Roguelikes e batalhas de JRPGs são os elementos principais de Star Renegades, o novo jogo da Massive Damage Games e da Raw Fury. Ele já está disponível para PC através do Steam, GOG e no Gamepass (para PC).
Ao mesclar essas duas mecânicas, temos um jogo de criativo RPG com exploração de cenários procedurais, gerenciamento de recursos e batalhas de turno dinâmicas e desafiadoras.
Apesar de ser um RPG, sua premissa não é muito complexa e nem mesmo muito longa. Numa temática futurista (de acordo com o que era visto na cultura pop dos anos 90), jogamos com um pequeno grupo de renegados que está reunido forças para combater o maligno império espacial chamado… Imperium. Trata-se de uma poderosa organização que está dominando várias galáxias através de dimensões paralelas.J5T-1N é um robô que também possui essa habilidade, além de poder viajar no tempo. Ele vai aos planetas para antecipar a chegada do Imperium. O jogador então, precisa defender três planetas até chegar na nave mãe dos vilões.
Em cada planeta fica-se três dias explorando, derrotando inimigos e, quando um invasor de alta patente chega, é hora de travar a última batalha antes de partir para o próximo.
As batalhas não são sempre fáceis. O jogador precisa gerenciar seus personagens, equipamentos e itens para garantir a vitória. Caso ele falhe, o elemento roguelike entra em ação, fazendo o jogo voltar ao início.Tudo recomeça em outra dimensão, numa galaxia muito parecida. J5T-1N reúne um novo grupo de renegados e juntos deve combater o Imperium novamente. Desta vez, com um fator diferente: a sabedoria que o jogador adquiriu com a derrota anterior.
A ideia é que o jogador realmente refaça todo o percurso várias vezes e vá melhorando seu desempenho. Por isso mesmo, o enredo é simples e curto.
Na tentativa de não deixar tudo muito repetitivo, o formato dos planetas sempre muda, assim como a posição de itens, inimigos e o que eles podem render ao serem derrotados. Assim como na série recente de jogos baseados em Senhor dos Anéis, os inimigos que conseguem derrotar o jogador, sobem de patente e se tornam ainda mais ameaçadores. É impossível na próxima tentativa não ficar com aquela vontadezinha de derrotar logo o inimigo que causou sua morte, porém, não é aconselhável jogar de forma afobada.
Todos os adversários são de alto nível desde o início e os personagens que o jogador controla têm recursos limitados. Por isso, é necessário muito cuidado nas batalhas e saber decidir o que explorar no mundo antes da batalha decisiva (e obrigatória) no final dos três dias. Durante a exploração, pode-se ir atrás de itens, pontos de experiência (os “DNAs”) e escolher se quer ou não enfrentar inimigos que surgem no mapa, com a limitação de três rodadas. Quanto mais difícil um inimigo, maior a probabilidade dele ter bons itens, porém, acaba sendo uma batalha arriscada.
Você pode ignorar o combate, mas não terá nível suficiente para enfrentar o último inimigo. Existe outro fator, os personagens têm três “camadas” de defesa: os escudos, a armadura e os pontos de vida.
Ao final das batalhas, apenas os escudos se restauram, e só será possível recuperar a vida nos períodos de descanso entre um dia e outro. Assim, são muitas decisões difíceis que se deve tomar durante o jogo todo.
É bastante tenso e vai se dar melhor quem conseguir se organizar com o que tem.A estratégia se estende para as batalhas, que, se forem jogadas de qualquer jeito, é derrota na certa. Felizmente, o jogo dá vários recursos para que o jogador possa pensar bem antes agir.
Quando uma luta inicia, uma barra no topo da tela mostra a linha de ação de todos, o que lembra um pouco as batalhas da série Grandia. Ainda é possível saber o que cada inimigo está planejando fazer, permitindo que se planeje e antecipe as ações.
Os turnos não são divididos entre jogador e inimigos, todos atacam assim que suas ações ficam prontas, de acordo com a velocidade de cada um.
Assim como nos jogos mais recentes da série Final Fantasy, existe a possibilidade de tontear um inimigo, fazendo com que ele atrase seu ataque ou até mesmo perca sua ação naquele turno.
Cada personagem controlável tem técnicas específicas e a intensidade de seus ataques podem atrasar menos ou mais a ação dos inimigos.
Ataques mais rápidos tem chances maiores de saírem antes de algum inimigo conseguir fazer algo. A ideia de fazer combos com as ações é bem bacana.
Você escolhe os ataques para todos os personagens e vê a barra de tempo andando. Se um dos seus ataques acerta primeiro o inimigo, ele vai ser empurrado para trás na barra. Isso pode fazer com que um ataque mais lento entre na frente da ação do inimigo, e ele seja empurrado ainda mais. Há a opção de apenas defender, o que faz com que se recupere um pouco de escudo. Sendo esse mais um recurso que deve ser usado com sabedoria.
Durante os períodos de descanso, entre um dia e outro, o jogador pode recuperar a vida de seus personagens, adicionar melhorias temporárias para o dia seguinte e também trocar cartas entre eles. Isso faz com que eles criem uma amizade entre si e aprendam melhorias permanentes ou ataques especiais em conjunto.
Um problema que pode afetar bastante a diversão é que o jogo não tem tradução em português. São muitas informações para ler sobre funcionamento dos itens, para que servem as técnicas de batalha, informações sobre inimigos, entre outras coisas. Quem tiver pouco domínio do inglês pode acabar se perdendo. Graficamente, o jogo é bonito e agradável. Ele abusa de elementos 2D que são alinhados e rotacionados na tela para dar uma ótima impressão de profundidade. Tudo é bastante animado, principalmente durante as batalhas. O sombreamento dos personagens não tenta passar a sensação de volume 3D, eles são bem duros, com contraste forte.
Existem efeitos de iluminação que tentam criar ambientes realistas, mas o aspecto é de um desenho animado antigo que foi passado para pixel art.
Os sprites, em geral, não tem muito contorno e o jogo não liga se eles vão distorcer um pouco quando os rotaciona, o que ocasiona alguns estouros de pixel.
Certamente, os fãs de roguelike irão apreciar Star Renegades. Não sei se os fãs de JRPGs tradicionais irão curtir muito o fato de ter que recomeçar várias vezes, afinal, esse é um gênero onde não há o costume de se perder experiência, dinheiro e itens coletados.
O que Star Renegades faz é quebrar um paradigma fortíssimo, já que acumular bens e “grindar” níveis acabam disputando com outras decisões a serem feitas.
No entanto, todos deveriam experimentar essa maneira tão diferente de jogar um RPG com batalhas de turno.Futuramente, ainda sem data exata, o jogo será lançado para PlayStation 4, Nintendo Switch e Xbox One. Quem sabe até lá não tenhamos alguma tradução?
Para saber mais, visite https://starrenegades.com ou confira a página do game no Steam.
Nota: 8.0/10
O melhor: Mescla gêneros e cria batalhas interessantes, criativas e tensas
O pior: A falta de localização pode afastar alguns jogadores
- A Raw Fury nos enviou uma cópia do jogo para este review