Desde que a série Soul estreou no Dreamcast com o segundo jogo, Soulcalibur, ela sempre foi sinônimo de alta qualidade. Não havia nada na época que se comparasse em nível técnico, gráficos, sons e jogabilidade.
E os jogos seguintes mantiveram o mesmo nível de excelência nas gerações seguintes de consoles. Talvez, o menos adorado até agora seja Soulcalibur V, que avançou alguns anos no enredo da série e mostrou novos personagens, entre filhos e pupilos, deixando alguns adorados pela galera de fora.
Talvez por isso, a Bandai Namco tenha resolvido voltar um pouco atrás em Soulcalibur VI, retornado às origens do primeiro game e recontando a mesma história, porém, com novos detalhes e personagens.
Então, novamente vemos Kilik em sua jornada para oeste, em busca de destruir a Soul Edge e também aprender a dominar o enorme poder que reside em seu corpo.
99% lindo, mas tem aquele 1% borrado
Soulcalibur VI foi programado na Unreal Engine, deixando de rodar em outra engine própria da Bandai Namco, como acontecia nos jogos anteriores. E graficamente, ele alcançou um novo patamar, porém não se distancia muito de Soulcalibur V. A grande novidade é funcionar em 4K nos hardwares mais potentes.
Olha só, olha lá… olha esses raios de luz! Olha esses efeitos, essas texturas, esses modelos 3D! Olha que bacana!
Os personagens continuam muito bem detalhados, assim como suas texturas e o piso dos cenários. Os efeitos especiais seguem o padrão belo da franquia, mostrando que a Namco conseguiu se adaptar bem à nova engine. Eles já trabalharam com ela em Tekken 7, e aqui é visível que se aperfeiçoaram ainda mais.
Talvez, o único porém dos gráficos sejam os o fundo dos cenários que tem um efeito de blur muito forte, dando mais destaque para os lutadores e o chão próximo a eles. Se houvesse uma opção de remover esse efeito, ou ao menos diminuir, acredito que os gráficos ficariam mais agradáveis.
Lembro dos primeiros jogos de luta 3D na época do PlayStation 1, onde todo o processamento do console era focado em fazer os personagens e o cenário ao fundo precisava ser apenas um papel de parede para economizar memória.
Por isso, não vejo sentido em hoje em dia, com o enorme poder dos console atuais, um filtro borrado nos impedir de ver os belos cenários em 3D.
O fundo dos cenários está com miopia…
Lutas simples e funcionais
Soulcalibur sempre foi uma série bem acessível, com jogabilidade descomplicada, comandos simples e poucos botões para apertar. E podemos dizer que ela continua do mesmo jeito.
Os personagens como sempre mudam um pouco em relação ao jogo anterior, mas sem se descaracterizar. Em poucas lutas o jogador veterano aprende os novos comandos e golpes.
Uma novidade muito bem vinda é o Reversal Edge, que se trata de um movimento de “duelo” durante as batalhas. Quando é ativado, cada jogador precisa pressionar um botão e cada tipo de movimento é forte ou fraco contra outro, num estilo “pedra papel e tesoura”.
O golpe que inicia o Reversal Edge é indefensável, se tornado um ótimo contra-ataque a jogadores que gostam de ficar na defesa. E esse movimento acaba tornando as lutas mais agitadas e ofensivas do que jamais foram.
O Soul Charge continua como era nos jogos anteriores. Quando ativado ele deixa o lutador mais forte por alguns segundos. Por uma lado, ele dá essa vantagem, por outro, o oponente sabe que vai ser atacado com força total e acaba se preparando melhor para defender ou contra-atacar.
Os Critical Edges também voltaram, e são os golpes especiais que tiram muita vida do adversário. Se o jogador acerta o primeiro golpe, vemos uma bela e rápida animação do lutador usando seu mais ataque mais forte.
Tanto o Soul Charge como os Critical Edges gastam uma das “barras de especial” que enchem conforme atacamos ou defendemos. E é possível estocar até duas barras.
Dá pra jogar com todos?
Inicialmente o jogo possui 20 personagens jogáveis. É menos que o jogo anterior, mas novos estão sendo criados e serão lançados em DLC.
No dia de lançamento a personagens Tira já estava disponível para compra, porém a notícia não foi bem recebida em geral. Pois quem comprasse o jogo já teria que pagar um valor a mais só para ter uma personagem que poderia já estar no jogo.
A polêmica é grande, afinal, conteúdos extras são mais bem recebidos quando são criados depois que o jogo é lançado. Deixar a Tira de fora e disponibilizar já no dia de lançamento foi uma clara mensagem da Bandai Namco dizendo que queria mais dinheiro por todo o trabalho que teve até então.
Ao menos há como comprar o season pass, que trará novos personagens, e acaba saindo mais em conta pagar por eles.
A Bandai Namco só coloca a Tira no jogo quando você tira mais dinheiro do bolso e coloca na conta deles.
Convidados
Geralt de Rivia, da série de jogos The Witcher, dá as caras em Soulcalibur VI. Sendo um personagem bem interessante e fiel aos poderes que possui em seu jogo de origem. Ele acaba sendo também o “chefe final” do modo Arcade, que não possui história.
