue jogar com os personagens que eram selecionáveis nas versões para Mega Drive. Ou seja, a Amy só pode ser jogada no “Modo Aniversário“.
Porém, se você faz o código de seleção de fases em qualquer um dos jogos, você pode escolher qualquer personagem mesmo no “Modo Clássico“. O interessante é que ao fazer isso, você consegue ver o ícone de vidas da Amy que simplesmente não aparece no Modo Aniversário, já que nele sempre é exibido o ícone das Moedas. Este é mais um daqueles detalhes que exemplificam a dedicação dos desenvolvedores.
Finalizando sobre a falta de opções, a coletânea tem um filtro gráfico que borra um pouco a imagem, tirando a nitidez dos pixels. Em Sonic Mania isso não acontecia e ainda era possível escolher vários filtros gráficos que simulavam a imagem das TVs de tubo antigas.
Por qual motivo nada disso está presente em Sonic Origins? Faria total sentido simular TVs de tubo nesses jogos antigos… Infelizmente, a única opção gráfica de Sonic Origins Plus é poder deixar a imagem ainda mais borrada. Mas não acredito que alguém use isso.
Game Gear
Diferente dos jogos de Mega Drive que foram totalmente reprogramados, os doze jogos do Sonic para Game Gear foram somente emulados. Por conta disso, eles não apresentam nenhuma novidade ou modificação. A única diferença é em Sonic Drift 2 e Dr. Robotnik’s Mean Bean Machine, onde há um modo para se jogar em 2 jogadores ao mesmo tempo.
Embora os trailers não mostrassem, esses jogos rodam com uma grande borda preta ao redor da imagem e não há opção para retirá-la.
O mesmo filtro que borra um pouco a imagem dos jogos principais também estão presentes aqui. Mas os jogos rodam bem, sem problemas de frame rate ou algo relacionado à emulação, a não ser pelo som.
Todos os jogos estão com um efeito de eco muito forte, deixando tudo abafado e destoando de como eles eram originalmente no portátil da SEGA.
Para quem já jogava no Game Gear, não vai sentir muita diferença aqui. Mas vale lembrar que a escolha de trazer somente jogos desse console foi estranha. Entre os fãs, muitos se perguntaram porque a SEGA ignorou o Master System, que possui versões melhores para alguns desses jogos, com uma tela maior que dá mais campo de visão ao jogador.
O que mais sofre com a telinha pequena do Game Gear é o Sonic 2. Ele tem fases com áreas abertas e plataformas bem espaçadas entre uma e outra. Isso torna o gameplay um show de tentativa e erro a cada pulo, onde o jogador não sabe se irá cair numa plataforma ou num precipício.
Mais uma vez, faltaram opções aos jogadores que ficariam felizes se pudessem escolher qual versão jogar.
A ideia de trazer os jogos do portátil da SEGA não foi ruim, muitos desses jogos são desconhecidos por muita gente. Mas o som prejudica bastante a experiência.
Veredito
Para quem não conhece os jogos originais e está jogando os clássicos dessa coletânea pela primeira vez, a experiência pode até ser bastante positiva com todas as atualizações que a DLC Origins Plus trouxe. No entanto, quem conhece a franquia Sonic a fundo consegue notar todas as inconsistências presentes. A falta de opções para personalizar os jogos afasta ainda mais fãs de longa data. O preço alto e o bloqueio ao acesso dos jogos originais talvez sempre marquem de maneira negativa essa coletânea que curiosamente foi lançada numa época em que a franquia Sonic está em ascensão por conta dos filmes, desenhos e novos jogos de qualidade.
Seria muito bom se a SEGA demonstrasse o mesmo empenho que a HeadCannon e o Christian Whitehead sempre tiveram com os jogos do Sonic clássico. Sonic Superstars está vindo aí e os primeiros testes por parte da mídia foram bastante positivos. Essa será a chance para a SEGA mostrar o quanto se importa e também para se redimir pela falha que foi Sonic 4, a primeira tentativa de jogo estilo clássico em 2.5D.
- Essa análise foi feita com um código cedido pela SEGA, versão PS4, testada num PS4 Pro
ANÁLISE
Sonic Origins Plus
Sonic Origins Plus traz ainda mais conteúdos para a coletânea Sonic Origins. Pela primeira vez Amy é jogável nos jogos clássicos e Knuckles pode ser selecionado em Sonic CD. Fora isso, doze jogos de Game Gear foram adicionados no pacote e vários glitches foram corrigidos.
PRÓS
- Adiciona Amy como personagem jogável em todos os jogos e Knuckles no Sonic CD
- Corrige vários glitches do lançamento original
- Adiciona doze jogos de Game Gear para o pacote
CONTRAS
- Traz novos glitches com a adição da Amy
- Muitos outros glitches ainda existem
- O som dos jogos de Game Gear está estourado, com um eco estranho e abafado
- As opções de configuração do jogo continuam limitadas