[Game] Análise – The Crew Motorfest

The Crew Motorfest é o terceiro jogo da franquia de corrida em mundo aberto da Ubisoft. Desenvolvido pelo estúdio Ivory Tower, ele chegou trazendo muitas novidades e melhorias em relação aos dois títulos anteriores, se tornando um grande lançamento de 2023.

Pensando em alcançar o maior público possível, a Ubisoft disponibilizou The Crew Motorfest tanto para PlayStation 5 e Xbox Series X|S como para os consoles da geração passada (PlayStation 4 e Xbox One). Também está disponível para PC via Epic Store e Ubisoft Store.

Desta vez, o amplo cenário dos Estados Unidos dos jogos anteriores foi deixado de lado, dando lugar a ilha de O’ahu, no Havaí. Nela os jogadores participam do Motorfest, um festival pensado para os entusiastas de automóveis. Trata-se de um mapa relativamente menor, porém, não significando um ponto negativo. Ele é bem construído, com grande variação de terrenos e pistas, além de possuir muito conteúdo para explorar.

Na verdade, por seu tamanho enxuto, é notável como houve um trabalho maior nos detalhes dos cenários, texturas e mesmo em variedade de construções e objetos. Uma das maiores reclamações do jogo anterior, The Crew 2, eram algumas partes do mapa com pouco detalhamento e a repetição de elementos. Felizmente, tudo isso foi superado em Motorfest.

As regiões do mapa são divididas por biomas bastante distintos, num total de oito. Contribuindo para a imersão e uma gameplay não enjoativa.

Como ainda estamos no primeiro mês de lançamento deste jogo, desconfio que futuramente novas ilhas do Havaí serão adicionadas ao mapa. Afinal, The Crew 2 continua até os dias de hoje recebendo atualizações e Motorfest também se propõe a ser um jogo vivo, com novidades constantes.

Você irá encontrar 3 tipos de experiência em Motorfest: as Playlists, as competições multiplayer e os desafios espalhados pelo mapa.

As Playlists são uma série de eventos que o jogador escolhe qual realizar. São temáticas e separadas por categorias. Podem ser listas de corrida tradicional, drift, carros vintage, de alguma marca específica.

E algumas tem visual bastante único, como a playlist Made In Japan, onde apenas carros japoneses disputam, indo desde circuitos e provas de drift até duelos em desfiladeiros. Tudo ambientado à noite e com iluminação neon, típica do estilo de street racing nipônico. Motorfest pode se passar no Havaí, mas ele constantemente tenta te ambientar em outros lugares.

Os primeiros minutos de gameplay fazem uma ótima apresentação, mostrando um pouquinho de tudo que o jogador irá encontrar. E claro, além dos carros e motos, os barcos e aviões retornam aqui. Ainda que aparentemente eles tenham menos destaque dessa vez.

Existem várias Playlists disponíveis até agora, porém, a Ubisoft se comprometeu a adicionar mais ao jogo nas próximas temporadas de conteúdo.

Sobre os desafios espalhados pelo mapa, são sete tipos. O jogador pode optar por realizá-los, conseguindo pontos de XP e dinheiro. Existe o desafio de ultrapassar a velocidade em radares, realizar certas acrobacias aéreas ou passar em lugares em baixa altitude, fazer slalom em certas pistas, entre outros.

Eles existem para passar o tempo entre uma corrida e outra. Mas me incomodou que alguns ativam automaticamente ao passar por sua marcação, isso pode tirar a atenção do jogador que tenha marcado algum outro objetivo no GPS do jogo.

Ainda não joguei muito o modo multiplayer de Motorfest, mas ele oferece 4 tipos de jogabilidade: Grand Race, Demolition Royale, Custom Show e Summit Contest. E o jogo resolve algo que era muito chato no jogo anterior. Em The Crew 2, não havia colisão nas corridas online. As pessoas que você competia eram como fantasmas na pista. Mas isso foi corrigido em Motorfest e você pode se chocar com seus adversários tranquilamente.

O modo Demolition Royale é um dos mais criativos e malucos. Você inicia com um avião, coleta upgrades e usa um carro para colidir com outros, tentando os destruir enquanto a área jogável do mapa vai diminuindo. Sim, é a versão motorizada de um jogo de battle royale.

A qualquer momento do jogo é possível trocar entre carro, barco e avião. Qualquer momento mesmo! Se estiver voando e mudar para um carro, ele ira cair dos céus até chegar ao chão. Numa pista você também pode mudar seu carro para um barco, ele só não conseguirá sair do lugar, então, não aconselho fazer isso.

Agora, um elemento importante que preciso ressaltar é a jogabilidade. Ela evoluiu muito em relação a The Crew 2. São controles com grande pegada arcade e você pode até mesmo configurar alguns detalhes para deixar tudo a seu gosto. Há também níveis de complexidade e dificuldade para serem ajustados. E existem opções de acessibilidade para tornar o jogo convidativo a todo tipo de jogador.

Havia algo que me irritava muito na jogabilidade de The Crew 2: o drift. Quando se entrava virando numa curva e acionava o freio de mão, o carro simplesmente parava de virar por uma fração de segundo antes de iniciar a derrapagem. Pode parecer pouco, mas era suficiente para algo dar errado como uma batida ou sair da pista. E isso valia para qualquer veículo, em qualquer configuração. Isso me forçava a usar apenas o freio comum, tornando as curvas menos divertidas de se fazer.