Foi anunciado recentemente que a 2B, do jogo NiER:Automata chegará ao jogo. E como participações do tipo estão sendo comuns nos jogos de luta atualmente, tenha certeza que não irão parar por aí.
Jogando sozinho é divertido
Para quem curte jogar offline, existem várias opções. Como comentado anteriormente, o modo Arcade é simples, tendo apenas 8 estágios e Geralt como chefe. Infelizmente, não retrata a história do jogo, não possuindo um “chefão de verdade”, muito menos finais para os personagens.
Um modo que se destaca é o Crônica das Almas, onde acompanhamos a história principal da Soul Edge envolvendo Kilik e Xinghwa, através de uma linha do tempo e separada por vários capítulos. Abaixo dessa linha, vemos a história da perspectiva dos outros personagens, com duração de capítulos um pouco menor.
Trata-se de um modo bem interessante para sabermos todo o enredo do jogo enquanto lutamos as batalhas mais importantes. No entanto, por muito tempo acompanhamos os personagens conversando através de imagens paradas e vozes. E em alguns capítulos há somente conversa, fazendo com que o jogador pouco interaja.
Groh é um dos novos personagens de Soulcalibur VI que modificam a história que conhecíamos anteriormente
São pouquíssimos momentos em que vemos alguma animação em tempo real, utilizando os lutadores e cenários do jogo. De qualquer forma, as imagens são muito bonitas, parecendo gravuras em papel antigo.
No modo Libra das Almas podemos criar nosso próprio personagem e participamos de outra história. Ao viajar pelo mapa, encontramos outros lutadores, entramos em batalhas e conseguimos novas armas. Também é possível ganhar pontos de experiência para melhorar o personagem criado e avançar na história.
Trata-se de um modo que dura muitas horas e vale a pena ser jogado. Os diálogos não são falados, então ele aparenta ter menos investimento que o modo Crônica das Almas, mas isso não faz dele menos divertido.
Sobre a criação de personagens, ele nunca foi tão completo. São muitas opções de roupas, acessórios, cortes de cabelo, estilo de luta. E a personalização de cada item também é grande, deixando aberto para os jogadores serem criativos o quanto quiserem.
Por conta disso, podemos ver por aí muitos personagens de outros jogos ou outras mídias aparecendo em Soulcalibur, mesmo que não oficialmente. Por exemplo, vejo Bowsettes por todo lado!
Um item de um jogo do Mario Bros. nunca fez tanto sucesso antes de um jogo ser lançado como a coroa de princesa da Toadette.
Som Calibur
O departamento sonoro do jogo está impecável, como sempre, e as músicas continuam passando o clima épico das batalhas. Embora não sejam trilhas conhecidas, acredito que com o tempo se tornem tão icônicas quanto às dos jogos anteriores.
Em todo caso, é curioso que, apesar do jogo recontar os eventos do primeiro Soulcalibur, não exista nenhuma trilha vinda desse jogo (original ou remixada).
Felizmente, os peitos das personagens femininas foram diminuídos em Soul Calibur VI. Nos dois jogos anteriores pareciam enormes bexigas d’água.
Normalmente, em jogos de luta produzidos nos Japão eu prefiro vozes japonesas do que as americanas. Mas em Soucalibur VI eu não me incomodei com as vozes ocidentais. Elas são muito bem feitas, tanto nas lutas como nos diálogos.
O narrador com sua voz épica e tão característica continua presente. Trata-se de uma das convenções da série. Se um dia resolvessem retirá-lo, os jogos perderiam boa parte de seu brilho. Não acha?
Jogar online também é legal
São várias modalidades online. Entre elas podemos escolher entre batalhas casuais e rankeadas. Enquanto o modo casual é algo mais amistoso, no modo rankeado é onde testamos nossas habilidades.
Enquanto joguei, não tive problemas com lag ou travamentos. Posso dizer que houve uma melhora de Tekken 7 para cá. O bacana é que ganhar batalhas rankeadas garantem pontos, mas eles são fixados aos personagens utilizados. Assim, o jogador tem um rank diferente para cada personagem.
A única coisa estranha nesse modo é poder utilizar personagens criados em alguns modos das lutas rankeadas. Como o tamanho deles e de seus acessórios podem ser editados, eles acabam ganhando um alcance estranho e tornam as batalhas desbalanceadas.
Concluindo
Soulcalibur VI é um jogo bem completo. Assim como outros jogos do gênero atuais, irá receber mais conteúdo com o passar do tempo, na tentativa de manter o interesse do público.
No momento está custando R$ 159 no Steam, R$249,90 na PSN e R$ 250,00 no Xbox One. Fora o season pass que custa em torno de R$100,00.
A decisão de comprar ou não fica na mão do consumidor, porém, não dá para negar que é um valor um pouco alto. E sabemos que isso acontece por se tratar de um lançamento. Então, quem sabe futuramente não aconteçam algumas promoções, não é mesmo?
- A Bandai Namco nos enviou uma cópia do jogo para análise. Versão PC.