No dia 15 de outubro de 2020, o jogo Cloudpunk foi lançado para Xbox One, PS4 e Nintendo Switch. Anteriormente, ele havia sido lançado para PC no Steam em abril do mesmo ano.
A produção é da Ion Lands, publicado pela Merge Games e o port realizado pela Stage Clear Studios, segundo um tweet em sua conta oficial.
Cloudpunk é um adventure com temática cyberpunk extremamente imersivo e com gráficos bastante únicos. Ele foi todo desenhado em voxels, que seria a versão 3D dos pixels.
Aliado a uma estética diferenciada por conta da iluminação e exibindo muitos letreiros em cores neon, o jogo apresenta uma ótima ambientação.
Há também ótimos efeitos sonoros nos transportam para Nivalis, uma cidade futurista, cibernética e distópica. As músicas, cheias de synthwave, tocam sempre na hora certa, maximizando a experiência por toda a aventura, sejam em momentos críticos, de tensão, ou mesmo que você esteja apenas procurando um lugar para fazer uma refeição.
Rania é a personagem controlável. Ela começa o jogo conseguindo emprego numa empresa de entregas. Entregas essas que não são exatamente legalizadas.
Para realizar o serviço, Rania tem que seguir algumas regras como nunca perguntar o que tem dentro dos pacotes, o que pode ou não trazer problemas para ela no decorrer da aventura. Isso acontece porque existem algumas escolhas que devem ser feitas durante as missões, mudando a forma como elas terminam.
Nesses momentos, nunca fica muito claro sobre o que pode resultar cada escolha. E o jogador pode ser forçado a “dar um tiro no escuro”. Os mais dedicados, podem tentar uma segunda jogada para descobrir o que acontece ao escolher outra alternativa.
No início pode parecer somente um jogo de entregar pacotes, mas, não é bem assim. A história é bem instigante, te fazendo prosseguir para saber o que vai acontecer em seguida. Os diálogos falados são muito bons e conduzem bem a narrativa.
Na cidade existe todo tipo de pessoa, com as mais variadas personalidades e atitudes. Alguns nem tem, por serem androides, mas todos são bem escritos. Parece realmente um mundo vivo.
Existem lugares específicos para estacionar o veículo HOVA. Ele não pode tocar o chão, ficando sempre flutuando.
Vale a pena explorar e conversar mesmo com NPCs, o que pode liberar missões extras e desbloquear segredos pelo mapa.
A história com certeza é o ponto forte do jogo e graças à ótima tradução em português, qualquer um pode aproveitar.
Por tratar-se de uma cidade no topo de enormes arranha-céus, onde o solo nem pode ser visto, a locomoção se dá por carros voadores. Você é livre para voar para qualquer direção, no entanto, existem vias expressas onde os veículos podem atingir maiores velocidades.
Não há apenas um mapa gigantesco da cidade. Na verdade, são vários mapas interligados, separados por “portais”, momento onde o jogo pausa para um pequeno loading, nada que atrapalhe muito. Em todo caso, é impressionante como as entregas pedem quase sempre que se passe pelo menos em um portal para chegar ao destino.
Existem portais também nas áreas onde se anda a pé, que ligam uma parte da cidade a outra ou encurtam caminhadas longas (mas nesse caso, sem loading).
Em alguns momentos eu cheguei a me perder quando procurava como chegar em um objetivo, mas é preciso ficar atento a detalhes, passagens estreitas ou mesmo descobrir onde existem elevadores.
Voxels e luzes criam um ambiente bem convincente
Há um mapa em tela cheia que ajuda no processo de exploração, indicando rotas, portais e até mesmo onde você deixou o veículo estacionado (recurso que facilita muito em meio a tanto neon, letreiros enormes e outras distrações).
Estando à pé, é possível jogar com a câmera em terceira pessoa, porém, também pode-se manter a câmera fixa em pontos pré-determinados. Sinceramente, com a câmera livre é melhor para se movimentar e enxergar onde se está indo.
Testei a versão de PS4, no PS4 Pro e não tive problemas com bugs. Ainda assim é bem notável a queda de frame rate em alguns momentos. Certa vez, enquanto eu jogava, os textos e todo o hud sumiram. Pensei que tivesse sido algum problema, até descobrir que existe um botão para limpar a tela, provavelmente, pensado para quem quer tirar prints.
Por mais que seja bacana descobrir as histórias de Nivalis, o jogo pode se tornar cansativo a partir de algum momento. Afinal, a mecânica principal consiste em pegar um pacote num ponto e levar até outro, conhecendo mais uma parte do enredo no processo.
Além de decorar seu apartamento, o dinheiro que as missões rendem serve para comprar roupas, comida e abastecer seu Hova.
Cloudpunk acaba sendo recomendado para quem gosta de adventures e valoriza muito a narrativa. Explorando o jogo, você irá descobrir o motivo daquela cidade ser daquela maneira.
Irá ver algumas questões morais sendo questionadas, saberá porque existe tanta desigualdade entre alguns poucos poderosos e muitos que vivem na pobreza, entre outras coisas. Não posso reclamar sobre esse ponto, pois é muito bem conduzido.
Este pode não ser um jogo que agrade a todos, mas indico para quem está nessa vibe atual do cyberpunk.
- A Merge games nos forneceu uma cópia digital do jogo para PS4 para essa análise