Agora em Motorfest, o drift funciona como deveria ser (e como é em qualquer outro jogo de corrida): a derrapagem inicia imediatamente ao se pressionar o botão. Tornando a jogabilidade muito mais intuitiva e os eventos de drift mais interessantes. Para mim, isso era algo tão importante a ser resolvido que foi a primeira coisa que testei durante o beta fechado de Motorfest (que ocorreu uns meses atrás).

O jogador tem mais de 600 veículos para colecionar. Entre eles alguns até mesmo são elétricos ou modelos conceito. E para quem já é jogador desta franquia, uma novidade muito bem-vinda foi adicionada: grande parte do seu acervo de carros de The Crew 2 pode ser importado para o Motorfest.

Basta que sua conta Ubisoft esteja habilitada nos dois jogos. E vale para qualquer versão. Eu passei 26 carros de The Crew 2 no meu save do PS4 para o Motorfest no Xbox Series. É realmente uma feature impressionante. E não obrigatória para quem não quiser fazer.

Os gráficos de Motorfest são um show à parte, tanto na geração atual como na passada. Ainda que exista diferença em qualidade de texturas e resolução. A direção artística trouxe uma estética bastante colorida e saturada, diferenciando de outros jogos do mesmo estilo como NFS Unbound ou Forza Horizon 5. Como dito anteriormente, o mapa menor possibilitou um detalhamento maior dos cenários e vemos muito mais elementos condensados do que em The Crew 2.

A navegação pelo mapa e GPS durante o modo livre é bem simples. Basta marcar algo no mapa e seguir. Existe até mesmo a navegadora Cara que pode te auxiliar. Porém, um ponto que considero negativo são os outros jogadores que passeiam pelo mapa. Neste modo eles não tem colisão e são ligeiramente transparentes, sendo o oposto do tráfego da cidade. Por conta disso, eu vivo confundindo sobre o que eu preciso ou não desviar, e sempre acabo batendo…

Se tinha algo que precisava ser melhorado em relação ao jogo anterior eram os gráficos dos carros. Embora tivessem boa modelagem, parecia faltar algo em relação a efeitos de reflexo, coloração, sombreado. Felizmente, isso são águas passadas. Motorfest realmente esbanja qualidade gráfica nesse quesito. Apresentando veículos muito bonitos, mesmo em seu interior. O único ponto fraco são os retrovisores super embaçados que quase não refletem nada em nenhuma das versões do jogo.

Testei o Motorfest num Series S, onde o desempenho geral é bom. Em raros momentos acontecem algumas quedas de framerate, mas o que mais me incomodou foi a falta de V-sync. É algo estranho de explicar, mas isso não acontece na tela toda.

Na metade da tela para baixo, não há nenhum problema, mas da metade para cima dá para ver que a imagem quebra. Em várias ocasiões o céu, montanhas ou árvores altas apareciam truncados. Talvez isso tenha sido uma tática para fazer o jogo rodar melhor neste console, mas acaba sendo um defeito que distrai a atenção e não dá para saber se será corrigido algum dia.

E falando em Series S, não há nenhuma opção de modos gráficos para priorizar resolução ou desempenho. Ao adquirir o jogo, fica disponível tanto a versão Series como One para baixar. Quando der, irei testar essa outra versão para ver como ela se comporta.

Motorfest está localizado em português com menus e legendas traduzidas, porém, sem dublagem. Esse foi um triste retrocesso em relação a The Crew 2 que é dublado. Digo isso pois o jogo é falado em inglês e nos diálogos que acontecem durante as corridas, não dá para ficar prestando atenção nas legendas. Quem não tem muito domínio do Inglês acaba perdendo parte da imersão e das informações faladas.

Quando Riders Republic foi lançado em 2021 sem dublagem achei estranho ele não estar no “Padrão Ubisoft”. Mas relevei por ser uma franquia nova. Só não esperava que eles também não iriam investir em num jogo novo de uma franquia consagrada como The Crew. Será que a dublagem virá posteriormente?

Conclusão

Mesmo com meus problemas pessoais com o drift de The Crew 2, dediquei muitas horas a ele. E agora com Motorfest sem esse defeito, certamente irei jogar ainda mais.

Por ter sido lançado há tão pouco tempo, é óbvio que Motorfest tenha menos conteúdo que o jogo anterior. Mas há muita coisa para ele vindo por aí. O que a Ubisoft nos entregou é bastante polido e uma base muito sólida para muitas atualizações.

Embora exista muitas comparações com Forza Horizon, por conta da temática “festival de corrida”, Motorfest tem muita personalidade e elementos únicos. Carros que podem usar nitro, barcos, aviões, jogabilidade 100% arcade, gráficos estilizados… Para donos de consoles PlayStation é a oportunidade de jogar um jogo nesse estilo, e para donos de Xbox é uma opção a mais. Ou seja, todo mundo sai ganhando.

Torço para que as atualizações consigam manter Motorfest interessante futuramente e que ela seja um sucesso. Pois é notável o quanto a equipe de desenvolvimento se empenhou em se superar em relação os jogos anteriores.